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A zona industrial de Azambuja não pode ser um baldio logístico

A zona industrial de Azambuja não pode ser um baldio logístico

Empresários deram sugestões em sessão pública sobre o plano estratégico do concelho

A sessão pública para debater o Plano Estratégico de Azambuja, que está a ser elaborado pelo gabinete de Augusto Mateus, foi pretexto para os empresários deixarem sugestões e novas perspectivas sobre o desenvolvimento do concelho.

“Azambuja não pode ser um baldio logístico como muitos que existem no país”. O alerta foi feito pelo director em Portugal da empresa multinacional de transportes DHL. José da Costa Faria foi um dos oradores que participaram na quinta-feira, 23 de Setembro, na sessão pública de discussão do Plano Estratégico de Azambuja, um documento que está a ser elaborado pela equipa do economista Augusto Mateus.O debate, que decorreu no auditório municipal do Páteo do Valverde, durou cerca de quatro horas e reuniu empresários do concelho, sobretudo da área da logística.José da Costa Faria apropriou-se do termo “baldio logístico” - de que confessou não gostar - para agitar consciências no debate sobre o desenvolvimento do concelho. O empresário considera que Azambuja nunca será uma zona premium [de excelência] para a área logística, mas lembra que o concelho precisa de garantir qualidade e assegurar que os bons clientes que existem nas imediações permanecem. A expressão “baldios logísticos” foi criticada pelo presidente do grupo TuriProjecto, José António Carmo: “Há bons terrenos agrícolas que estão a ser transformados à força em terrenos industriais”, atirou. O empresário do grupo - que está a desenvolver um mega investimento de logística nos antigos terrenos da Opel - referia-se à construção da vizinha Plataforma Logística da Castanheira do Ribatejo, empreendimento que levou o Governo a autorizar a título excepcional a desafectação de terrenos de REN (Reserva Ecológica Nacional) e RAN (Reserva Agrícola Nacional). “Com ou sem baldios temos conseguido fazer alguma coisa na zona”, conclui José António Carmo.O economista Augusto Mateus, que está a liderar o estudo, também não aprovou o termo “baldio logístico” para o caso de Azambuja, preferindo antes dizer que o único problema foi que as actividades de logística cresceram espontaneamente ao longo da Estrada Nacional 3, ressalvando no entanto que o município já tem o mais difícil: “um conjunto de grandes operadores”.Como solução para o problema da falta de ordenamento o especialista defende a construção de uma variante à nacional 3 – projecto estruturante para o desenvolvimento do concelho – que possibilitará “isolar” depois a zona. O presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Joaquim Ramos (PS), fez questão de sublinhar que a autarquia já iniciou a construção de uma estrada por detrás dos armazéns da zona industrial de Azambuja, em colaboração com os empresários que ali se têm instalado, construindo assim uma via alternativa à já saturada EN3.A lezíria ali tão perto A lezíria ocupa uma área significativa do concelho de Azambuja, mas ainda assim é um sector secundário aos olhos de investidores e governantes. O alerta foi feito pelo secretário-geral da Associação de Comércio Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA), Daniel Claro, durante a última sessão pública de discussão do Plano Estratégico de Azambuja. “Parece que foi criada uma barreira para lá da linha de caminho de ferro”, ironizou. O responsável mostrou ainda dúvidas face à estratégia da logística para o concelho, tendo em conta os riscos da mono-actividade. Um cenário que os empresários do sector depressa desfizeram lembrando que mais voláteis são negócios como o do ramo automóvel.Hermínio Martinho, que deixou o seu testemunho nas sessões públicas do Plano de Estratégico de Azambuja, em nome da empresa Agrovia, fez questão de lembrar a riqueza da zona rural do concelho. “Há quatro décadas vi trabalhar no campo de Azambuja a primeira máquina de vindimar”, recordou, lembrando que ali também viu serem aplicados tratamentos fitossanitários, inovadores à época, por intermédio do pai e avô sempre ligados à agricultura. Apesar das dificuldades que o sector enfrenta Hermínio Martinho considera que o concelho deve valorizar o facto de ter na sua terra vinhos premiados a nível nacional, como nunca conseguiram algumas casas agrícolas.Aveiras de Cima vai tornar-se a capital empresarial do concelhoA freguesia de Aveiras de Cima tem fortes possibilidades de tornar-se na capital económica do concelho de Azambuja. Quem o diz é o secretário-geral da Associação de Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA), Daniel Claro, um dos oradores na sessão pública de discussão do Plano Estratégico de Azambuja. Daniel Claro diz que o comércio de Azambuja sofre com a proximidade a Lisboa que permite que em 20 minutos um habitante daquela vila, que viaje de comboio, aceda directamente num dos grandes centros comerciais da capital. O comércio local, por seu lado, acomodou-se à situação. “É uma pescadinha de rabo na boca. O comércio local não investe porque não tem clientes. Não tem clientes porque não investe”, analisou. A vantagem financeira de Aveiras de Cima face à freguesia de Azambuja, sede de concelho, foi confirmada pelo presidente da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja, Francisco Silva, que da plateia garantiu que a delegação daquela freguesia está a ganhar terreno ao balcão sede.Francisco Silva aproveitou ainda para lembrar a necessidade de criar parques que acolham pequenas e médias empresas e que sirvam também para dar alguma vitalidade económica ao concelho.Administrador da Sonae sugere criação de nova centralidade em AzambujaO administrador da Sonae Distribuição, Manuel Fontoura - responsável de uma das grandes plataformas logísticas instaladas em Azambuja - sugeriu como oportunidade de desenvolvimento para o concelho a criação de uma nova centralidade, à semelhança do que já aconteceu em cidades de outros países.A ideia, que admitiu ser um pouco idealista, foi lançada durante a sessão pública de discussão do Plano Estratégico de Azambuja, que decorreu na tarde de quinta-feira, no auditório municipal do Páteo do Valverde. Manuel Fontoura falou na possibilidade de criar-se uma nova centralidade com habitação a baixos custos, uma política de incentivo à natalidade, escolas, espaços verdes, desportivos de cultura e serviços. O responsável lembrou ainda a importância de aproveitar a proximidade do Rio, a ferrovia e as estradas, potenciando a criação de nós intermodais.A duplicação das faixas na Estrada Nacional 3, projecto já apresentado pela Câmara Municipal de Azambuja, bem como a criação de áreas de apoio (como aconteceu com a zona criada para estacionamento de camiões que transportam tomate à indústria de transformação) foram outras das sugestões deixadas. A promoção de convívios de empresas de prestação de serviços e o estabelecimento de parcerias entre a câmara e as empresas também se revestem de extrema importância.Como fraquezas da zona o empresário aponta a dificuldade em recrutar pessoal, o facto de muitos trabalhadores morarem fora do concelho, uma rede de transportes públicos desajustada, bem como baixa oferta de habitação e equipamentos e uma sobrelotada Estrada Nacional 3.A possibilidade de algumas empresas poderem deslocalizar a produção, como aconteceu com a fábrica Opel, é vista por Manuel Fontoura como uma das ameaças ao desenvolvimento do concelho.
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