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Problemas da saúde no concelho de Azambuja geram discussão na assembleia municipal

Problemas da saúde no concelho de Azambuja geram discussão na assembleia municipal

Ânimos dos deputados exaltaram-se e a oposição chegou a pedir a demissão de Luís de Sousa

A Assembleia Municipal de Azambuja debateu o estado da saúde no concelho e a sessão aqueceu com várias acusações entre oposição e poder que culminaram com um pedido de demissão do vice-presidente do executivo, Luís de Sousa, responsável pelo pelouro da saúde. Muitos lamentaram que a sessão tenha sido “mais política do que prática”.

A Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra (PSD/CDS-PP/MPT/PPM) desafiou, na última assembleia municipal de Azambuja, realizada na noite de 22 de Setembro, quarta-feira, nos Paços do Concelho, o vice-presidente do executivo da Câmara Municipal da Azambuja, Luís de Sousa, a demitir-se do cargo de responsável pelo pelouro da saúde no concelho.Em debate estava o estado da saúde no concelho da Azambuja, que tem hoje 1 980 utentes sem médico. O pedido de demissão acabou por ser o culminar de uma troca de acusações entre as bancadas da oposição e do poder. Os deputados de direita acusaram Luís de Sousa de não ter “energia, rasgo e imaginação” para mudar o estado da saúde no concelho e pediram que se afastasse da pasta da saúde. Os socialistas acusaram os rivais de transformar um “debate sério” num evento “político”.“Como pode o vice-presidente, responsável pelo pelouro da saúde há 10 anos, fingir que está tudo bem e ignorar esta dura realidade? Não será tempo do senhor fazer mais uma mudança [desfiliou-se do PSD] na sua vida como aquela que fez há 10 anos e largar esta responsabilidade para que a saúde mude no concelho?”, desafiou o médico António Godinho, da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra. “A realidade do concelho nada tem a ver com a fantasia que o senhor teima em nos querer fazer acreditar. O número de utentes sem médico de família é assustador e continua a crescer”, acrescentou o deputado municipal.Na resposta Luís de Sousa garantiu que não se irá demitir. “Estejam descansados que não o farei”, acrescentando que conta com a preferência dos eleitores. Acabaria por ser o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Ramos, a dar o último remate nas hostilidades.“Os senhores fizeram um exercício de manipulação, que pretende transformar um debate sério num ataque cerrado à figura do vice-presidente”, afirmou. O debate contou com a presença do director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Ribatejo (ACES), Carlos Ferreira, que informou os deputados da existência de quase 1980 utentes sem médico no concelho de Azambuja. Valores bem distantes dos apontados pela coligação, que chegou a falar em 5000 utentes. Por isso mesmo chegaram a ser trocadas acusações de falta de seriedade entre os deputados e aquele responsável, que acabaria por confessar estar “zangado” com aquilo que considerou “faltas de educação” por parte dos deputados da Azambuja. “Tenho estado bem disposto até há pouco tempo, mas também me zango. Fui convidado para vir aqui fazer uma apresentação e para não mais do que isso. Recebi um ofício para estar aqui às 20h00, num dia em que faço anos de casado, e pensava que estava aqui para falar de como se revolvem problemas de saúde e não para ser afrontado com faltas de educação que não admito a ninguém”, criticou.Foi Daniel Claro, deputado do Bloco de Esquerda, que acabou por concluir que a sessão “de pouco ou nada serviu” a população. “Este foi um exercício falhado. Vamos sair daqui na mesma. A realidade é que passámos aqui uma hora a fazer acusações em lugar de aferir responsabilidades e elencar soluções. Fizemos disto um jogo político e não mais do que isso e vamos chegar ao fim com tudo na mesma”, lamentou.Director do ACES garante que situação em Azambuja não é dramáticaO director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Ribatejo, Carlos Ferreira, informou na última assembleia municipal de Azambuja que a situação da falta de médicos no concelho não é dramática. A questão foi debatida em assembleia no seguimento da notícia de O MIRANTE que dava conta da aposentação de dois clínicos no concelho, que a verificar-se poderia deixar milhares de utentes sem acompanhamento. Perante os deputados o responsável afastou esse cenário. “Já tive uma primeira reunião com os médicos que estão nessa situação e já se mostraram disponíveis para continuar a colaborar numa situação que tem enquadramento legal. Vão estar comigo novamente para acertar pormenores. O que quer dizer que a população vai poder continuar a contar com os mesmos profissionais”, esclareceu Carlos Ferreira.“A situação mais complicada é em Manique do Intendente, onde temos 2078 utentes inscritos e 524 não têm médico de família desde o dia 1 de Agosto. Também a totalidade da população de Vale do Paraíso está sem médico de família. Está já proposta a contratação de uma profissional para começar a trabalhar mais dois dias por semana em Alcoentre, mais um dia em Manique do Intendente e mais dois dias em Vale do Paraíso. Estou à espera que me chegue o despacho a autorizar”, informou.
Problemas da saúde no concelho de Azambuja geram discussão na assembleia municipal

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