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Freguesia de Vila Franca de Xira tem 1200 fogos vagos, mas 800 estão devolutos

Freguesia de Vila Franca de Xira tem 1200 fogos vagos, mas 800 estão devolutos

O parque habitacional da cidade está envelhecido, analisa o urbanista David Mendes

O parque habitacional da freguesia de Vila Franca de Xira está envelhecido. Dos 1200 alojamentos vagos mais de 800 são fogos devolutos. O presidente da Associação dos Urbanistas diz que se construiu demasiado e planeou-se pouco, adiantando que “há casos que não têm soluções”.

A maioria das habitações que se encontram vazias na cidade de Vila Franca de Xira estão degradadas. “Em 1200 alojamentos vagos na freguesia, mais de 800 fogos são devolutos”, analisa o urbanista David Mendes, da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. Num total de 2700 edifícios, cerca de 350 são anteriores a 1919 e perto de 600 foram construídos entre 1919 e 1945. “Dos mesmos 2700 edifícios, apenas 1100 não necessitam de intervenções”, esclareceu. Os dados foram deixados durante a última sessão do Observatório de Inovação e Desenvolvimento Local (OIDL), que decorreu na quinta-feira, 25 de Novembro, no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, sobre os temas do Território e Sustentabilidade. “A partir da década de 40 houve um grande pico de construção de edifícios em Vila Franca de Xira que durou até aos anos 80, quando começou a entrar em declínio”, explica David Mendes. Hoje defende, estamos perante um parque habitacional envelhecido.Os comentários do público, face ao diagnóstico, rapidamente se ouviram. O presidente da Associação de Comércio, Indústria e Serviços de Vila Franca de Xira (ACIS), Miguel Santos, aproveitou para dizer que “em Vila Franca de Xira não existe uma política de reaproveitamento dos espaços devolutos e, por isso, o centro histórico está quase desertificado”. Paulo Pinho também perguntou pelos responsáveis do mau ordenamento do território de Vila Franca de Xira: “A autarquia não tem arquitectos e urbanistas? Quem é que devemos responsabilizar?”. Arlindo Gouveia aproveitou para chamar a atenção para o mau urbanismo que se encontra em Vila Franca de Xira. “Em localidades como Forte da Casa ou Póvoa aproveitou-se para construir muitos blocos de cimento e edifícios novos onde existiam prédios antigos”, nota o munícipe.O presidente da Associação Profissional dos Urbanistas Portugueses, professor Diogo Mateus, reconhece que o “urbanismo não se tem assumido como uma prioridade nas estratégias públicas porque existe uma falta de formação específica na área e uma falta de entendimento da razão e do objectivo do urbanismo”. Além disso os planos de urbanismo são entendidos à escala do projecto, numa visão restrita, não existindo também a vontade de mudar. A falta de planeamento do território provoca, de acordo com Diogo Mateus, uma ausência de qualidade da vida urbana e um autêntico caos urbanístico. “Construímos mais do que o necessário, planeamos sem promover a qualidade e o desenvolvimento, sem respeito pelo território, a população e o ambiente”, nota o urbanista que ia mostrando dezenas de fotografias de caos urbanístico, captadas em 2003, para a exposição “30 Anos de Caos Urbanístico”.“A excessiva dependência das câmaras municipais em relação às receitas das urbanizações é um dos problemas que ainda não corrigimos”, comentou o moderador da mesa, o professor do Instituto Europeu de Estudos Superiores e Formação, Júlio Gonçalves Dias“O que é uma solução para Lisboa não é para Vila Franca de Xira. Vamos tendo soluções casuísticas, estudando individualmente cada local. E há casos que não têm soluções”, disse Diogo Mateus que atribuiu a culpa ao Governo e às pessoas que não reclamam.Turismo de natureza é aposta para a Lezíria Grande A Lezíria Grande, que ocupa cerca de 70 por cento da freguesia de Vila Franca de Xira, é um equilíbrio natural da sustentabilidade urbana da cidade. Joaquim Madaleno, em representação da Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande, entidade que gere 12700 dos 14 mil hectares das lezírias, apresentou um filme com o plano de actividades de 2010, demonstrando todo o trabalho que a associação tem vindo a realizar. Destacam-se as obras de reabilitação de todas as comportas, a contratação de uma agência de segurança para acabar com os constantes assaltos que tem vindo a ocorrer e a colocação de portões na rede viária. O ordenamento do território para a prática da caça e pesca desportivas e a crescente aposta na reciclagem de materiais usados pelos agricultores são outras medidas. Além da crescente aposta na formação dos trabalhadores e agricultores a Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande prepara-se para apostar no turismo de natureza que será cada vez mais um complemento à actividade agrícola na Lezíria Grande. O EVOA, o maior observatório de aves migratórias da Península Ibérica, que está localizado em plena Lezíria vai receber obras adequadas para que, já em 2011, se possa usufruir na totalidade da actividade de observação de pássaros.Cidade não é só dormitórioA freguesia de Vila Franca de Xira tem cerca de 18 mil habitantes e está dotada de um bom número de infra-estruturas, serviços e tecido empresarial que não obriga a maioria dos habitantes a sair do concelho para exercer as actividades diárias. Da população da freguesia 55 por cento estuda ou trabalha em Vila Franca, 13 por cento fá-lo noutra freguesia do concelho e 31 por cento num outro concelho que, na maior parte dos casos, é Lisboa. “O concelho não é apenas um dormitório”, sublinhou o urbanista da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.David Mendes lembra que a freguesia de Vila Franca de Xira não se limita apenas à malha urbana e tem uma vasta área de lezíria. No território destacam-se as vastas propriedades agrícolas na margem esquerda do Rio Tejo. Na margem direita está concentrado o solo urbano. Os principais núcleos urbanos, que agregam cerca de 78 por cento da população, estão localizados na zona centro da cidade, no Bom Retiro, em Povos e no Bairro do Paraíso.
Freguesia de Vila Franca de Xira tem 1200 fogos vagos, mas 800 estão devolutos

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