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Alves Redol vai ser lembrado em Vila Franca pelos 100 anos do seu nascimento

Alves Redol vai ser lembrado em Vila Franca pelos 100 anos do seu nascimento

Escritor foi um dos poucos autores obrigado a submeter as suas obras a visto prévio da censura

Um documentário produzido com o apoio da Central de Cervejas, exposições, feiras do livro, colóquios, sessões de leitura e reedição de algumas das obras do autor são alguns dos destaques das comemorações do cententário do nascimento de Alves Redol que vai prolongar-se até Janeiro de 2012 em Vila Franca de Xira.

Até Janeiro de 2012 a cidade de Vila Franca de Xira vai vivenciar as comemorações do centenário do nascimento do escritor neo-realista Alves Redol com um programa que inclui visitas temáticas, feiras do livro, colóquios, sessões de leitura e até um documentário, produzido com o apoio da Central de Cervejas, para emissão futura no canal público de televisão.O programa das comemorações foi apresentado na última sexta-feira em Vila Franca de Xira e contou com a presença de todos os responsáveis pela comissão do centenário, composta pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo, Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, Ateneu Artístico Vilafranquense, Cooperativa Alves Redol, Escola Secundária Alves Redol e União Desportiva Vilafranquense. Estão previstas actividades para todos os meses do ano. Tal como O MIRANTE deu a conhecer em Dezembro estão previstas conferências, sessões de leitura, ciclos de formação sobre a obra redoliana, viagens temáticas, ciclos de cinema sobre o autor, percursos pedestres, concursos literários, encontros com escritores, exposições, concertos musicais e ateliês. Ao todo o programa inclui mais de meia centena de actividades.“Esta não será apenas uma homenagem mas também uma possibilidade de alargar o conhecimento sobre uma obra tão vasta como a de Alves Redol. É uma figura que marcou todos aqueles que são da minha geração. É uma pessoa que ultrapassa os limites do concelho e até do país, com uma obra editada em chinês. Os valores da liberdade e democracia constituiram-se como valores principais de toda a sua actividade”, afirmou a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha. Alves Redol foi um dos poucos escritores portugueses a ter de submeter os seus originais a visto prévio da censura antes da publicação.Outro dos destaques das comemorações do centenário será a realização de um documentário de 50 minutos sobre a vida e obra do escritor, que deverá estar pronto até ao verão. “Fazer um documentário sobre esta personalidade é uma obrigação. Aproveitar o centenário é um bom motivo para avançar com este projecto. Este é um momento muito feliz para que se possa fazer justiça ao escritor e divulgar aspectos menos conhecidos da sua vida”, defendeu Francisco Manso, realizador.A junta de freguesia vai plantar, com o apoio da população, várias árvores na lezíria de Vila Franca para assinalar a data, denominadas “árvores de Redol”. No agrupamento de escolas Alves Redol mais de dois mil alunos vão ler obras do escritor.“Alves Redol não escreveu só o belo, também escreveu algo que apontava para uma sociedade justa, mais fraterna. Enquanto activista político combateu fortemente o regime salazarista. Estou convicto que se ele hoje fosse vivo também não seria simpático para o regime em que estamos a viver actualmente”, afirmou Arlindo Gouveia, da Cooperativa Alves Redol. Para o filho do escritor, António Redol, as comemorações são uma oportunidade para divulgar a cultura portuguesa. “Os escritores portugueses têm sido tão esquecidos que é bom comemorá-los. É de louvar estas câmaras que não se esquecem dos seus filhos”, afirmou. Alves Redol, natural de Vila Franca de Xira, é uma figura central do movimento neo-realista português e foi autor de uma vasta obra ficcional que inclui o teatro e o romance. Filho de António Redol da Cruz e Inocência Alves Redol, o escritor frequentou o colégio Arriaga, em Lisboa, onde concluiu o curso comercial. Escreveu sobre o mundo dos camponeses da Beira que iam fazer a ceifa do arroz ao Ribatejo (conhecidos por Gaibéus), dos avieiros, dos camponeses e dos pescadores. O seu primeiro artigo de opinião é publicado num jornal local quando tinha 15 anos. Foi empregado de escritório e acabaria por ficar na história pelo seu papel na luta anti-fascista. Iniciou a sua carreira literária em 1936 com o romance “Gaibéus”.Além deste Alves Redol deixou “Glória, uma aldeia do Ribatejo”, “Marés”, “Avieiros” e “Fanga”. A obra “Barranco de Cegos” de 1962 continua a ser, para muitos, uma das suas maiores obras. Além do romance o escritor colocou no papel as peças de teatro “Forja” e “O Destino Morreu de Repente”. Foi preso pela polícia política a 12 de Maio de 1944. Mais tarde filiou-se no Partido Comunista e morreu a 29 de Novembro de 1969, antes de vislumbrar a liberdade trazida pelo 25 de Abril de 1974. Em Vila Franca de Xira a sua memória está perpetuada no Museu do Neo-Realismo, na controversa estátua colocada na rua com o mesmo nome – Alves Redol – e num busto colocado na principal escola da freguesia (Escola Secundária Alves Redol).
Alves Redol vai ser lembrado em Vila Franca pelos 100 anos do seu nascimento

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