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PJ investiga roubo de azulejos da capela do Hospital da Flamenga em Vialonga

Assalto foi detectado por acaso durante uma visita de estudo de uma escola da freguesia

O roubo de mais de dois mil azulejos do século XVII, retirados da capela do Hospital da Flamenga, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, foi detectado por acaso durante uma visita de estudo. O prejuízo ascende aos 40 mil euros. A Polícia Judiciária está a investigar o caso.

Cerca de dois mil azulejos do século XVII, avaliados em cerca de 40 mil euros, foram roubados da capela do Hospital da Flamenga em Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira.O desaparecimento dos azulejos foi detectado por acaso quando há duas semanas um grupo de alunos de uma escola da freguesia realizava uma visita de estudo na capela do antigo sanatório abandonado há vários anos. Ao abrir a porta professores e alunos depararam-se com um buraco na parede das traseiras da capela, local por onde os larápios entraram. As autoridades acreditam que o roubo durou várias semanas e que os assaltantes tiveram muito tempo para retirar pacientemente os azulejos sem que ninguém se tenha apercebido. Tudo indica que o assalto tenha sido consumado há algum tempo. No chão foram encontrados, além de azulejos partidos, velas, decapantes, mantas e outros produtos usados pelos assaltantes para retirar os quase dois mil azulejos do século XVII que retratavam a vida do mártir Santo António. Só a imagem do santo se salvou no templo onde os azulejos forravam a totalidade das paredes da capela. O espaço foi entretanto selado pela Polícia Judiciária que está no encalço dos assaltantes.“Não fosse a visita dos alunos e ninguém saberia que aquele espaço tinha sido alvo de um assalto”, refere fonte da polícia a O MIRANTE. Para os moradores da freguesia o desaparecimento dos azulejos é “uma perda imensa” para Vialonga e para o concelho de Vila Franca de Xira. Martim Rodrigues lembra que a capela do antigo sanatório era digna de ser visitada. “Além do altar tinha uns azulejos fantásticos pintados à mão. Era uma pena estar sempre fechada. Quem assaltou a capela sabia o que estava lá dentro”, opina.O assalto veio lançar a discussão sobre a forma como o património histórico no concelho de Vila Franca de Xira é protegido e preservado. Um pouco por todo o concelho encontram-se quintas e capelas ao abandono. “Se havia algo tão valioso na capela por que motivo estava desprezado? Por que não tinha um alarme e por que não se faziam visitas regulares ao espaço para saber se estava tudo bem? É descuido de quem manda”, defende outra popular, Irene Dias. Recorde-se que a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira já aprovou a cedência, em direito de superfície, do espaço do antigo sanatório da Flamenga à Fundação Cebi que vai gerir a Unidade de Cuidados Continuados que está prevista para o espaço mas que ainda não avançou. O MIRANTE questionou a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira sobre o assunto sem que nenhuma resposta foi enviada até ao fecho desta edição.Antigo hospital foi palácio senhorialO antigo Hospital da Flamenga, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, instalado num antigo palácio senhorial, foi um sanatório durante vários anos. Durante o Estado Novo e antes do 25 de Abril esteve fechado durante muito tempo. Após 1974 a unidade de saúde foi alvo de um forte movimento popular com vista à sua abertura, mas alguns anos depois voltou a encerrar. Mais recentemente funcionou como unidade de retaguarda do Hospital Reynaldo dos Santos de Vila Franca de Xira até 1998. Foi alvo de uma intervenção em 1999 que custou à Administração Regional de Saúde 350 mil euros. Recebeu vários equipamentos que nunca foram montados. A maquinaria acabou por ser encaminhada para o Hospital de Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira. Exposto ao vandalismo, o edifício foi sofrendo uma lenta degradação. A Junta de Freguesia de Vialonga decidiu em 2008 emparedar as portas e janelas do edifício.

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