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As personagens maravilhosas “Baltasar e Blimunda” ou como um livro pode mudar a vida

As personagens maravilhosas “Baltasar e Blimunda” ou como um livro pode mudar a vida

O escritor e ensaísta Miguel Real falou da obra de José Saramago aos alunos da Escola Secundária de Azambuja

Um livro como “Memorial do Convento”, de José Saramago, pode mudar a vida de quem o lê. O escritor e ensaísta Miguel Real falou do Prémio Nobel da Literatura aos alunos da Escola Secundária de Azambuja que têm este livro entre as obras obrigatórias do programa do português do 12º ano.

“«O Memorial do Convento» é um daqueles livros que muda a nossa vida”. Foi assim que o escritor e ensaísta Miguel Real começou na sexta-feira, 25 de Março, a conversa com os alunos da Escola Secundária de Azambuja sobre o livro de José Saramago, uma das obras obrigatórias do programa de português do 12º ano. Foi com esta obra que o Prémio Nobel da Literatura deixou de ser conhecido somente nos meios intelectuais para se tornar mais aceite por todos. Na opinião deste ensaísta José Saramago subverteu as regras do romance histórico. “Tendo em conta que Eça de Queiroz sempre tratou mal as mulheres nos livros Saramago queria fazer uma história de amor entre Blimunda e Baltasar, como em Portugal nunca se tinha escrito”, nota. Mas como os amores nos romances não ficam na memória José Saramago teve, segundo o orador, de dar um fim trágico à história. “O Baltasar, que já tinha perdido uma mão, acaba por morrer na fogueira da inquisição e Blimunda acaba por perder-se”, conta Miguel Real sobre a progressiva destruição do amor entre os protagonistas. Tudo acaba aparentemente mal, mas como é um romance maravilhoso também tem de acabar bem: “A utopia concretiza-se no presente e já não existe só o céu e a terra, mas também o espírito”. José Saramago procura um “sagrado em decadência”, recuperando as medicinas alternativas, o paganismo, o animismo popular, as bruxas. Embora existam muitas vozes que classifiquem “O Memorial do Convento” como um livro de literatura fantástica, o que sempre desagradou ao Prémio Nobel da Literatura, Miguel Real salienta que o livro não é um romance realista, as personagens não são fantásticas, mas têm algo de maravilhoso. O encontro, que decorreu no Páteo Valverde, em Azambuja, inseriu-se na semana de leitura, organizada pelo Agrupamento de Escolas de Azambuja, que decorreu entre 21 e 25 de Março.
As personagens maravilhosas “Baltasar e Blimunda” ou como um livro pode mudar a vida

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