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Presidente da Câmara de Tomar retira pelouros a Luís Ferreira após ultimato da concelhia do PSD

Decisão surge um mês após a assembleia municipal ter aprovado uma moção de censura ao comportamento do vereador socialista

Na origem da decisão estão as declarações do vereador da Cultura sobre o escritor António Lobo Antunes, após este ter faltado a uma iniciativa em Tomar.

O vereador socialista Luís Ferreira vai ficar sem os pelouros do Turismo e da Cultura na Câmara de Tomar, mantendo-se, possivelmente, à frente dos Bombeiros e Protecção Civil. Segundo apurou O MIRANTE, a concelhia do PSD de Tomar fez na segunda-feira, 25 de Outubro, um “ultimato” ao presidente da autarquia, Corvêlo de Sousa (PSD): ou este retirava os pelouros da Cultura e do Turismo a Luís Ferreira ou a concelhia lhe retirava a confiança política, o que causaria “um terramoto político” em Tomar. A retirada dos dois pelouros a Luís Ferreira foi formalizada, por despacho, na última terça-feira, estando prevista para a tarde de quarta-feira, 27, já depois do fecho desta edição uma conferência de imprensa na sede da concelhia social-democrata. O MIRANTE soube ainda, junto de fonte da autarquia, que Luís Ferreira terá pedido para ficar, em alternativa, com outros pelouros na câmara, como o das Feiras e Mercados, mas que este pedido não foi considerado para já, podendo levar inclusivamente a que o vereador socialista peça a suspensão de mandato. Esta mexida nos pelouros abala a coligação PSD/PS, que governa o município há cerca de um ano, e pode ensombrar as relações entre os dois partidos no futuro. Para já, o presidente da concelhia socialista, Hugo Cristóvão, diz que os vereadores do partido vão continuar a trabalhar na câmara com as ferramentas disponíveis e que não será o PS a romper a coligação.A decisão de Corvêlo de Sousa surge quase um mês após a assembleia municipal ter aprovado uma moção de censura ao comportamento do vereador, na sequência da polémica gerada com a não vinda do escritor Lobo Antunes a Tomar, a convite da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, e devido às afirmações pejorativas que Luís Ferreira teceu em relação ao escritor. A última alínea do documento, apresentado pela bancada do Bloco de Esquerda, considerava que, depois do “caso Lobo Antunes”, Luís Ferreira “não reúne condições para continuar a exercer os pelouros da Cultura e do Turismo”. Quando foi votada, a moção registou um empate e teve de ser o presidente da assembleia municipal, Miguel Relvas (PSD), a desempatar. Para espanto de alguns, Relvas, considerado um dos pais da coligação, usou o voto de qualidade para fazer passar a moção de censura contra o vereador. “O PSD de Tomar não se reconhece nesta coligação”Depois de o ter feito a 4 de Outubro, na passada semana a concelhia do PSD voltou a escrever ao presidente da autarquia no sentido de o pressionar a dar seguimento à deliberação da assembleia municipal. “Em reuniões recentes com a comissão política e em função da moção de censura na assembleia municipal ao vereador Luís Ferreira, foi garantido por V.Exa. que lhe iria retirar os pelouros da cultura e turismo, mas até agora nada aconteceu. Como se percebe, não temos espaço, para continuar com esta situação, que de semana a semana vem sendo adiada, sem que nada se altere”, refere a missiva a que O MIRANTE teve acesso. A mesma carta sublinha que “caso a situação não seja resolvida”, a concelhia é obrigada “a actuar em conformidade” e “pedir os ajustamentos necessários, para pôr cobro a esta situação de uma vez por todas”. A concelhia social-democrata vai mais longe ao afirmar que “o PSD de Tomar não se reconhece nesta coligação, onde os seus valores e ideais, dificilmente são reconhecidos e muitas vezes usados como veículo de ataques pelo PS de Tomar e seus representantes, na vereação da Câmara Municipal de Tomar”, apontam, citando comunicações oficiais do PS, onde é dito, que apenas são eles que sustentam e desenvolvem a câmara. Após a primeira missiva ser tornada pública, a concelhia do PS reuniu e disse que se iria manter fiel à coligação “não aceitando por isso qualquer imposição unilateral que não seja a afirmação clara de querer romper o acordo assumido”, referiam em comunicado. Maioria relativa motivou coligaçãoRefira-se que a coligação PSD-PS que lidera os destinos da autarquia tomarense há mais de um ano foi acordada na sequência do PSD ter obtido uma maioria simples nas últimas eleições autárquicas, com os sociais-democratas a ganharem três dos sete mandatos do executivo camarário. O PS elegeu dois vereadores e os Independentes por Tomar outros dois. A partilha da gestão municipal traduziu-se pela atribuição de pelouros aos dois eleitos do PS e pela inclusão de elementos socialistas na mesa da assembleia municipal, presidida por Miguel Relvas. O acordo aconteceu numa altura em que a concelhia ainda era liderada por Luís Vicente, que perdeu o lugar de presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Tomar para José Delgado nas eleições realizadas a 26 de Fevereiro.

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