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Leilão dos bens da construtora João Salvador nem chega para pagar todas as dívidas aos trabalhadores

Leilão dos bens da construtora João Salvador nem chega para pagar todas as dívidas aos trabalhadores

Venda da maquinaria e materiais de construção rendeu 1,3 milhões de euros

Da empresa João Salvador, em Tomar, que fechou há um ano com 27 milhões de euros de dívidas e atirou 300 trabalhadores para o desemprego, ainda falta vender as instalações e uma central de produção de asfalto que não foi entregue no leilão de dia 10 de Dezembro.

As máquinas e materiais da falida empresa João Salvador, em Tomar, renderam em leilão público 1 milhão e 375 mil euros. Uma verba que não chega sequer para pagar os ordenados atrasados, subsídios e indemnizações aos cerca de 300 trabalhadores. Em Março deste ano a União dos Sindicatos de Santarém indicava que a firma de construção e obras públicas tinha por pagar aos funcionários um total de 3,4 milhões de euros, num universo de cerca de 27 milhões de dívidas que foram contabilizados aquando do encerramento da firma, há um ano. Mas falta ainda vender as instalações em Santa Cita.A venda feita pela leiloeira Avalibérica decorreu durante todo o dia de sexta-feira, 10 de Dezembro, com 193 lotes para venda, entre material de escritório, camiões, carros, escavadoras, reboques, diversos aparelhos. Apenas ficou por entregar o último lote, composto por uma central asfáltica com diversos equipamentos, que estava para licitação com o preço base de 215 mil euros. Como não houve interessados em comprar por este valor, a leiloeira colocou o bem à venda pela melhor oferta, que chegou aos 134 mil euros. Valor que não foi aceite pela comissão de credores e agora cabe à leiloeira encontrar um comprador que ofereça mais. Os bens foram à praça pelo valor base total de cerca de 852 mil euros. Para o leilão, num armazém da empresa, estavam inscritos mais de 200 interessados que tiveram que pagar uma caução cada um de cinco mil euros e que foi devolvida no final. Os que arremataram bens tiveram ainda que pagar além do preço dado pelos equipamentos, dez por cento sobre esse valor para as despesas da leiloeira. Inscreveram-se para o leilão mais de 200 interessados, alguns que nem sequer eram da área da construção e que procuravam um bom negócio. Comprar a bom preço para vender a terceiros. Um dos inscritos era Armando Vieira, que tem uma empresa de obras públicas em Porto de Mós. Enquanto observava as máquinas expostas no terreno da empresa, minutos antes do início do leilão, o empresário parecia não estar muito interessado em despender dinheiro numa altura de crise, mas resolveu participar não fosse arranjar algum equipamento por uma pechincha. “Estou mais para ver que para comprar porque estamos numa fase em que ninguém paga a ninguém e demora-se muito a cobrar uma dívida porque a justiça é lenta”, desabafava, explicando que neste momento prefere ter as máquinas paradas do que trabalhar para não receber. “Só trabalho quando sei que tenho condições para receber ou quando consigo que outras empresas para as quais trabalho em prestação de serviços paguem adiantado”, refere Armando Vieira que chegou a trabalhar com as suas máquinas para a João Salvador. “Não tenho razões de queixa. Recebia tarde mas ia recebendo”, recorda. Trabalhadores acompanham a venda dos bensRazões de queixa têm os trabalhadores, alguns dos quais quiseram acompanhar o leilão. “Estamos aqui para ver se pelo menos se faz algum para nos pagar alguma coisa, porque chegou a haver colegas que passaram fome quando a empresa entrou em falência”, justificava Carlos Alberto Moreira, que trabalho durante 20 anos na construtora como motorista. Francisco Lopes, outro trabalhador da João Salvador, estava na primeira fila do leilão, atento às placas com números correspondentes a cada inscrito que se levantava para fazer sinal ao leiloeiro que ali estava outra licitação. Pelas suas contas, este ex-funcionário tem 17 mil euros para receber. No início chegou a passar dificuldades, mas entretanto conseguiu arranjar emprego como jardineiro e diz que agora a sua vida estabilizou. “Gastei o que tinha e não tinha para fazer face às despesas com a prestação do carro, a água, a luz, a comida. Foram-se as poupanças todas. Era bom que isto se resolvesse rapidamente para ver se víamos o dinheiro que temos aqui enterrado”, concluiu.
Leilão dos bens da construtora João Salvador nem chega para pagar todas as dívidas aos trabalhadores

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