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O técnico oficial de contas que queria ser encenador teatral

O técnico oficial de contas que queria ser encenador teatral

Cristóvão Agostinho Oliveira trabalha na área da contabilidade desde os 23 anos

Setenta por cento do trabalho concentra-se em empresas e comércio de Marinhais. O restante negócio dispersa-se por Glória do Ribatejo, Salvaterra de Magos e Benavente. Possui cerca de 800 clientes.

O avô foi barbeiro. O pai foi cobrador da EDP, mas fez de barbeiro e de técnico de contabilidade nas horas vagas. Cristóvão Oliveira sentiu o apelo do palco durante a passagem pelo Teatro Ensaio da Glória (TEGA), entre os 17 e os 35 anos, mas a sua paixão era um dia poder vir a ser encenador. O futuro propiciou-lhe coisas bem mais palpáveis e terrenas como lidar com números, papéis e dinheiro dos outros para poder ter direito ao seu.Cristóvão Oliveira é Técnico Oficial de Contas (TOC) e possui escritório na Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos. É com a mulher, Francisca Monteiro, também ela TOC, que partilha o negócio há 23 anos.Natural e residente na Glória do Ribatejo, Cristóvão Oliveira seguiu as pisadas familiares e sempre pensou ter um negócio seu. Por conta de outrem trabalhou aos 23 anos, depois de sair da tropa, num escritório em Almeirim. Foi o primeiro emprego e logo a lidar com as contas que o tinham feito cumprir o 9º ano do curso de administração e comércio e o 12.º ano em secretariado e relações públicas na Escola Ginestal Machado, em Santarém. Durante um ano esteve no sector de contabilidade da agora extinta Raret - Rádio Europa Livre, um complexo ao serviço dos Estados Unidos da América que transmitia para os países dominados pelo comunismo. “A minha chefe bem avisava que um dia as coisas iam mudar e, cinco anos depois, em 1989, caía o muro de Berlim. No tempo que lá estive já estava em andamento com a minha empresa. Depois das horas de trabalho fazia contas em casa”, recorda. Cristóvão Oliveira ainda frequentou o primeiro semestre de um curso de Direito, em Lisboa, mas desistiu quando deu conta que a acumulação do cargo de TOC e de advogado seria incompatível. No escritório da Glória do Ribatejo trabalham mais oito colaboradores, dois de Marinhais e os restantes da terra. Cristóvão Oliveira costuma chegar entre as 08h30 e as 09h00 ao escritório. Só tem de descer as escadas da moradia que fica em frente ao gabinete. Atende clientes e entrega documentos para serem encaminhados para diferentes entidades. Fala com clientes sobre a situação das suas empresas. Processa salários a empresários em nome individual e a micro e pequenas empresas. “Preparamos ainda documentos obrigatórios para empresas que devem ser encaminhados para a Autoridade para as Condições de Trabalho, no âmbito da medicina no trabalho e da higiene e segurança, deixamos conselhos sobre o funcionamento de estabelecimentos comerciais no que respeita às normas da ASAE. Geralmente fico no escritório até perto das 20h00, quando não há trabalho que fazer ao sábado ou ao domingo quando os prazos apertam”, conta. Desloca-se ainda a instituições particulares de solidariedade social do concelho de Salvaterra de Magos com as quais trabalha. Setenta por cento do trabalho concentra-se em empresas e comércio de Marinhais, freguesia que fica a quatro quilómetros. O restante negócio dispersa-se por Glória do Ribatejo, Salvaterra de Magos e Benavente. Possui cerca de 800 clientes.Depois das 18 h00, durante os dias de semana, Cristóvão Oliveira dedica tempo à leitura profissional, principalmente a questões de fiscalidade. “É terrível, é raro o mês em que não há alterações”, garante. A par da vida profissional, Cristóvão Oliveira passou por outras experiências. Colaborou com as rádios Marinhais, Cartaxo, e Comercial de Almeirim no acompanhamento desportivo, principalmente jogos de futebol, ao fim-de-semana.Fora do trabalho, Cristóvão Oliveira diz que bem tenta mas não consegue deixar de pensar em contas. Ainda não existe uma “ficha” para desligar o cérebro. Gosta de ler, principalmente ficção de José Saramago, Cardoso Pires e outros autores, além dos “calhamaços” de José Rodrigues dos Santos. Para oxigenar o corpo e limpar a cabeça faz caminhadas com o filho de 13 anos ou com amigos, duas a três vezes por semana.
O técnico oficial de contas que queria ser encenador teatral

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