O viaduto sem saída que custou dois milhões de euros e nunca serviu um único automobilista, construído há dez anos para unir as freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, no concelho de Vila Franca de Xira, é usado por jovens que aproveitam a infraestrutura para andar de bicicleta e skate.A população alerta para o perigo que a situação representa. “Tem acontecido nas últimas semanas com alguma frequência. É perigoso porque até jogam futebol e às vezes as bolas caem na estrada acertando nos carros que passam”, lamenta um comerciante a O MIRANTE.O facto do acesso não estar completamente vedado faz com que muitos consigam passar e aceder ao viaduto. “É perigoso as crianças andarem lá por cima. Imagine que se desequilibram. De quem será a responsabilidade?”, questiona Mauro Mendes, comerciante. A Polícia de Segurança Pública garante que está atenta ao problema e que sempre que detectar jovens no topo do viaduto “agirá em conformidade”.O município de Vila Franca de Xira e o promotor da obra ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre quem vai demolir o viaduto que chegou a ser apontado como alternativa à congestionada Estrada Nacional 10.A presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, confessou na última assembleia municipal, realizada a 28 de Dezembro, no Sobralinho, que gostaria de resolver o problema até 2014. “Esta questão do viaduto enerva-me bastante. Espero resolver a questão enquanto for presidente da câmara”, referiu. A socialista, recorde-se, já não poderá voltar a candidatar-se à presidência da câmara por já ter atingido o limite de mandatos imposto por lei. Maria da Luz Rosinha respondia a uma questão colocada por António Nabais, da bancada comunista, que quis saber mais sobre o assunto. “Aquele viaduto já começa a ser mais conhecido que a cidade. É célebre já fora do concelho. Há dias na Costa da Caparica fui interpelado por uns amigos que me perguntaram pelo famoso viaduto sem saída de Vila Franca de Xira”, ironizou António Nabais. A presidente do município acabou por não responder concretamente sobre o futuro da estrutura.O viaduto, construído com um dos pilares mergulhados na ribeira dos caniços e duas saídas com rampas íngremes que mereceram a censura do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), foi também erguido em terrenos classificados como Reserva Ecológica Nacional e Reserva Agrícola Nacional. A via foi construída pelo promotor tendo em vista a construção da terceira e quarta fases da urbanização do Forte da Casa, mas dadas as irregularidades da obra o projecto parou. Em 2008 a Câmara Municipal decidiu pagar a demolição do viaduto - obra que custaria perto de 100 mil euros - mas que exigiria uma autorização escrita do proprietário que nunca chegou.