A tradição voltou a sair à rua em Tomar na manhã de quarta-feira, 20 de Outubro, com 1420 crianças de vários jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo de todo o concelho, a participar no cortejo em honra de Santa Iria, que termina no tabuleiro da ponte velha, com o lançamento de pétalas no local onde, segundo reza a lenda, a santa terá sido assassinada e atirada ao rio. Antes de tirar as pétalas que traz no saco de plástico ao rio Nabão, Brian pára e sorri para a objectiva de O MIRANTE. Ficámos sem saber de que escola vem ou se conhece a lenda de Santa Iria porque a organização manda apressar a conversa. Assim que se atiram as flores, as crianças recebem ordens para acelerar o passo com o argumento de que “o almoço está à espera”. Ao início da ponte velha, acompanhados por auxiliares e professoras, estão centenas de crianças à espera da sua vez. “Os sacos não são para atirar, só as flores”, avisa outra voz adulta. A população assiste, de longe, já que a entrada na ponte, durante este período, só é permitida aos mais pequenos e a quem está credenciado para registar o momento para a posterioridade. O sol está quente e quase todos trazem identificação pendurada ao pescoço, não venha o caso de algum se perder. Uma hora antes já as crianças aguardavam pelo início do cortejo, entre brincadeiras e risadas, que saiu defronte da Igreja de São João Baptista, na Praça da República, onde foi celebrada uma missa pelo padre Mário Duarte. Após a passagem do cortejo por algumas ruas da cidade, o andor de Santa Iria entra na ponte secular onde a pouco metros está o Convento de Santa Iria. A tradição, interrompida desde os anos 20 do século passado, foi retomada em 1982 por um grupo de alunos do antigo Colégio Nun’Álvares, juntando-se mais tarde alunos da antiga Escola Preparatória Gualdim Pais. O evento alargou-se nos últimos anos às escolas do concelho. Mais tarde, o Rancho de Minjoelho passou a acompanhar a celebração, cantando enquanto o rio se enche de pétalas coloridas. Elsa Ribeiro Gonçalves