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“A cultura é o parente pobre do concelho de Vila Franca de Xira”

“A cultura é o parente pobre do concelho de Vila Franca de Xira”

Cegada Grupo de Teatro comemora 25º aniversário com vários espectáculos

No mês em que o Cegada Grupo de Teatro, de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, comemora os 25 anos de existência os elementos do grupo lamentam que muitos alverquenses desconheçam o seu trabalho. A falta de apoio logístico é outra das dificuldades sentidas.

O Cegada Grupo de Teatro, de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira está a comemorar o 25º aniversário no mês de Março. Depois de um incêndio devastador em Maio de 2006 que destruiu o auditório o grupo continua a debater-se com a falta de apoio logístico. Em época de crise os cegadenses têm pena que a cultura seja sempre prejudicada.“De todas as dificuldades com que nos deparamos a maior é o escasso apoio logístico da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira”, aponta a presidente Margarida Cavaleiro. A autarquia disponibiliza-se a ajudar no transporte mas tem de ser realizado durante o expediente de trabalho dos funcionários. “Não nos negam o apoio directamente mas com esta condicionante acabamos por não o conseguir aproveitar. Todos sabem que trabalhamos voluntariamente no Cegada e durante o dia temos o nosso trabalho normal. É praticamente impossível conseguir arranjar durante a semana dois elementos do Cegada para carregarem o material que precisamos de transportar”, explica. O grupo considera que se a câmara quer uma política local tem de se organizar melhor de maneira a apoiar todas as associações do concelho. Para Joaquim Carreira em época de crise “a primeira coisa a aviar é a cultura, o parente pobre do concelho de Vila Franca de Xira”. Os cegadenses consideram que prestam um serviço à comunidade e sentem-se no direito de reivindicar “as melhores condições possíveis para o conseguirem realizar”. Outro problema premente do grupo de teatro é a falta de pessoas com conhecimentos de luz ou som para ajudar na parte técnica. Há fases em que também sentem a falta de actores, como na última peça -“Cenas de uma Vida Desconhecida”, de Luis Lamancha – em que tiveram de realizar um casting. “Quando convidamos as pessoas a ingressar no Cegada dizem-nos que não têm jeito para representar. Não precisam, as nossas tarefas são imensas e o representar é apenas uma delas”, frisa Mário Freitas. Também têm muita pena que existam muitos alverquenses que ainda desconheçam a existência do Cegada. “Por vezes fazemos uma ampla divulgação e temos a sala com poucas pessoas e outras vezes esgotamos o auditório, o que é estranho”, repara a presidente. Para Mário Freitas a “sociedade está numa fase plástica em que as pessoas se interessam muito pouco pelo teatro e vão mais depressa tomar um café”. Mas não é por isso que baixam os braços. Já vão na 29º produção e no ano passado contabilizaram 26 espectáculos, tirando as peças que tiveram no auditório de outros grupos de teatro. “Fazemos um intercâmbio de grupos de teatro e gostamos imenso porque podemos sempre partilhar experiências e aprender ainda mais”. O grupo mantém a vontade do fundador do grupo, Ildefonso Valério, entretanto falecido, de apresentar peças didácticas à formação do público e inovadoras. No mês de comemorações do 25ª aniversário, “Cenas de Uma Vida Conhecida” sobe ao palco nos dias 18 e 19 de Março, às 21h30. No dia 20 de Março, a peça “Os Outros” será apresentada em Campo Maior, pelas 16h00, ao abrigo do intercâmbio com o grupo ExpressArte. Nos dias 25, 26 e 27 de Março poderá assistir a “Os Outros” no auditório do Cegada, em Alverca, pelas 22h00. Vinte e cinco anos de históriaAs origens do Cegada Grupo de Teatro remontam a finais do ano de 1985 quando se realizou na Casa da Juventude e da Cultura de Alverca um curso de iniciação ao teatro. Daqui resultou a apresentação final do curso: a peça de teatro “O Bilora” de Angelo Beolco. O mote estava dado e em Março de 1986 os formandos decidiram constituir-se em grupo, inicialmente o Núcleo de Teatro da Casa da Juventude e Cultura de Alverca, depois CEGADA - Trupe de Teatro e ainda até hoje, o CEGADA - Grupo de Teatro. Em 1998 o grupo recebeu o Galardão de Mérito Cultural da Cidade de Alverca. Os meses de Março e Abril de 2004 representam outro marco para o grupo que organizou a I Amostra de Teatro de Alverca, trazendo à cidade grupos de teatro do país inteiro em regime de intercâmbio. Depois de 19 anos a errar por várias salas e lojas de Alverca, o Cegada recebe uma das salas das antigas instalações da Filarmónica Alverquense. No final de 2005, morre o membro fundador e encenador até 1999 do Cegada, Ildefonso Valério. Em Maio de 2006 acontece o fatídico incêndio que destrói as instalações do grupo. Segue-se a reconstrução e a realização da terceira e quarta amostras de teatro. 2011 é o ano que está a ser marcado pelas comemorações dos 25 anos do grupo. Um grupo azaradoHoje parece natural que o Cegada Grupo de Teatro ocupe as instalações da Praceta 25 de Abril, em Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xiram, mas na altura foi muito difícil convencer os responsáveis da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira a ceder o espaço. O argumento final acabou por ser a realização da I Amostra de Teatro, entre Março e Abril de 2004, que esgotou vários espectáculos. O pior estava para vir quando uns meses depois um incêndio destruiu o vasto espólio do Cegada e arruinou o auditório. “Foi um dos momentos mais negros do grupo. Neste momento ainda nos debatemos com alguns problemas burocráticos por causa da documentação que perdemos”, conta Margarida Valente. Valeu a ajuda de outros grupos de teatro, algumas entidades e até de cantores que permitiram ao grupo renascer das cinzas. Mas o azar ainda não tinha acabado. Depois de dois meses intensivos a tentar recuperar parte do espólio perdido, as instalações foram assaltadas e o computador onde a informação estava armazenada foi roubado, obrigando o grupo a recomeçar novamente. No ano passado ainda tiveram outra peripécia. Um cano rebentou e alagou o cenário uns dias antes da estreia de uma peça. É caso para dizer que o azar percorre os cegadenses, mas a união do grupo é tão grande que conseguiram ultrapassar os piores momentos.
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