Espero que os organizadores das festas de Samora Correia tenham tomado as devidas providências para que as suas largadas de toiros estejam à altura das que se realizaram há semanas na sede de concelho. Como te deves recordar, em Benavente houve 29 feridos na festa da sardinha assada, pelo que é importante ultrapassar esse número em nome da afirmação da freguesia samorense no contexto concelhio e regional. Quem sabe se não está aí a chave para a ambicionada restauração do concelho. Parece-me um critério a ter em conta, pelo menos no Ribatejo. Concelho ribatejano que se preze deve ter largadas de toiros com tantas baixas como um atentado terrorista no Afeganistão. Confesso que me divirto com as notícias sobre o número de vítimas das marradas e compreendo o orgulho com que são transmitidas ao país pelas organizações das festas. É uma forma de atestar a virilidade e bravura dos toiros escolhidos, pois ninguém gosta de levar banhadas com cornúpetos mansos e abichanados. Além disso, tal como nos ralis do que mais gosto é dos despistes e estampanços, ou na patinagem no gelo dos bate-cus (para além das pernas das patinadoras), também nas largadas de toiros o que mais aprecio é as cornadas que os bichos vão distribuindo a quem apanham a jeito. Eu e muita gente! Por isso é que há tanta gente a assistir. É uma espécie de voyeurismo sádico dos tempos modernos, à falta de coliseus com cristãos e leões.Imarcescível Manel, não sei se já te apercebeste da dimensão da trapalhada das portagens nas SCUT, as auto-estradas sem custos para o utilizador inventadas por António Guterres. Uma das últimas trapagens foi a intenção do Governo de isentar do pagamento os habitantes de alguns concelhos que têm índices de poder de compra abaixo da média nacional. A peregrina ideia faria com que, por exemplo, os cidadãos de Abrantes ou Barquinha ficassem isentos do pagamento de portagens na A23, ao passo que os do Entroncamento tinham que pagar. Fantástico!Ou seja, segundo a anunciada política de discriminação positiva deste Governo no caso das SCUT - de que o ilustre abrantino Jorge Lacão tem sido um dos arautos -, um ministro ou um ex-autarca reformado que viva em Abrantes estaria isento de pagar portagens na A23, ao passo que um desempregado habitante no concelho do Entroncamento teria que pagar para passar na mesma auto-estrada. Ora aqui está um bom exemplo de justiça social, provavelmente inspirado nos ideais de Voltaire e Rousseau. Despeço-me com um viva a este socialismo à portuguesa e ao seu apurado sentido de liberdade, igualdade e fraternidade que honra os ideólogos da Revolução Francesa.Serafim das Neves