A capela de Nossa Senhora do Monte em Santarém está cedida à igreja ortodoxa romena. As imagens religiosas que ali existem são tapadas por outras da iconografia cristã ortodoxa. Algumas pessoas que moram nas proximidades não disfarçam o incómodo. “Não temos nada contra a igreja ortodoxa, mas não achamos bem que as imagens católicas estejam tapadas. E se os turistas quiserem visitar a capela, só o podem fazer se estiver cá alguém da igreja ortodoxa. E mesmo assim não vêem a imagem de Nossa Senhora do Monte”, reclama Luís Rainha.A capela em causa é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Santarém, mas segundo Gheorghe Florea, padre missionário da igreja ortodoxa, foi pedida autorização ao Bispo de Santarém para a utilização do espaço. “Aceitou imediatamente, sem qualquer problema. Fomos muito bem recebidos e entre a igreja católica e a ortodoxa existe uma boa relação”, disse a O MIRANTE minutos depois de celebrar missa no passado domingo. A igreja da Piedade, também em Santarém, é cedida duas vezes por mês à igreja ortodoxa ucraniana. Segundo o padre católico Cândido Monteiro, da Diocese de Santarém, quando os cristãos ortodoxos necessitam de um espaço maior é-lhes cedida a igreja de Marvila. Em todos os casos as cedências são feitas a título gratuito. “Existe uma maior abertura da parte da igreja católica na relação com outras religiões e creio que é um passo muito positivo e significativo. As religiões podem conviver em harmonia. Não existem mais espaços cedidos porque não existe procura”, afirma o padre Cândido Monteiro.Para além dos casos de Santarém O MIRANTE sabe que também estão a ser cedidas a capela do Exército Azul em Fátima e a igreja do Espírito Santo, em Leiria, ambas pertencentes à diocese de Leiria/Fátima, onde o núcleo católico de rito bizantino realiza as suas homílias. “Foi realizado um protocolo entre o bispo de Leiria/Fátima e o bispo responsável da comunidade de imigrantes ucranianos. Existem dois padres responsáveis pela comunidade ucraniana e são eles que estão também responsáveis pelo espaço. Utilizam quando precisam. Aquele é um espaço para eles”, revela o vigário geral da diocese de Leiria/Fátima, João Guarda.