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A terapeuta da fala que desde menina sonhava trabalhar com crianças

A terapeuta da fala que desde menina sonhava trabalhar com crianças

Inês Mendes realizou desejo e é directora da clínica Era Uma Vez em Santarém

A maioria das pessoas ainda desconhece o verdadeiro trabalho de um terapeuta da fala, embora exista cada vez mais procura destes técnicos especializados.

Desde criança que o sonho de Inês Mendes era trabalhar com os mais pequenos por isso não foi de estranhar que se tenha licenciado em Terapia da Fala. Um mundo com muitas coisas ainda por descobrir, reflecte. Aos 26 anos, Inês Mendes divide-se entre o Hospital da Ordem Terceira, os Serviços Sociais da Câmara de Lisboa, na capital, e a clínica Era Uma Vez, em Santarém, onde é directora clínica. Um projecto iniciado há cerca de dois anos e meio e que “tem dado os seus frutos”. No meio de tantas actividades sobra-lhe pouco tempo para lazer, mas isso é algo que não a incomoda uma vez que, garante, “adora o que faz”.Para Inês Mendes, a maioria das pessoas ainda desconhece o verdadeiro trabalho de um terapeuta da fala, embora exista cada vez mais procura destes técnicos especializados em problemas da fala. Não são só os mais novos a necessitarem, os adultos podem ultrapassar diversos problemas de saúde realizando sessões de terapia da fala. Pessoas que tenham sofrido traumatismos cranianos ou Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), e que fiquem com a fala e a linguagem afectadas podem ultrapassar essas dificuldades recorrendo a esta especialidade. “É impressionante o número de pessoas que sofrem AVC e desconhecem o papel crucial que a terapia da fala desempenha na sua recuperação. Estas pessoas, quando não acompanhadas, tendem a render-se à doença”.A terapeuta da fala refere o papel fundamental que desempenha no controlo das patologias vocais. Estas traduzem-se em rouquidão, cansaço, durante ou no final do discurso, perda de voz, entre outras. Um episódio de rouquidão repetido frequentemente ou por um período superior a dez dias é, normalmente, indicador da necessidade de terapia da fala. A incorrecta utilização da voz, bem como alguns factores externos, condicionam muitas vezes o aparecimento de pólipos ou nódulos vocais.Apesar de haver um grande número de adultos a recorrer à sua actividade profissional, são “sem dúvida” as crianças as suas principais pacientes. São várias as causas que levam os mais novos às consultas de Inês Mendes. A terapeuta refere que muitos pais têm dúvidas de qual é o momento, ou a idade certa, para procurar o terapeuta da fala. “O importante é não esperar para avaliar, uma vez que a detecção precoce de qualquer dificuldade facilita muito a reabilitação”, diz.Apesar do pediatra ou do médico de família encaminharem as crianças para a terapia da fala, existem alguns sinais que devem alertar os pais. “É importante ter atenção a eventuais atrasos de linguagem logo a partir dos seis meses de vida, altura em que os bebés devem compreender algumas ordens simples e emitir alguns sons. Aos dois anos é importante verificar se a criança já se expressa verbalmente com facilidade sem ser necessário recorrer a gestos. Aos três anos podem surgir outros sinais de alerta, como a dificuldade em produzir frases completas e compreender ordens e pedidos. Por volta dos quatro anos, os sinais mais comuns manifestam-se pela dificuldade em articular os sons correctamente”, explica. Se o seu filho demonstra um destes “sinais” deve, segundo a terapeuta, procurar um profissional da fala para o ajudar a ultrapassar essas patologias.De acordo com a terapeuta da fala é “muito comum” as crianças entre os dois e os quatro anos passarem por uma fase de gaguez que é recorrente da aquisição da linguagem. É uma gaguez fisiológica e acontece aos meninos que já adquiriram muito vocabulário e que, por quererem contar as suas histórias muito depressa, têm bloqueios no seu discurso. “Nestes casos, os pais devem estar atentos a esta gaguez pois se o problema persistir por mais de 6 meses devem contactar um terapeuta da fala”.Para Inês Mendes, o que mais a seduz é ter um “vasto” leque de intervenção, tanto no tipo de patologias como nas idades dos pacientes, o que “limita a monotonia” que qualquer profissão tende a ter. “É gratificante, quando as crianças vêm propositadamente à clínica dizerem-me, entusiasmadas, que já conseguem pronunciar os novos sons normalmente. “Crianças com boas habilidades comunicativas são geralmente mais seguras e felizes”.
A terapeuta da fala que desde menina sonhava trabalhar com crianças

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