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Dúlio Casimiro 

Dúlio Casimiro 

46 anos, empresário, Santarém

Cresceu no campo, mas hoje vive na cidade. É casado, tem dois filhos e é empresário da Cozzis – cozinhas e electrodomésticos, em Santarém, onde reside. Dúlio Casimiro, 46 anos, tem à cabeceira “O Principezinho”, livro que folheou na infância. Manual rico em ensinamentos para o empresário, que dedica o tempo livre à família. No sofá, se assim for a vontade da maioria, às compras ou num passeio de moto.

Nasci na aldeia do Canal, freguesia de Abrã, concelho de Santarém. Estudei na escola primária que ficava a três quilómetros. Fazíamos o caminho a pé pelo pinhal. Seis quilómetros diários. Ia com uns amigos de infância. De Verão e Inverno. Por meio de regueiros com água. Levávamos uns botins de borracha, fazíamos as tropelias que fazem as crianças da idade e concursos para ver quem metia primeiro água. Aparecíamos em casa com os pés molhados.Fiz o quinto e sexto ano em Rio Maior e continuei a andar a pé. O autocarro não ia até ao Canal. À noite, de regresso, fazia invariavelmente a pé o percurso Amiais de Baixo – Canal. Do Canal mudámo-nos para Alcanede onde tínhamos uma loja de electrodomésticos. Tinha 16 anos. Foi quando deixei de andar a pé. Estudei em Rio Maior até ao 11º ano. Concluí o 12º em Santarém. Depois da tropa continuei a trabalhar com o meu pai. Aos 12 anos comecei a ajudar nas montagens de equipamentos.Sou casado e tenho dois filhos. Um rapaz com 16 anos e uma rapariga de 10. Durante a semana o tempo é pouco para a família. Às vezes almoçamos juntos. Poucas vezes jantamos juntos durante a semana. Os meus dias são intensos. Começam na loja às 08h30 da manhã. Não tenho hora de saída. Desde que os meus filhos nasceram eu e a minha mulher passamos a ter menos tempo. Pontualmente lá temos a sorte de conseguir sair. A vida passa demasiado rápido. Eles nasceram ontem e hoje são adultos. É importante, dentro do tempo que tenho, acompanhá-los. Ao sábado trabalho. O tempo que lhes reservo é ao domingo. O que fazemos tem que ver com o estado de espírito do momento. Se vou passear de moto levo o meu filho comigo. Se vou às compras a minha filha faz questão de ir. Quando a família quer estar toda no sofá ficamos em casa. Não temos um ritual. Depende das motivações. Lá em casa não existe loja. É uma máxima que tenho e tento cumprir para não afectar a boa vivência. Nem sempre é fácil. A minha mulher é sócia no negócio. Se estiver a jantar e houver uma informação importante, normalmente é-me transmitida. Numa empresa como esta existem decisões a tomar e nem todas têm o acordo da nossa cara-metade. A divergência nunca será seguramente para discutir em casa. Gosto de praia, mas gostava mais se fosse alcatifada. Se tiver uma boa sombra e um bom livro para ler estou no paraíso. Jogo golfe pontualmente a convite de amigos. Andar devagar com a música muito alta, essa é uma boa forma de descomprimir. Leio regularmente as novidades do mundo automóvel. Também sou consumidor de revistas de viagens. Algumas são de sonho. Depois vou lendo revistas e os jornais diariamente. À cabeceira tenho o “O principezinho” [de Saint-Exupéry]. É um livro que guardo religiosamente e vou lendo permanentemente. Li-o pela primeira vez na escola primária. Retirei algumas ideias. Recordo-me de o ver na prateleira e de fixar da capa um planeta, uma criança e uma estrela lá em cima. Gosto da maneira de ver o mundo que o livro passa. De cada vez que o lemos vamos percebendo como é que algumas coisas se podem transportar para o mundo real. Quem mexeu no meu queijo? É outro livro que tenho à cabeceira. Aborda uma realidade actual. Não nos podemos acomodar. É a história dos ratos. Dos que procuram espaços onde há queijo antes de acabar o queijo. E de outros que deixam o queijo chegar ao fim. É uma história mais vocacionada para a vertente empresarial. Nascemos nus, mas somos enterrados vestidos. Na vida só temos isso garantido: a roupa. Tudo o resto é uma espécie de aluguer. O que é nosso deixa de ser. Foi a experiência de vida que me ensinou isso. Conheci pessoas que nasceram com nada, ganharam tudo e morreram com muito dinheiro. Outras que durante a vida perderam tudo. Nesta vivência que levamos deveríamos ter isto mais vezes em conta. Todos somos um pouco materialistas. Se temos um telemóvel de 50 euros queremos um de 500. Se temos um carro de 10 mil gostaríamos de ter um de cem mil. Não tenho inveja de ninguém. Felizmente tenho clientes e amigos com fortunas. Movimento-me em casa deles com o mesmo à vontade que entro na casa dos que pouco têm. Lamento que as outras pessoas não tenham tanto, mas a mim, sinceramente, essa realidade não me afecta. Ana Santiago
Dúlio Casimiro 

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