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Associação Fátima Cultural ressurgiu pela mão da juventude

AFAC continua a funcionar mediante parcerias com diferentes instituições e patrocínios para as suas actividades

O grupo de três a quatro pessoas que se reunia em amena cavaqueira num café da cidade cresceu e hoje são cerca de 70 sócios, de várias idades.

Nasceu em 1994 em Fátima, fruto da iniciativa do director do Colégio São Miguel, o padre Ventura, congregando várias instituições públicas e privadas com o objectivo de promover a cultura em Fátima. As esculturas na Rotunda do Anjo de Portugal ou na Rotunda Sul são, em parte, fruto do trabalho da Associação Fátima Cultural (AFAC). Adormecida durante alguns anos, ressurgiu em 2008 pela mão de um grupo de jovens da terra que queriam, também eles, desenvolver o panorama cultural local. O grupo de três a quatro pessoas que se reunia em amena cavaqueira num café da cidade cresceu e hoje são cerca de 70 sócios, de várias idades. Motiva-os o gosto pela cultura, pelas artes e por dar a conhecer a sua terra, num olhar que procura ir além do Santuário de Fátima. A ideia “surgiu de uma conversa de café, em que falávamos que em Fátima não havia muita oferta cultural, principalmente para quem estuda fora e se habitua a ter mais alternativas”, esclarece Tanya Ribeiro, presidente da AFAC. Actualmente já se nota alguma “evolução” na cidade, mas é tudo “muito linear”. Assim, se as primeiras reuniões decorreram em conversa animada entre os fundadores do projecto, hoje as assembleias já se fazem num espaço próprio, na Escolinha Velha, junto à Junta de Freguesia de Fátima. A primeira iniciativa ocorreu ainda a AFAC não estava reactivada, mas partindo do mesmo grupo que viria a assumir os destinos da associação. “Fizemos um intercâmbio Luso-Galaico, com o apoio da Casa do Povo de Fátima, a Junta de Freguesia de Fátima e do Conservatório de Ourém-Fátima”. Uma experiência “positiva”, com uma associação da Galiza e várias actividades relacionadas com dança, que trouxe uma boa recepção do público, lembra Tanya Ribeiro. A AFAC continua a funcionar mediante parcerias com diferentes instituições e patrocínios para as suas actividades. Outro objectivo é oferecer às pessoas “aquilo de que têm necessidade” a nível cultural. O exemplo mais directo e com mais resultados até ao momento é o Clube de Fotografia, que se desenvolveu a partir de workshops e hoje já se organizam vários roteiros de fotografia pela freguesia. “Vamos buscar o nosso património, mostrando Fátima com outros olhos. Temos visitado sítios que nem eu conhecia”, reflecte.Outro projecto em crescimento é o Clube de Costura. “Como disse, vamos ao encontro das necessidades das pessoas. Por isso, começámos com um workshop de tricô, com pessoas dos 20 aos 60 anos, e têm saído de lá trabalhos fantásticos. Colmatamos assim estas necessidades e promovemos o convívio”. Uma multiplicidade de projectosTanya Ribeiro afirma que todas as associações enfrentam as suas dificuldades. Para a AFAC o lema está no “ajudar a desenvolver a nossa cidade, a nossa região e ajudar a uma sociedade coesa, com boa qualidade de vida”. “Formar um elo de ligação entre as pessoas, as instituições e as entidades competentes. Já tivemos grupos de alunos que nos pediram auxílio para trabalhos de área projecto, como o grupo do Centro de Estudos de Fátima (CEF), o ArteOn”. Vão assim surgindo ideias. As receitas dos seus projectos revertem muitas vezes a favor dos próprios parceiros, como o Centro de Recuperação Infantil de Fátima (CRIF). Em algumas ocasiões, os projectos já foram além das iniciativas culturais. “Ainda antes da AFAC ser reactivada participámos numa iniciativa de sensibilização da população para fazer o seu recenseamento na Junta de Freguesia de Fátima. Eram necessários 8 mil eleitores para concorrer ao então programa Polis e em três semanas conseguimos atingir o número de pessoas que faltavam para chegar a esse valor”.Noutra ocasião, numa iniciativa da Santa Casa da Misericórdia, o grupo fez um levantamento das plantas da freguesia. “Temos vários tipos de orquídeas silvestres, algumas que antigamente eram usadas para fazer abortos, remédios. Vamos dando esse conhecimento ao público”.Mais recentemente, a participação no Concurso de Presépios de Natal da Câmara de Ourém foi uma animação geral. “Foi brutal, nunca vi tanta gente de Fátima naquela rua. Ainda por cima os peregrinos vinham a sair da missa. Já queriam comprar as telhas, a vaca”, refere rindo. ´“Seria óptimo aliar os nossos projectos com os daqueles que vêm de fora”.Tanya Ribeiro gostaria de ver de pé muitas outras iniciativas. “Gostava de fazer eventos não só para as pessoas de Fátima mas também para os visitantes. Fátima é um encontro de culturas e acho que o devíamos aproveitar e mostrar um pouco da nossa cultura e mesmo a daqueles que nos visitam. Seria óptimo aliar os nossos projectos com os daqueles que vêm de fora”.Para se ser sócio basta gostar das actividades da AFAC, pagando uma quota mensal de um euro. Não é obrigatório ser de Fátima, mas quem participa, por norma, vive na cidade ou é natural da terra. “Fátima tem tanto para oferecer”, comenta, referindo que a população já se identifica com a associação e procura dar sugestões. “Nós temos uma miscelânea de culturas muito grande, até paquistaneses temos cá a viver”. “O Santuário de Fátima já sabemos o que é, mas em volta dele há muito que ver. A nível de património arquitectónico há muito que mostrar, em terras como Vale de Cavalos ou Gaiolas”. Por isso, as grandes dificuldades da AFAC prendem-se com o encontro de financiamentos e de mão-de-obra. “É complicado. As pessoas têm as suas vidas e quem está no movimento associativo procura mais o orgulho de fazer um evento com sucesso. Por vezes é difícil aliar a vida pessoal e associativa, mas a beleza acaba por ser essa: ultrapassar os obstáculos”. Tanya Ribeiro termina pedindo a participação de todos. “Gostava de convidar as pessoas a dar sugestões, mesmo que não se queiram comprometer. Estas coisas não são para nós, são para a sociedade”. Basta procurar o blogue da associação ou deixar um comentário na página do Facebook da AFAC.

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