Em pequeno queria ser agricultor ou veterinário porque gostava muito do contacto com a natureza. O meu avô era advogado e o meu pai é advogado mas não tiveram influência directa na minha escolha. Só decidi ir para Direito no 12.º ano. Sempre tive mais vocação para Letras e ponderei ir estudar Filosofia ou História. Mas achei que o curso de Direito me permitia trabalhar em várias áreas, o que veio a confirmar-se. Esta diversidade é uma das vertentes mais interessantes desta profissão. Não temos rotinas nem um local fixo de trabalho.Um juiz é árbitro, um advogado é  um jogador. Podia escolher magistratura ou diplomacia mas decidi ser advogado no 5.º ano do curso. Na minha opinião, um juiz, um notário ou um conservador têm uma posição menos activa, pelo que o que pesou na minha decisão foi o poder jogar, o poder ter uma intervenção activa. Tanto posso estar a atender uma pessoa que está a tratar do divórcio como alguém que tem uma questão criminal para resolver. E tanto posso estar do lado da defesa como da acusação. Formei-me com 23 anos e decidi trabalhar como advogado em Torres Novas. Sou um advogado generalista. Se trabalhasse num grande centro urbano teria que me especializar numa determinada área de advocacia, enquanto se trabalhar na província posso dedicar-me a vários assuntos. Tenho um grande gosto pelo Direito do Ambiente porque sou um interessado em Ecologia e por isso, recentemente, fiz um Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza para me enriquecer não só em termos curriculares como pessoais. Trabalho cerca de dez horas por dia e, por vezes, levo trabalho para casa.Encontro as soluções para os meus casos nas mais diversas situações. A conduzir, a tomar banho ou até à noite. Não significa que fique obcecado pelo caso que estou a resolver. A ideia surge de uma forma natural. Considero muito interessante a parte em que tenho que definir uma estratégia e a linha de actuação para o caso desde o início até ao final. Este jogo de estratégia é interessante. Temos que defender os interesses do nosso cliente e contrariar os da parte contrária. No fundo, é um jogo de estratégia contra estratégia.O desporto transmite-nos ensinamentos importantes para o exercício da profissão. Na minha juventude fui federado de natação, fiz atletismo, pólo aquático e cheguei a participar no primeiro Campeonato de Triatlo que se realizou em Portugal. Por vezes faço uma analogia e considero que também a advocacia é uma forma de competição e de combate. O desporto ensina-nos a ganhar e a saber perder. Normalmente aceito a maioria dos casos. Só não aceito aqueles que, por algum motivo ético, não me deixam à vontade. Tenho um apelido invulgar. O nome Trincão tem raiz nas Lapas, Torres Novas. Quase todos são primos afastados. Também há alguns na Carregueira, Chamusca. Nunca investiguei a minha árvore genealógica, soube disto por conversas de família. Sou casado e tenho dois filhos, uma com 19 anos e outro com 16. Não tenho um lema de vida definido. Tento fazer mais e melhor a cada dia que passa. Sou uma pessoa positiva e acho que é sempre possível fazermos melhor.Gosto muito de correr ao fim-de-semana. Quando era jovem fiz muitas corridas e meias-maratonas. E gosto de natação. Tenho pena de não praticar mais. É um exercício que me relaxa bastante e me ajuda a respirar melhor. Por vezes dou um salto até às piscinas municipais de Torres Novas à hora de almoço. Como uma refeição leve e vou nadar. É a melhor hora porque temos a piscina só para nós. Gosto de música e toco guitarra clássica. Gosto de ler, ver exposições de arte e de cinema. E gosto muito de viajar, seja cá dentro ou lá fora. Sou adepto de computadores mas apenas na óptica do utilizador. Considero o telemóvel uma ferramenta essencial de trabalho. Nas férias reencaminho as chamadas do telefone do escritório e, normalmente, dou o meu número a toda a gente.