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Moita Flores deixa Câmara de Santarém em Março de 2013

Autarca sai alguns meses antes do final do mandato “para que os futuros candidatos se imponham”

Anúncio feito no seu blogue na Internet. A decisão foi tomada no dia em que cumpria o primeiro ano do seu segundo mandato.

Francisco Moita Flores anunciou que vai sair deixar a presidência da Câmara Municipal de Santarém “depois das festas da cidade de Santarém de dois mil e treze”, que se comemoram no mês Março, a sensivelmente meio ano do final do actual mandato. A intenção, diz o autarca, é dar tempo “para que os futuros candidatos se imponham”.O anúncio de Moita Flores é feito no seu blogue na Internet (em http://franciscomoitaflores.blogspot.com), onde faz um balanço da obra feita até à data e projecta o futuro próximo. “Tanta escola arranjada, tanto refeitório e parques de brincar, tantos cuidados com os nossos putos. E, ainda, tanta obra em marcha. O Mercado Municipal, o Matadouro, o Conservatório de Música, o rejuvenescimento de todo o espaço público, a cidade cheia de gente, Santarém, capital da Liberdade e tornada uma referência do país”. A decisão da data de saída foi tomada no dia da inauguração do Centro Escolar de Alcanede, confessa Moita Flores no blogue. Precisamente no dia 29 de Outubro, em que fazia um ano deste seu segundo mandato. “Dei comigo a fazer balanços e, de repente, percebi que depois da inauguração do quarto centro escolar estou de partida. Não me recandidato, devo deixar espaço para que os próximos candidatos ganhem espaço. O poder não é apenas uma forma de servir até ao tutano dos ossos, é saber sair com lealdade para que os destinos se cumpram”, justifica.Nessa comunicação, tendo por pano de fundo a inauguração do Centro Escolar de Alcanede, o autarca não esquece o esforço feito na área da educação nem dispensa as críticas à oposição. “Nos próximos dois anos vamos terminar mais centros escolares. O próximo já para a Páscoa. Dez milhões de euros de investimento. Eu sei que para as lideranças políticas do concelho isto pouco importa. Nem um deputado comunista, nem um vereador ou um deputado socialista testemunharam aquele sol de felicidade. Não quiseram saber. Preferem o rodriguinho das conversas vãs e inócuas”, considera.“Este ano, embora duro, foi farto. Inaugurámos a primeira fase do Jardim da Liberdade, recolhemos valores inimagináveis de fundos comunitários que permitem mais requalificações do centro histórico, da zona ribeirinha, da conclusão do saneamento que passa de 64 % para 93% de cobertura. Mesmo dando de barato os velhos do Restelo, não há dúvidas que Santarém renasceu para o palco das grandes urbes, reconhecida no país e no estrangeiro”, afirma Moita Flores.“Hoje sei melhor que sou um mau político”A Fundação da Liberdade é agora o seu grande objectivo, garantindo que estará a funcionar quando deixar a Câmara de Santarém. “E essa será a chave d'oiro dos projectos realizados”. Já quanto a outros projectos tem mais dúvidas, devido à crise e aos momentos de incerteza que se vivem. “A cidade desportiva está à espera de arrancar. As novas vias para Alcanede e Amiais esperam que esta medonha crise nos garanta melhores dias, a zona ribeirinha precisa de solução e esperamos o desvio da linha. Não sei se vou ter tempo para tudo”, reconhece.E deixa a confissão, já em jeito de despedida: “Já sabia, mas hoje sei melhor, que sou um mau político. Não sei fazer as coisas sem ser apaixonado. E a política requer calculismo e algum medo. E Deus não me deu essa virtude de ter medo. Sei que esta entrega apaixonada aos projectos, às obras, às pessoas desgasta até ao coração da alma. E estou desgastado. Basta comparar as fotografias de há uns anos atrás. Mas parto tranquilo. Dei tudo o que tinha a este serviço público. Nunca ficou nada de fora, mesmo na hora dos maiores insultos”.Algumas reacçõesO presidente da concelhia de Santarém do PSD diz ser prematuro comentar o anúncio da saída de Moita Flores, embora reconheça que se trata de uma decisão “coerente” com o discurso que o autarca vem tendo há muito tempo acerca da sua não recandidatura. A confirmar-se a saída em Março de 2013, Nuno Serra diz que se trata de “uma atitude bastante altruísta com o PSD e com Santarém”, pois ao não alimentar tabus permite ao candidato do partido nas próximas autárquicas “ter mais tempo para trabalhar e para se impor”. Porque o objectivo, diz, “é ganhar a Câmara de Santarém novamente e continuar as obras feitas nestes dois mandatos”.José Luís Cabrita, da CDU de Santarém, também diz que não tem grandes comentários a fazer, alegando que Moita Flores “está no direito de renunciar ao mandato quando muito bem entender” e prometendo uma posição política após se verificar a renúncia. Já o presidente da concelhia do PS, Pedro Braz, diz que o anúncio de Moita Flores “é um gesto pessoal” que não lhe merece grandes comentários, acrescentando que o que importa é o projecto político que Moita Flores lidera, “que o PS combate e de que o PSD não se pode dissociar”.

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