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A crise preocupa mas não assusta e Pernes é boa terra mas sem empregos para oferecer

Na véspera de mais uma edição da tradicional feira de Pernes, freguesia do concelho de Santarém, O MIRANTE foi falar com alguns habitantes sobre a crise, o que os faz morar naquela terra e o que sabem do grupo de teatro local. Num dos temas a unanimidade é total. Não há quem não conheça o trabalho do Grupo de Teatro local e o seu trabalho. O bairrismo não esmorece quando defendem a terra como um local tranquilo para viver com o senão de não haver empregos. Quanto à crise a perspectiva é ditada pelo bom-senso. Preocupação sim, mas nada de pânico. Como diria um antigo primeiro-ministro (Pinheiro de Azevedo) noutras circunstâncias: “O povo é sereno!”

Manuel Duarte, “Manuel Joaquim Isidro Duarte”, Pernes“O importante em momentos de crise é não baixar os braços”Trabalhando no sector das madeiras, Manuel Duarte reconhece que os tempos estão difíceis e que a crise se sente no negócio. “Vamos esperando até que venham melhores dias”, comenta. O importante é “não desistir. Não baixar os braços”.Questionado sobre o que diria a alguém que quisesse morar em Pernes, comenta que não há muito a aconselhar. “Há falta de trabalho e as pessoas não vêm morar para Pernes por causa disso”, afirma.Vive ao lado do espaço do Grupo de Teatro de Pernes e tem assistido por isso a todos os seus trabalhos. “Não me lembro de um em particular, eles têm feito muitos e todos bons. É um grupo extraordinário”. Joaquim Silva, 62 anos, Talho Mimo“Estou tranquilo mas nota-se que as pessoas compram menos de cada vez”Nota que os efeitos da crise vão, a pouco e pouco alterando os hábitos de consumo das pessoas que agora compram pouco de cada vez, provavelmente por não terem tanto dinheiro como tinham antes ou por mera precaução. Diz que, por enquanto está tranquilo e que assim vai continuar se as coisas não piorarem mas tem consciência que o tempo das vacas gordas já lá vai…se é que alguma vez existiu.Se conhecesse alguma pessoa com vontade de ir viver para Pernes incentivá-la-ia a fazê-lo porque a terra precisa de mais gente. E dir-lhe-ia que iria viver para “uma terra boa e sossegada”.Confessa que gosta do Grupo de Teatro de Pernes e que já assistiu a vários dos seus trabalhos, como “O Duelo”, “O Mar” ou “A Promessa”. “Como amadores trabalham muito bem, quase melhor que profissionais”, destaca. E deixa uma nota positiva para o encenador, dizendo que “é muito bom”. Emílio Rodrigues, 77 anos“Com esta idade já nem penso muito na crise”Aos 77 anos, Emílio Rodrigues afirma que está tranquilo com os tempos de crise que se avizinham. E justifica. “Com esta idade nem penso nisso”. Mas não pode deixar de sentir o que se passa que, segundo ele, começou há muito tempo. “Há 15 anos para cá isto anda a andar para trás”, comenta. “Já vi vários ciclos, bons e maus. Este é mais um”. “Pernes, enquanto local para viver não é dos piores mas depende dos gostos de cada um. Uns preferem a cidade, outros a aldeia”, sentencia. Costuma assistir a quase todos os trabalhos do Grupo de Teatro de Pernes. “O último a que assisti foi “A Promessa”. A actuação surpreendeu-o. “São amadores e a maior parte deles estavam ali pela primeira vez”. “É um bom grupo”, refere.Mário Faustino, 60 anos, Agronimal“As crises são cíclicas e eu já passei por várias” A crise não trouxe para Mário Faustino grandes alterações na sua vida. “É próprio da evolução”, afirma, comentando que não se encontra assustado com as dificuldades que o próximo ano possa trazer.”Acho normal. Já passámos por várias crises idênticas, eu já passei por várias. É cíclico”.“Pernes é um local agradável, mas não é muito aconselhável para vir viver. Está estagnado, não há grande inovação no comércio ou na indústria”, refere. É admirador do Grupo de Teatro de Pernes e já assistiu a várias das suas peças. A última foi “A promessa”, da qual veio bastante impressionado. “Foi bastante bom”, comenta, com boas actuações e um trabalho “bastante válido”.Maia Frazão - Pernes“O que falta em Pernes é emprego porque qualidade de vida existe”Esperança, empenho e profissionalismo são os antídotos para a crise, defende. As dificuldades são muitas mas as pessoas devem preparar-se para tempos ainda mais difíceis, vaticina Maia Frazão. Quanto a Pernes diz que tem qualidade de vida e que isso é uma grande vantagem. “ É uma terra interessante, com gente interessante e com infra-estruturas e equipamentos. A única coisa que falta são empregos”, explica.Conhece o Grupo de Teatro de Pernes e costuma ir assistir às suas peças. “Um trabalho que me marcou foi um sobre o mar. Gostei do desempenho. O grupo tem qualidade para subir a outros palcos, independentemente dos actores serem amadores”.“Maria Ermelinda Martins, “Florista Mimi”, Pernes”“Sou mãe de uma das actrizes e conheço bem o trabalho do Grupo de Teatro”Para Maria Ermelinda Martins a expectativa é muita em relação aos tempos que se avizinham. “Não há indústria ou alternativas em Pernes. As pessoas saem e não querem voltar”, afirma. A crise “está-se a sentir bastante, principalmente no comércio”.Pernes, enquanto terra, “é boa para morar, uma vez que é um local sossegado. Mas é quase um dormitório. Os jovens saem para trabalhar e só regressam para dormir”.Maria Ermelinda Martins é mãe de uma das actrizes do Grupo de Teatro de Pernes, pelo que conhece os seus trabalhos. “O Mar” ou “A Promessa” foram obras que marcaram o grupo. “Para amadores são muito bons. Onde vão marcam, toda a gente gosta”.

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