Um homem discreto que prefere o trabalho ao protagonismo

Em 2013, no final do actual mandato autárquico, completa 20 anos à frente da Câmara Municipal de Sardoal. Em 1993, embora contrariado, Fernando Moleirinho, 66 anos, aceitou ser cabeça de lista pelo PSD, depois de já ter sido vereador da oposição no mandato anterior em que a câmara era liderada pela socialista Francelina Chambel. Ganhou as eleições e a sua vida mudou radicalmente. Deixou o ensino mal sabendo que seria um passo sem retorno.Postura discreta, avesso a protagonismos, Fernando Moleirinho nasceu e cresceu no Sardoal, um dos concelhos mais a norte do distrito de Santarém, paredes-meias com Abrantes. Só saiu da sua terra para frequentar o curso do magistério primário em Castelo Branco, em 1964, tendo depois dado aulas durante oito meses em Lisboa. A capital não o atraiu e regressou às origens, com as quais mantém uma ligação umbilical.A profissão e o associativismo absorviam-lhe o tempo antes de ser autarca. Foi vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia do Sardoal, dirigente da Casa do Povo e presidente do clube desportivo “Os Lagartos”. Em termos profissionais, começou como professor em Santa Clara (freguesia de Alcaravela) e foi delegado escolar e coordenador no vizinho concelho de Mação.É um homem que adora viajar mas o cargo de presidente da câmara roubou-lhe o tempo que tinha para viajar com a sua roulotte pela Europa na companhia da esposa. Já na autarquia, começou a organizar viagens ao estrangeiro para estudantes do ensino secundário do concelho.Uma das suas batalhas dos últimos anos tem sido pela segurança no troço da variante à Estrada Nacional 2 que atravessa o seu concelho. As constantes avarias nos semáforos em cruzamentos com muito movimento são apontadas como causa para diversos acidentes, onde até já se registaram mortes. Essa situação foi das poucas que o fez abandonar a atitude recatada e tomar uma posição pública dura contra a Estradas de Portugal.Em anterior depoimento ao nosso jornal, referiu que sempre gostou de política mas nunca pensou em ser político. Defende as suas convicções, mas sempre com flexibilidade. A Bíblia é uma companhia para este católico praticante que dispensa os discursos e os cerimoniais da política. “Se eu pudesse ter à minha beira um presidente para fazer os discursos, participar nas cerimónias e para receber as pessoas seria o ideal O presidente para trabalhar seria eu”, disse ao nosso jornal nessa entrevista.A proximidade a Abrantes, de que dista meia dúzia de quilómetros, é uma faca de dois gumes para o Sardoal. A vila corre o risco de se transformar num dormitório da cidade se não houver uma política de sublimação da identidade e da auto-estima local. É por isso que iniciativas como as festividades da Semana Santa (na Páscoa), as Festas do Concelho (Setembro) ou a Festa do Bodo (Maio), são marcas no calendário do concelho de que o município não abdica.

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