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O dia-a-dia entre pratos, tractores e computadores

O dia-a-dia entre pratos, tractores e computadores

Nuno Inácio é sócio de um restaurante, trabalha na agro-pecuária e ainda tem tempo para a consultoria financeira

Nos tempos mais mortos, Nuno Inácio dedica-se à actividade mais recente: é consultor financeiro de uma agência sedeada em Alverca.Ricardo Carreira

São 10h30 de segunda-feira e Nuno Inácio come uma sandes e bebe um sumo. Está no café O Chicote, em Arneiro dos Borralhos, freguesia de Achete, concelho de Santarém. O dia vai ser agitado e completo ou o nome da casa não desse ainda guarida a um restaurante e um mini-mercado. Nuno Inácio, 31 anos, trabalha nos três. O negócio é de família, em conjunto com o pai, Fernando Inácio, e a mãe, Maria de Fátima.Nuno trabalha desde os 21 anos no restaurante. Entrou assim que concluiu a tropa em 2000, mas antes ajudou a família a servir às mesas. O café já era do bisavô. Vendia pão e petiscos mas a família pensou em dar um passo em frente e abrir uma sala de restaurante ao lado. Já lá vão 11 anos.Nuno Inácio não quis prosseguir os estudos. Ficou-se pelo ensino secundário porque não tinha vocação para estudar, apesar de ter sonhado ser veterinário. Realidade que chegou a cumprir inatamente e por pura experiência de campo, quando tinha de ajudar a criar mais de cem cabeças de gado e ajudar na agricultura. O gosto por aquelas actividades foi-se arreigando e actualmente o empresário encara-as com naturalidade. Se não está no restaurante, atende o público no café. Se é preciso ir ao mini-mercado é só atravessar uma porta. Se o pai e dois funcionários assegurarem o restaurante, vai trabalhar na terra ou cuidar do gado. Não há horários rígidos.Pega no tractor, trabalha nos campos na produção de trigo, girassol e aveia, que se situam nas traseiras do restaurante ou noutros terrenos de lugares limítrofes. Recolhe e empilha em armazéns feno e palha para os animais.Actualmente, Nuno Inácio possui 30 vacas de carne que fornecem o restaurante. Passam pelo matadouro, pelo talho e regressam às origens para o prato. O dia-a-dia no contacto com o público no restaurante, café e mini-mercado fê-lo esquecer o sonho de ser veterinário e considera que tem vocação para seguir o negócio de família. “Costumo dizer que tenho 31 anos de idade e 32 de sala, quando andava na barriga da mãe”, recorda. Nos tempos mais mortos, como à quarta-feira, dia de folga no restaurante, Nuno Inácio dedica-se à actividade mais recente: é consultor financeiro de uma agência sedeada em Alverca. “É mais um part-time. Em conversa com um amigo, ele convenceu-me a ser consultor e encontrar as melhores soluções para os clientes juntos dos bancos, seja créditos à habitação, ao consumo, pessoais e na revisão de créditos”, explica Nuno Inácio. Trabalha essencialmente ao computador, em casa, mas também se desloca algumas vezes a Alverca e tem como missão falar com gerentes de bancos para encontrar as melhores soluções para os clientes.A relação com o público é algo que Nuno Inácio preserva. Reconhece que no negócio da restauração se travam muitos conhecimentos e amizades. Às vezes acontecem episódios, uns agradáveis, outros menos. “Há pouco tempo tive de convidar um cliente a sair do restaurante. Foi a primeira vez. Chegou com um amigo já tarde, a cozinheira fez de propósito uma dose de bife. A determinada altura começou a fumar sem autorização. Avisei-o que não podia e pouco depois já estava com outro cigarro na mão. À saída o amigo pediu-me desculpa pelo comportamento do colega”, recorda Nuno.Situações positivas acontecem a maioria das vezes. Como a do grupo de seis amigos quarentões da zona de Leiria que não parava de comer. “Era o borrego que ia para a mesa e passado pouco tempo já queriam jaquinzinhos. Depois naco à lagareiro, melão, café. A determinada altura a salada não chegava e tive de colocar uma saladeira enorme na mesa”, diz com um sorriso.Fora do trabalho, Nuno Inácio gosta de aproveitar as horas livres para estar e passear com a mulher Diana e a filha de um mês Laura. De vez em quando põe futeboladas em dia com amigos e às quartas, dia de folga, vai de vez em quando ver jogos do Sporting para a Taça de Portugal ou competições europeias, se é caso disso.Nuno Inácio diz que não tem outro objectivo profissional que não seja ser patrão de si mesmo. Quer continuar a gerir o restaurante com o pai, seja a servir às mesas, como a fazer as contas. Diz que o sucesso da casa passa pelo núcleo familiar, todos são o seu contributo no trabalho diário.
O dia-a-dia entre pratos, tractores e computadores

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