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A crise é a crise e não há feira que não a sinta

A crise é a crise e não há feira que não a sinta

A Expo-Cartaxo e a Feira dos Santos animam o Cartaxo entre 28 de Outubro e 2 de Novembro mas não fazem esquecer as dificuldades. O MIRANTE foi ouvir alguns dos que gostando mais ou menos dos eventos, não se esquecem de ir comprar frutos secos ou ver o ambiente no Campo da Feira.

“Situação económica do Cartaxo é catastrófica” José João Pessoa, 52 anos, técnico de contabilidade, Cartaxo“A situação é catastrófica”, declara José João Pessoa. Para o técnico de contabilidade a culpa é da conjuntura internacional mas principalmente da instalação de grandes superfícies comerciais e da profusão de lojas chinesas que contribuíram para acabar com um comércio tradicional que tinha bastante força. “Os comerciantes não conseguem apresentar preços tão competitivos”, garante José João Pessoa.Sobre a Expo-Cartaxo pensa que ambas eram mais reais há alguns anos e que se tem vindo a degradar a representatividade do Cartaxo na mostra económica de empresas. A Feira dos Santos também já teve outra chama e José João Pessoa considera que quando os vendedores se espalhavam até à rua Prof. Manuel Bernardo das Neves tinha outro impacto e dimensão que se vem perdendo. “Nessa altura gostava eu dos carrinhos de choque e do poço da morte. Hoje vou mais à feira para comprar nozes e castanha assada”, revela. “O Cartaxo precisa de um centro comercial ao ar livre”Veladimiro Elvas, 59 anos, zoófilo, Azambuja A economia do Cartaxo devia ser reconvertida. A zona industrial que existe está deslocada e com maus acessos. Há zonas empresariais por construir. Quem pensa assim é Veladmiro Elvas, que questiona: “No Cartaxo as novas acessibilidades contribuíram mais para fazer sair do que para atrair investimentos e pessoas. Quantos franchisings existem na cidade? Precisamos de um centro comercial ao ar livre, como fazem em Espanha, fechando a rua Batalhoz ao trânsito e cobrindo as ruas com lonas”, sugere o zoófilo. Veladimiro Elvas nunca foi adepto da Feira dos Santos, onde só passa para comprar frutos secos e castanhas. Mas recorda-se da uma feira que, em tempos, provocava uma enchente pela rua Batalhoz acima, que dificultava a vida a quem queria circular no passeio em sentido contrário. “Lembro-me de ir de luvas, cachecol e gorro e agora quase se vai manga curta”, acrescenta. Na sua opinião a Expo-Cartaxo e a Feira dos Santos deviam realizar-se em datas separadas porque atraem diferentes tipos de públicos.“Os habitantes do Cartaxo vão comprar a outras terras” Jacinta Leandro, 59 anos, comerciante, CartaxoJacinta Leandro foi das primeiras comerciantes na Expo-Cartaxo com um stand de artesanato mas há alguns anos que deixou de participar. Ali ao lado, a Feira dos Santos, sempre lhe disse muito pouco. “Para quem tem crianças a feira é boa. Eu não ligo muito mas se calhar são os meus 59 anos a falar. O que não quer dizer que não seja apologista de manter a tradição da feira”, opina a comerciante. Entende que a economia do Cartaxo está péssima. Sinal disso são as lojas do comércio a fechar, tendência que se vem acentuando. Para si, tudo resulta da crise mas também pelo facto de os cartaxeiros fazerem cada vez mais as suas compras em Lisboa e nas grandes superfícies.“Na rua Batalhoz é diferente, ainda tem algum movimento e as pessoas vão vendo as montras e entrando, mas não é nenhuma mina de ouro”, assegura Jacinta Leandro.“Falta divulgação da Expo-Cartaxo e Feira dos Santos”Agostinho Santos, 53 anos, empresário, Casais da LagoaAgostinho Santos visita a Expo-Cartaxo a título pessoal mas considera que não vale a pena estar representado com a Constrolândia, que fica a dois passos. O empresário considera o evento uma boa aposta, principalmente para as empresas se mostrarem. Quanto à feira dos Santos, limita-se a passar para ver o ambiente. Aproveita para chamar a atenção para a divulgação do acontecimento anual. “Acho que a Expo-Cartaxo e a Feira dos Santos tinham de ter mais divulgação a nível local e nacional, principalmente na televisão”.Agostinho Santos considera que a economia do Cartaxo está ao nível do que se vive no país. “Por nos dedicarmos ao consumidor final não temos tido tantos problemas, mas é verdade que desapareceram os grandes empreendimentos no Cartaxo”, justifica.A “bruxa” da Feira dos SantosSofia Casimiro Inês, 54 anos, empresária, CartaxoSofia Inês tem sempre um stand de tarot montado na Feira dos Santos o que já lhe valeu a alcunha da bruxa da feira. Nada que a afecte. “No tarot também se sente a crise mas há sempre quem queira falar, fazer perguntas e saber o que lhe reserva o futuro. Há crise mas ainda há muito dinheiro”, comenta a taróloga, que esperava ver cartazes de divulgação da feira por esta altura. “Não fazem promoção atempada”Mais que previsões sobre o futuro, Sofia Casimiro Inês faz uma constatação da situação actual do Cartaxo: “está uma porcaria, em bom português! Está a perder muito no comércio e a cidade está suja, os nossos governantes deviam fazer qualquer coisa”, sugere.Sofia Inês admite, no entanto, que muitas lojas não evoluíram ao longo de anos e algumas parecem armazéns, com as novas superfícies comerciais a virem tirar muita gente. A feira onde era tradição estrear roupa novaHelena Gonçalves, 36 anos, responsável de marketing e recursos humanos, CartaxoHelena Gonçalves foi presença habitual na Feira dos Santos durante muitos anos na companhia dos pais ou num grupo de amigos. “Era o momento do ano no qual estreávamos roupa nova, era tradição. Também havia as diversões da feira. Mudou muito, tem menor dimensão, dura menos tempo, é só o primeiro dia, o fim-de-semana e pouco mais. Costumo ver o ambiente e comprar frutos secos mas ainda reservo um ou dois dias para lá ir”, conta a responsável de marketing e recursos humanos da Casa das Peles. Só depois a cartaxeira aproveita para visitar a Expo-Cartaxo, evento que surgiu mais recentemente.Para Helena Gonçalves no Cartaxo ainda não se vê muito a crise generalizada de que se fala. O único sinal, aventa, talvez seja o facto de se ver menos gente nas ruas principais. “Com a zona central fechada para obras dificulta-se um pouco a movimentação das pessoas”, acrescenta.
A crise é a crise e não há feira que não a sinta

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