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Carlos Cunha recordado como um homem dedicado à causa pública

Carlos Cunha recordado como um homem dedicado à causa pública

Funeral do ex-governador civil e ex-presidente da Câmara de Alcanena juntou meio milhar de pessoas

Carlos Cunha presidiu à Câmara de Alcanena em três mandatos, entre 1985 e 1996, ano em que saiu da autarquia para assumir o cargo de governador civil do distrito de Santarém. Faleceu vítima de cancro no dia 21 de Outubro.

Uma pessoa voluntarista, solidária, determinada e que deu grande parte da sua vida à causa pública. Esta foi a descrição mais repetida por alguns dos rostos transtornados que compareceram no funeral do militante socialista Carlos Cunha que juntou no sábado, 23 de Outubro, meio milhar de pessoas no cemitério municipal de Alcanena. Ex-presidente da distrital do Partido Socialista, ex-presidente da Câmara de Alcanena e ex-governador civil de Santarém, padecia de cancro há algum tempo. Viúvo, Carlos Cunha faleceu aos 56 anos na quinta-feira, 21 de Outubro, deixando duas filhas (maiores de idade) que receberam dos presentes sentidas condolências. Foi sepultado ao lado da esposa, um momento resguardado sobretudo para os seus pais, filhas e amigos mais próximos. Antes de ser transportada pelos Bombeiros Municipais de Alcanena para a Igreja Santa Maria Mãe de Deus, onde foram celebradas as exéquias fúnebres pelo padre António Ribeiro, a urna de Carlos Cunha esteve na Casa Mortuária do Complexo Paroquial Jubileu 2000. Esteve sempre fechada, coberta com a bandeira do concelho e com uma foto do socialista ainda numa fase saudável da sua vida, numa pose descontraída, memória que a família quis perpetuar. A mesma imagem que as filhas transportaram nas mãos durante todo o cortejo fúnebre. No exterior, pelas 10h30, já eram muitos os que aguardavam pelo último adeus a Carlos Cunha, entre membros do governo, deputados, autarcas, políticos mas, sobretudo, muitos amigos. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, recordou Carlos Cunha como um “extraordinário militante do Partido Socialista” e uma pessoa que deu grande parte da sua vida à causa pública, nos vários cargos que ocupou na política. “Sempre vi nele uma sensibilidade enorme na justiça social, uma pessoa altamente determinada embora com um coração muito generoso”, referiu Jorge Lacão, que conviveu com Carlos Cunha durante muitos anos e, por esse motivo, disse sentir “uma grande perda neste dia”. Já para o presidente da Federação Distrital do PS e actual presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca, Carlos Cunha tinha uma personalidade muito forte o que levou a que algumas pessoas não o compreendessem. “Privei de muito perto com ele e verifiquei a excelência da grandeza humana que tinha, a importância que dava a palavras como amizade e solidariedade”, sintetizou, acrescentando que era “um grande amigo, fortemente vocacionado para a causa pública”. O presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Sérgio Carrinho (CDU), também esteve presente e recorda que trabalhou de forma próxima com o extinto, nomeadamente na fase de constituição da Resitejo. “Mantenho dele a recordação de uma pessoa empenhada. Com defeitos e virtudes, como todos nós, mas que merece muito respeito pelo trabalho que desenvolveu”, refere lamentando que tenha partido tão cedo.O psiquiatra e poeta José Niza contou uma história passada recentemente que o impressionou. “Há uns meses estive com Manuel Alegre, que me indicou que o Carlos Cunha é que deveria ser o director de campanha aqui no distrito. Apesar de saber que estava com problemas de saúde, na primeira reunião que fizemos fiquei surpreendidíssimo porque vi uma pessoa com uma vitalidade e energia enorme”, contou, referindo que ficou a amizade.Antes de entrar no cemitério municipal de Alcanena, o cortejo fúnebre parou em frente ao edifício dos paços do concelho, onde a fanfarra dos bombeiros municipais prestou uma pequena homenagem ao antigo autarca. Consternadas, as filhas proferiram algumas palavras após o que os presentes participaram numa ovação emocionada. “Como professor, presidente de câmara, governador civil e deputado, Carlos Cunha deixou sempre um testemunho de cidadania empenhada e abnegada. Cabe-nos agora procurar estar à muito exigente altura do seu legado para honrar a sua memória”, atestou, por sua vez, a actual Governadora Civil, Sónia Sanfona, também presente nas exéquias fúnebres.Quem foi Carlos Cunha Carlos Cunha tinha 56 anos e era engenheiro electromecânico de formação, tendo exercido também a profissão de professor antes de se ligar por inteiro à política.Presidiu à Câmara Municipal de Alcanena em três mandatos, entre 1985 e 1996, ano em que saiu da autarquia para assumir o cargo de governador civil do distrito de Santarém.Em 2001, voltou a candidatar-se à presidência da Câmara de Alcanena, eleição que perdeu para Luís Azevedo, que havia assumido o seu lugar em 1996 e que concorreu como independente. Após essa estrondosa derrota, Carlos Cunha abandonou a vida política activa, tendo a sua última aparição pública ocorrido na tomada de posse de Paulo Fonseca como presidente da Câmara Municipal de Ourém. Pelo óbito, a Federação Distrital do PS de Santarém, que tinha marcado para a manhã de sábado o início do congresso distrital em Benavente, decidiu adiar o começo dos trabalhos para a tarde.
Carlos Cunha recordado como um homem dedicado à causa pública

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