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A noite de Natal no Santuário de Fátima

Sandro Repolho faz parte dos vigilantes sacristãos, um grupo de elementos que dá apoio directo às cerimónias

Acompanhou e orientou uma missa com 24 sacerdotes presentes e uma pequena multidão. É o segundo ano que passa a noite de Natal na instituição, vigiando a eucaristia natalícia.

É noite de Natal. No Santuário de Fátima a missa do Galo começou pelas 22h00 e prolongou-se até depois da meia-noite. Centenas de pessoas enfrentaram o frio e a chuva e na Igreja da Santíssima Trindade comemoraram o nascimento de Cristo. São habitantes da terra, sobretudo, que se cumprimentam à passagem e não destoam do ambiente das pequenas capelas das aldeias em redor, ainda que a cerimónia seja grandiosa e se esteja no denominado Altar do Mundo. O momento é único no ano e tem as suas especificidades. Mas ninguém refila e, à saída, é tempo de festa. Em casa estão os presentes, as filhoses e a lareira. Para trás ficam os que deixaram a sua consoada para vigiar o Santuário e os que por ali preferem ficar, entre a Igreja iluminada ou a Capelinha das Aparições.Sandro Repolho, 30 anos, natural de Fátima, faz parte dos vigilantes sacristãos, um grupo de elementos do Santuário que dá apoio directo às cerimónias e actua “em tudo o que é necessário ao bom funcionamento” do espaço. De transmissor na mão, recebendo avisos ou passando informação, refere que entrou pelas 15h00 e acompanhou as cerimónias da noite de Natal, directamente no altar. Na igreja já vazia comenta que estiveram presentes pessoas de todas as idades, “uma família que se vai criando ao longo dos anos”. Estrangeiros são poucos, ainda que se visse um ou outro exibindo um barrete de Pai Natal. “São pessoas que conhecem as missas, os programas, são pessoas da cidade, da região que conhecem o funcionamento do Santuário de Fátima e que vêm com uma frequência elevada. É uma missa de Natal, mas é também um costume”.“Foi uma assembleia extraordinária e isso vem reafirmar que esta festa tem significado e que tem que se perpetuar de geração em geração”. A igreja não esteve cheia, mas Sandro Repolho aponta para perto de três mil pessoas a assistirem às cerimónias de Natal. “Não sinto que seja um refúgio para a maior parte das pessoas, embora haja um lote muito restrito de pessoas que por não terem onde estar se juntam a nós, mas é como acontece no resto da sociedade”.Sandro Repolho acompanhou e orientou uma missa com 24 sacerdotes presentes e uma pequena multidão. É o segundo ano que passa a noite de Natal na instituição, vigiando a eucaristia natalícia “que por pequenos pormenores pode ser diferente de outros lados”. Não se lamenta e afirma que com a convivência se vai identificando com toda as particularidades do espaço. “Torna-se fácil porque cria-se uma envolvência, suprime-se os interesses individuais pelos colectivos, há devoção, cordialidade e ao longo do tempo vamo-nos associando ao trabalho, vamos ficando institucionalizados, marcados”.Terminado o dia, perto da 01h30, volta para casa e espera ainda estar um pouco com a família. “A uma hora destas já não é significativo o lado materialista do Natal”. No dia seguinte volta ao Santuário e retoma as suas tarefas. São noites pacatas e sem grandes inquietações, marcadas pela Missa do Galo, comentam os que vigiam o Santuário na noite de Natal. O grande recinto do Santuário está praticamente vazio, passa um outro visitante pela Capelinha e nas ruas em redor quase não se vêem carros. A iluminação de Natal é intensa e a árvore gigante quase que parece erguer-se dentro dos limites do Santuário. Em redor de Sandro Repolho agitam-se os vigilantes que ainda ficam, arrumando cadeiras, fechando portas, recolhendo livros de cânticos. Há ainda muito para fazer até ao fim do turno, pelas 07h00.

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