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Escalabitanos entre a indignação e a resignação perante o estacionamento pago

O MIRANTE foi ouvir moradores e trabalhadores no centro da cidade

A concessão a uma empresa privada do estacionamento à superfície numa zona alargada do centro de Santarém está a causar contestação entre a população, que passa a ter de pagar para deixar o carro à porta de casa. Os primeiros ecos de indignação já se fizeram ouvir na câmara municipal. O MIRANTE foi ouvir o que os escalabitanos têm a dizer sobre uma medida que vai entrar brevemente em vigor e lhes vai mexer nas carteiras.

José Simões, 61 anos, comerciante, Santarém“Estacionamento deve ser regulamentado”José Simões diz que “ainda” não tem uma opinião bem formada sobre o assunto, mas considera que “de certo” vai trazer problemas aos comerciantes do centro histórico. “Vai deixar de se poder estacionar apenas por alguns minutos e não vai ser permitido parar com a facilidade que ainda se consegue fazer”, refere.O comerciante considera a decisão da câmara de cobrar “praticamente todos” os parques do centro da cidade “exagerada”. O estacionamento deve ser regulamentado, mas devia ser de acordo com a opinião dos comerciantes. “Eu preciso de estacionar perto da loja por imperativos da minha actividade profissional e não vou poder fazê-lo. Tenho que pagar para ter o automóvel perto da loja, mas com certeza que nem sempre vou ter lugar. Vai ser complicado e acho que as pessoas ainda não se aperceberam bem de como isto vai prejudicar a vida dos comerciantes do centro da cidade”, conclui.Pedro Gonçalves, 40 anos, empresário de restauração, Santarém“O mínimo que deviam fazer era informar-nos”Pedro Gonçalves afirma que o “único” conhecimento que tem dos parques pagos no centro da cidade é das “obras que estão à vista”. “Vejo as marcas delimitadoras do espaço para estacionar no chão e as máquinas para pagar o parque, mas ninguém nos informou de nada. Se vamos ser afectados com esta situação, o mínimo que deviam fazer era informar-nos” refere.O empresário diz que “só o tempo dirá” se os comerciantes vão ser afectados, mas tem consciência que esta é uma medida prejudicial para os vendedores do centro da cidade. “Todas as pessoas se queixam e aquelas que paravam aqui para tomar café ou almoçar rapidamente, se calhar vão deixar de o fazer porque não querem pagar estacionamento nem ser multados por causa de dez minutos ou meia hora”, considera, acrescentando que os escalabitanos vão ser “ainda mais sobrecarregados” com a medida da autarquia.Justino Domingos, 89 anos, reformado, Santarém“É exploração a mais”Justino Domingos está “bastante” descontente com a colocação de parqueamento pago por, praticamente, todo o centro histórico de Santarém. Na sua opinião, os escalabitanos e todas as pessoas que precisam de se deslocar à cidade estão a ser “explorados”. “É exploração demais para este pedacinho de terra que aqui está”, refere.O reformado diz ainda que esta situação vai retirar ainda mais pessoas do centro histórico o que “mata” ainda mais o comércio. “Os nossos governantes deviam era puxar as pessoas para o centro e não tirá-las como estão a fazer. É por isso que o comércio está moribundo. Se têm que pagar para estacionar os carros, as pessoas vão à procura de locais onde não tenham que gastar dinheiro”, lamenta, acrescentando que só junto à sua porta, na zona de Marvila, existem três máquinas para pagamento do estacionamento. “São parques a mais”, diz.Elvira Lopes, 65 anos, doméstica, Santarém“É o preço que pagamos pelo modernismo”Elvira Lopes não tinha conhecimento que os parques de estacionamento colocados num raio de 500 metros em redor do Jardim da Liberdade, em Santarém, passam a ser pagos. A doméstica concorda com a medida implementada pela autarquia. “Já estamos a usufruir de um bem que foi criado para todos podermos utilizar e desfrutar que é o Jardim da Liberdade. Não podemos querer que tudo seja de borla. As coisas são construídas e tudo tem um custo”, afirma.Elvira Lopes considera que o município de Santarém tem “pouco dinheiro” e que esta é uma forma de “obter receitas”. “Para existirem benefícios para a população tem que haver custos. Ninguém gosta de ter que pagar, sobretudo os moradores e os comerciantes, mas é o preço que pagamos pelo modernismo”, reflecte, acrescentando que “não acredita” que esta medida vá tirar visitantes ao centro histórico.Orlando Cadima, 44 anos, empresário, Santarém“Pessoas vão ter que encontrar alternativas”Orlando Cadima ainda não tinha conhecimento da totalidade do espaço que vai ser afectado pelo parqueamento pago no centro da cidade de Santarém. Para o empresário a principal preocupação das pessoas que todos os dias necessitam de se deslocar para o centro da cidade está relacionada com as despesas adicionais que vão ter que suportar. “As pessoas vão ter que encontrar alternativas como utilizarem os transportes públicos, por exemplo, ou juntarem-se e virem várias na mesma viatura”, refere.Para Orlando Cadima, o facto da câmara ter tomado esta decisão é porque “devem existir problemas de tesouraria” que leva o município a avançar com esta medida. “São razões compreensivas”, diz. O empresário considera ainda que o parqueamento pago não vai retirar pessoas ao centro histórico da cidade. José Coelho, 53 anos, empresário de construção civil, Várzea“Se queremos usufruir das coisas temos que pagar”José Coelho tem conhecimento que a maior parte dos parques de estacionamento da cidade de Santarém vão ser pagos em breve. O empresário da construção civil não concorda com a medida, mas reconhece que são os contribuintes que têm que pagar a despesa. “Se queremos usufruir das coisas temos que pagar. Havia de ser tudo gratuito, mas sabemos que isso não é possível. Se queremos as coisas temos que as pagar”.O também presidente da Junta de Freguesia da Várzea considera que o centro histórico vai ficar “vazio, mais cedo ou mais tarde”, mas que isso se deve a uma política existente há vários anos. “Os governantes preferem criar grandes superfícies comerciais o que faz com que as pessoas, infelizmente, não precisem de ir ao centro histórico. Esta zona tem que ser estimulada”, observa.

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