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Casa do Professor de Santarém quer construir lar para apoio a antigos docentes

Casa do Professor de Santarém quer construir lar para apoio a antigos docentes

Instituição juntou cerca de seis dezenas de amigos no tradicional almoço de Natal
Um dos grandes projectos da delegação de Santarém da Casa do Professor é criar um lar, “não exclusivo” a professores, mas que os apoie na última fase das suas vidas. “Queremos estabelecer parcerias com outras entidades, associações e com a autarquia no sentido de criarmos sinergias que nos permita ajudar não só professores, mas também outros profissionais que necessitem de cuidados”, explicou João Peres a O MIRANTE durante a festa de Natal da instituição.A instituição de solidariedade social está aberta todos os dias e os seus sócios têm ao dispor aulas de informática, onde podem aprender a utilizar a Internet. Pintura em porcelana, inglês, hidroginástica, ginástica de manutenção são alguns dos cursos que os sócios podem frequentar. A associação está a ponderar criar um curso de cozinha gourmet.A Casa do Professor de Santarém conta com cerca de duas centenas e meia de associados. Um dos objectivos é alcançar as três centenas de sócios nos próximos dois anos. Cada sócio paga uma quota mensal de oito euros. Podem associar-se professores de todas as idades sendo que professores com menos de 50 anos estão isentos de pagamento ou pagam um valor mais baixo.Na quinta-feira, 16 de Dezembro, foi dia de festa. De acordeão ao peito, Prazeres Marçal toca os acordes de “Uma Noite Feliz”. Os colegas acompanham-na cantando a letra da tradicional música de Natal. Esta foi a canção que marcou a despedida do tradicional almoço de Natal da Casa do Professor de Santarém que se realizou na sede da associação.Durante o sorteio das rifas, no fim de almoço, a professora de música continuou a soltar acordes garantindo a animação e alegria que foram uma constante ao longo da tarde. Cerca de seis dezenas de professores, e alguns amigos, marcaram presença na festa. A delegação de Santarém da Casa do Professor tem como principal objectivo apoiar professores, sobretudo aqueles que chegam ao final da carreira. “Esta casa é um espaço de convívio e uma forma dos professores se manterem activos, não se isolarem e não sentirem que a vida acabou”, explica o presidente da associação, João Peres, antigo professor de Português e de Gestão e Contabilidade.Celeste Parente, 86 anos, Professora de MatemáticaO contacto com os alunos é o que Celeste Parente recorda com carinho dos 44 anos de serviço. Professora de Matemática nas últimas três décadas, no Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, foi uma das “lançadoras” da Matemática Moderna a nível nacional. “Depois de Lisboa, Porto e Coimbra, Santarém foi a cidade escolhida para experimentar o novo modelo de ensino e eu fui uma das professoras. Foi uma experiência muito gratificante”, relembra momentos antes do almoço de Natal.Celeste Parente confessa que já não reconhece os antigos alunos, mas garante que sempre que a encontram na rua fazem questão de lhe dar um beijinho. Diz que era uma professora rigorosa dentro da sala de aula, mas compreensiva. “O relacionamento com os alunos era fácil, dentro da aula havia muito respeito”, conta. Dulce Bilhau, 70 anos, Professora de Educação VisualMuito enriquecedora é como Dulce Bilhau classifica a sua experiência como docente. A professora de Educação Visual lamenta apenas os últimos três anos em que deu aulas devido ao mau comportamento dos alunos. “Foi muito desgastante”, diz. Na sua opinião, houve uma grande mudança na forma dos alunos estarem dentro da sala de aula. A professora aponta o dedo aos pais. “Tenho uma colega que diz que quer criar uma escola para pais. Acredito que a culpa dos problemas disciplinares dos alunos é da família que não sabe educar os filhos”, lamenta.Tirando os últimos anos antes de se reformar, em 2003, Dulce Bilhau considera que a sua profissão foi uma experiência muito positiva. Era o que gostava mesmo de fazer. O contacto com os alunos e a troca de experiências com os colegas é o que a docente guarda melhor na memória. Apesar de viver actualmente em Lisboa, Dulce Bilhau faz questão de marcar presença no jantar de Natal da Casa do Professor de Santarém, altura em que aproveita para rever colegas e amigos.José Pereira, 81 anos, Professor de Matemática Apesar do ar sério, que mantinha durante as suas aulas, José Pereira tinha uma boa relação com os seus alunos. “Respeitavam-me”, afirma. O professor de Matemática começou a dar aulas em Alvaiázere, Alpiarça, Almeirim até que ficou colocado na Escola Industrial e Comercial de Santarém onde leccionou durante 20 anos.“Tenho muitas saudades do contacto e da amizade com os colegas, da compreensão e a boa relação que estabeleci com os alunos”, recorda o professor. José Pereira conta que no final de cada ano lectivo dava um espaço livre em que cada aluno escrevia o que queria e o que tinha achado daquele ano escolar. “Vários disseram-me que aprenderam Matemática e não só”, conta orgulhoso da relação que estabeleceu com os seus alunos.Reformado há cerca de 15 anos, o docente diz que, felizmente, encarou bem esta nova etapa da vida. Para colmatar as saudades da vida lectiva encontra-se de vez em quando com colegas onde recordam os tempos em que davam aulas.
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