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O pasteleiro que entrou na profissão pela mão do irmão mais velho

O pasteleiro que entrou na profissão pela mão do irmão mais velho

Rui Serra levanta-se para trabalhar à hora que os outros se deitam

Rui Serra confecciona todo o tipo de bolos e doces. Diz que, em média, por noite produz mais de um milhar de bolos.

A entrevista com Rui Serra teve que ser adiada duas vezes. A sua profissão de pasteleiro, que o obriga a ter horários fora do normal, foi a responsável pela sucessiva alteração de planos. Rui Serra acorda à hora a que a maior parte das pessoas se deita. À meia-noite já está pronto para mais uma jornada de trabalho. Se antes bastava levantar-se às cinco da manhã, agora, desde que abriu um negócio por conta própria, a carga horária aumentou consideravelmente. O pasteleiro é o novo proprietário da pastelaria Santa Clara, em frente ao Jardim da República, em Santarém.Rui Serra nasceu em Vale Paraíso, freguesia do concelho de Azambuja onde viveu até aos 16 anos, altura em que se mudou para o Cartaxo onde vive actualmente. É pasteleiro desde os 16 anos. Experimentou trabalhar na agricultura e na construção civil mas não gostou. O irmão, oito anos mais velho, trabalhava no mesmo ramo e convidou-o a experimentar. “Era uma profissão como outra qualquer com a vantagem de trazer mais dinheiro para casa no fim do mês por trabalhar de noite e aos fins-de-semana. Para quem está a começar foi um grande incentivo explorar este trabalho”, explica a O MIRANTE.Tudo o que sabe fazer, Rui Serra aprendeu fazendo e vendo os colegas fazer. Começou como ajudante de pasteleiro, onde untava formas, limpava tabuleiros entre outras coisas. Foi evoluindo e aperfeiçoando a técnica. Trabalhou em pastelarias de Santarém, Rio Maior, Azambuja e Cartaxo.É na cozinha da pastelaria que Rui Serra passa a maior parte do tempo. Um forno grande, com capacidade para nove tabuleiros, uma batedeira, uma amassadeira, ambas de grandes dimensões e um alisador – que corta e alisa a massa - são os principais instrumentos de trabalho do pasteleiro. Ao centro da cozinha duas bancadas com várias arcas frigorificas por baixo. É aí que as massas dos bolos são colocadas previamente. A sua feitura antecipada facilita o trabalho do dia seguinte, onde fica a faltar o recheio e o embelezamento dos doces.Quem vê os bolos nas prateleiras não imagina o trabalho que está por detrás até chegar ao resultado final. Rui Serra garante que a sua profissão exige concentração máxima e muita dedicação. “Tenho que me preocupar em não falhar nas pesagens e ao mesmo tempo não me posso esquecer do tempo que os bolos estão no forno. Tudo ao mesmo tempo. O mínimo descuido deita a perder horas de trabalho. É trabalhar em cima do arame porque não posso estar cansado ou ter um mau dia. Não me posso distrair. Nessa manhã os bolos têm que estar nas prateleiras das pastelarias”, realça Rui Serra acrescentando que, além de ter a sua própria pastelaria também é fornecedor de várias casas da região.Rui Serra confecciona todo o tipo de bolos e doces. Confessa que, em média, por noite produz mais de um milhar de bolos. Tem um ajudante, mas está a pensar contratar mais pessoas para dar vazão a tanto pedido. A esposa dá uma preciosa ajuda no café. O filho Alexandre, 10 anos, que acompanhou a entrevista, confessa que há uns meses estava sempre a pedir aos pais que tivessem um café. Agora já não acha piada à ideia. “Não têm tempo para nada”, confessa.Além dos doces de pastelaria, Rui Serra também confecciona bolos de aniversário. O pasteleiro gosta que os bolos tenham algo a ver com os aniversariantes, por isso faz perguntas sobre os gostos dos homenageados. Criatividade é a palavra de ordem. “Ainda hoje fiz uma entrega a um senhor que encomendou um bolo para o pai. Perguntei o que é que ele gostava, como ele me respondeu que o pai gostava era de mulheres, criei um bolo com a imagem de uma mulher a três dimensões”, conta a O MIRANTE.Rui Serra confessa que é apreciador de bolos. Até para ter opinião sobre os mesmos, diz. Nas festas familiares, os doces, regra geral, são confeccionados por si e pelo irmão mais velho. Desde que começou a trabalhar por conta própria que não sabe o que é uma folga. Nesses dias desliga completamente do trabalho e não quer ouvir falar em cozinha e bolos.Com a aproximação da época natalícia começam as encomendas para os bolos-rei. O pasteleiro refere que os pedidos aumentam ao fim-de-semana. Rui Serra sabe que se aproxima uma época complicada, com muito trabalho. Mas sabe que tanto esforço é por uma boa causa. Afinal conseguiu atingir aquilo que sempre quis: estabelecer-se por conta própria.
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