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Não há pecado no casamento de jornalismo com marketing

Jornalista brasileiro Rogério Beidacki contactou com o distrito a convite de O MIRANTE

Rogério Beidacki, um jornalista brasileiro que esteve recentemente no distrito de Santarém a convite de O MIRANTE diz que não há qualquer pecado num casamento entre jornalismo e marketing e justifica o enlace com a necessidade cada vez mais premente do surgimento de publicações especializadas. Para que não se façam leituras apressadas convém esclarecer desde já que Beidacki é pela verdade e contra o sensacionalismo.

Um texto jornalístico pode ser uma forma de marketing? Rogério Beidacki, jornalista brasileiro, não tem dúvidas em dizer que sim. E explica: “Se numa peça jornalística se evidenciarem as qualidades do vinho da região de Santarém, está-se a ajudar a divulgar o que há de melhor. Está-se a dizer às pessoas que esse vinho é bom e que deve ser consumido”.Falando para alunos da disciplina de marketing do Instituto Politécnico de Tomar, no decorrer de uma estadia no distrito a convite de O MIRANTE, com a colaboração da Região de Turismo dos Templários, o profissional de comunicação do país irmão foi polémico ao defender que não existem conflitos entre marketing e jornalismo desde que a verdade seja respeitada.Formado há 15 anos numa das mais importantes faculdades de jornalismo do Brasil, Rogério Beidacki especializou-se no tratamento de questões de saúde e hoje é solicitado por muitas instituições que pretendem divulgar conhecimentos científicos nesta área. Sobre essa dupla função, não permitida em Portugal, refere: “é um casamento muito interessante porque se divulgam iniciativas utilizando o jornalismo como apoio. Acho que um jornalista não deve ter vergonha de fazer uma boa reportagem sobre o que seja. Porque é que não se pode fazer determinada matéria, que é importante para determinada instituição, mas que também é importante para o público em geral?”, questiona.Rogério Beidacki tem 37 anos, reside em Porto Alegre e tem colaborado com algumas publicações no Brasil e em Portugal, nomeadamente com O MIRANTE. Tem sido responsável pela reestruturação da comunicação interna de alguns hospitais brasileiros, foi fundador de várias publicações sobre saúde, responsável pela edição de jornais e revistas de empresas e de profissionais da área da saúde e foi editor-chefe do primeiro programa diário de televisão por cabo, virado para as questões da medicina.Quanto ao futuro da comunicação social, Beidacki é peremptório ao dizer que se vai acentuar a tendência para a especialização. “Não vai ser possível continuar a encontrar matérias sensacionalistas e trabalhos mais sérios no mesmo jornal. Nem isso é bom. É por isso que estão a aparecer cada vez mais publicações voltadas para uma única área. O fenómeno começou com os jornais desportivos e vai alargar-se a todas as áreas.”, defende.O jornalista brasileiro já não visitava o nosso país há doze anos e diz ter ficado surpreendido com o crescimento da imprensa portuguesa e com o aumento da qualidade. A maior diferença em relação ao Brasil diz residir na forma como as notícias são tratadas. “No Brasil o ritmo de vida é muito intenso e as pessoas não têm tempo para ler. Os textos dos jornais são curtos e só contêm a informação básica. Os jornalistas não têm possibilidade de aprofundar determinados assuntos. Em Portugal os jornais publicam textos longos e bem fundamentados. Para além de informar cumprem um importante papel de formação das pessoas”, diz.A falta de tempo acaba por ser, segundo Beidacki, uma das contingências do jornalismo actual. “A pressão do fecho do jornal é uma questão que se está a viver em todo o mundo. Há uma necessidade de sair com as matérias e muitas das vezes não há tempo para colher mais alguns pormenores, nem para melhorar o texto”, uma situação que leva ao “crescimento dos jornais sensacionalistas”, com prejuízo para a informação e para a formação dos cidadãos, “porque os jornais acabam muitas vezes por ser mais importantes que a própria escola”.Entrevista publicada na edição de 24 de Abril de 2002

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