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Regionalização ainda mantém acesa a chama da polémica

Debate em Santarém teve alguns momentos em que o verniz estalou
Uma dúzia de anos depois de ter sido chumbada pelo povo em referendo, a Regionalização continua a exacerbar ânimos e a suscitar acesas divergências. Apesar do tema não ser de momento uma prioridade da agenda política e não se prever grandes desenvolvimentos para os tempos mais próximos, o debate organizado terça-feira em Santarém pela Corrente de Opinião Socialista teve alguns episódios picarescos. Como o protagonizado pelo militante socialista de Salvaterra de Magos Joaquim Antão, que interrompeu a intervenção do líder distrital do PS, Paulo Fonseca, para pôr um “ponto de ordem à mesa” e reclamar em tom ríspido que a ordem de inscrições do público para falar não estava a ser respeitada. Uma intervenção que foi apoiada por outros elementos do público, fartos de ver que o microfone não saía da primeira fila da plateia do pequeno auditório do Centro Nacional de Exposições, onde pontificavam ilustres socialistas como os ex-deputados José Niza e Nelson Baltazar, a presidente da Câmara de Abrantes Céu Albuquerque, o secretário de Estado Rui Barreiro e Paulo Fonseca, que falaram todos de seguida. Paulo Fonseca “vingou-se” da desfeita e abandonou a sala quando Antão finalmente conseguiu ter a palavra.Também Salomé Rafael - ligada à organização do evento promovido pela corrente de opinião liderada por Fonseca Ferreira (ex-presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo) - deixou estalar o verniz ao insurgir-se contra a intervenção de um elemento da plateia que se manifestou frontalmente contra a Regionalização alegando que, entre outros aspectos, se poderia estar a criar mais um patamar de poder susceptível de alimentar a corrupção. “Não sei o que é que este está aqui a fazer? A chamar corruptos a um monte de gente…”, desabafou de forma bem audível a militante socialista de Salvaterra de Magos.Pequenos concelhos com os dias contados?Pelo meio repisaram-se os prós e os contras da Regionalização, ou não estivesse entre os oradores convidados um irmão da apresentadora televisiva Fátima Campos Ferreira. O deputado do PSD Luís Campos Ferreira esteve de acordo com o ministro socialista Jorge Lacão quando referiu que é fundamental um acordo, pelo menos, entre os dois maiores partidos acerca do modelo de Regionalização a submeter novamente a referendo. E que tudo seja bem explicado ao povo. Para que não se manifestem novamente clivagens profundas no país e o processo não volte a ser chumbado. Mas a posição do PSD, de uma Regionalização gradual, com a criação de uma região-piloto no Algarve, já não mereceu a concordância dos socialistas. Esse processo obrigaria a uma revisão constitucional, já que a lei fundamental prevê a Regionalização simultânea em todo o território.Na mesa estiveram também o administrador da Rodoviária do Tejo Orlando Ferreira, o administrador da EPAL Rui Godinho e o reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro. Todos concordaram que é necessária uma reforma administrativa do Estado, que deve passar pela Regionalização e também pela fusão de concelhos e freguesias e extinção dos governos civis. “Não é extinto um concelho ou uma freguesia desde 1855” – após a reforma administrativa liberal, que extinguiu mais de 400 concelhos - , exemplificou Orlando Ferreira, para elucidar que o actual modelo está obsoleto e desajustado da realidade, como referiu também João Guerreiro. Há freguesias de 250 habitantes a coabitar com freguesias com 50 mil habitantes no mesmo concelho, como acontece em Lisboa, notou Rui Godinho. Ou concelhos só com uma freguesia, como Entroncamento e Alpiarça, e outros com mais de 50 freguesias, como Viana do Castelo, destacou José Niza.

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