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O pescador da Póvoa de Santa Iria

O pescador da Póvoa de Santa Iria

Em cima de uma mesa enferrujada um rádio portátil vai tocando a música que entretém António Marinho, 63 anos, enquanto vai cosendo mais uma rede de pesca, próximo do rio. “Temos andado a apanhar amêijoa no Tejo porque o peixe já é pouco. O país está mal, não existe emprego na terra e se a natureza dá a amêijoa qual é o mal?”, interroga-se o pescador da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira. Tem a voz rouca e as mãos agrestes da vida que leva: “Os meus pais e o resto da família eram pescadores. É algo que já está entranhado”. Todos os dias vai à pesca com a sua “patroa” à hora que a maré dita. Tanto pode ser às 2h00 como às 5h00. Por vezes deixa o Tejo doce e aventura-se na água salgada para os lados de Cascais. Já teve uma grande traineira, mas trocou-a por um “barco mais maneirinho” porque as forças começaram a faltar. “Tenho saudades do tempo em que olhava para a serra e via oliveiras. Hoje olho e vejo Nova Iorque”, diz o pescador que assiste com tristeza à progressiva poluição do Rio Tejo. Não guarda boas recordações da curta vida de pintor de construção civil que levou em Inglaterra. “Sinto-me bem perto do mar e lá fora até me sentia doente. Não trocava esta vida por mais nada porque é só disto que percebo”, conclui sem deixar de coser a rede, trabalho que lhe levará mais dois dias de trabalho e lhe deixará as marcas nas mãos. Eduarda Sousa
O pescador da Póvoa de Santa Iria

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