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Um empresário da restauração que trabalhou numa base americana em Israel

Um empresário da restauração que trabalhou numa base americana em Israel

Joaquim Teixeira Leite é proprietário do restaurante O Bom Garfo, em Santarém

O empresário confessa que a construção foi um interregno numa vida ligada à restauração, actividade que sempre desempenhou com mais gosto.

Oriundo de uma família de Celorico de Basto, Joaquim Teixeira Leite cedo começou a trabalhar. Aos seis anos já ajudava a família na agricultura, completou a quarta classe e ficou-se por ali nos estudos. De um terreno alugado pela família tentaram tirar o máximo proveito mas era muita gente para sustentar. Muitos dos dez irmãos dispersaram-se por vários pontos do país.Um dos irmãos, Manuel Teixeira, fixou-se em Santarém, onde abriu um restaurante. Foi com 20 anos que Joaquim Teixeira Leite saiu da terra natal para vir trabalhar para o irmão em Santarém nos anos 80. Durante vários anos foi seu empregado no antigo restaurante Os Cavaleiros, nas imediações da praça de touros.Aos 30 anos, a vida de Joaquim Teixeira Leite levou uma reviravolta. Esteve até aos 34 anos em Israel a trabalhar no sector da construção. Ajudou a edificar uma base aérea americana em Israel, em conjunto com outros portugueses. “Foi uma época em que Israel vivia em guerra com a Síria e Jordânia. Além disso, é um país de extremos com um Verão muito quente e um Inverno muito frio. Quando tínhamos o sábado à noite livre íamos para uma cidade próxima mas também não havia grande coisa que fazer”, recorda o empresário. O mais positivo é que quando regressou a Portugal teve dinheiro suficiente para construir a vivenda onde ainda hoje habita no Alto do Vale, Vale de Santarém.De regresso a Santarém trabalhou mais alguns anos com o irmão no restaurante, que lhe chegou a subalugar o espaço. Em 1996 Joaquim Teixeira Leite decidiu comprar duas áreas comerciais de um prédio na zona do Sacapeito e ali abriu O Bom Garfo, com sala de restaurante e área de café e snack-bar. O empresário confessa que a construção foi um interregno numa vida ligada à restauração, actividade que sempre desempenhou com mais gosto. Joaquim Teixeira Leite levanta-se às oito da manhã para tratar dos animais de criação que tem em casa: galinhas, frangos, borregos, pombos e cães. Uma hora depois é tempo de ir para Santarém para fazer as compras de peixe, carne e hortaliças nos supermercados da cidade. A mulher, Maria Luísa, mais uma empregada, começam a tratar dos almoços entre as 09h00 e as 12h00. Joaquim prova os pratos e ajuda a afinar os temperos de sal e picante se for o caso. O filho Luís dá uma ajuda em todo o serviço. Para quem ali trabalha o almoço só chega pelas quatro da tarde. Durante o funcionamento do espaço, Joaquim Teixeira Leite vai saltando entre o restaurante e o café, mas prefere servir no restaurante.“O trabalho de restaurante é mesmo só para quem gosta. São 16 horas diárias, seis dias por semana, a preparar almoços e jantares. Até 2005 valeu a pena mas desde então que há muito menos clientes. Cheguei a ter 100 pessoas para o almoço. Se tiver 20 hoje já fico contente”, conta o empresário, que lamenta que não se ponha um travão a todo o tipo de casas que vão abrindo e servem refeições na cidade. “São cerca de 100 restaurantes! A câmara deveria ver quem trabalha bem e não permitir que isto acontecesse”, acrescenta. Pelo restaurante passam todo o tipo de pessoas. Trabalhadores da cidade e outros que estão de passagem, a par de turistas, mais espanhóis e ingleses. Joaquim Teixeira Leite lembra-se de um episódio passado durante uma festa que reuniu um grupo de raparigas com 18 ou 19 anos, para o qual estava reservada a sala de refeições. “Quando cheguei à sala estava uma delas nua. Lá disse para se comporem que estavam num restaurante, mas sem dramas”, recorda, admitindo que não virou a cara quando viu a menina “descascada”.Curioso é verificar que, anos depois da ligação entre irmãos, Joaquim Teixeira Leite trabalha a escassos metros do irmão para quem chegou a trabalhar, já que Manuel Teixeira Leite é proprietário do restaurante A Grelha. “Cada qual gere o seu negócio a partir do que acha que faz melhor. O meu irmão aposta mais nos grelhados. No O Bom Garfo temos mais comida de panela, como o cozido à portuguesa, o bacalhau à casa, frito com rodelas de batatas, ou o pernil assado no forno”, conta o empresário.
Um empresário da restauração que trabalhou numa base americana em Israel

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