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31 anos do jornal o Mirante

David Silva

32 anos, técnico cultural, Vila Franca de Xira

Nasceu a 19 de Abril de 1978, no Dia de Santo Expedito, o padroeiro das causas perdidas. Nunca se interessou muito pelas brincadeiras de rua. Os livros, a escrita, o desenho e a pintura estiveram sempre no centro dos seus interesses. Depois de colocar o Direito de parte, acabou por se licenciar em Estudos Portugueses na Universidade Nova de Lisboa. É um dos rostos mais conhecidos da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. Divertido e comunicativo, David Silva preocupa-se em servir os outros, aproveitando todos os instantes da vida.

Fui sempre uma criança demasiado adulta para a idade. Não era uma criança muito brincalhona, gostava mais de estar a observar os meus amigos a brincarem. Lembro-me de jogar muito mal ao berlinde mas sempre tive muita facilidade em conversar com pessoas de todas as idades. Com apenas 10 anos li “Eurico, o Presbítero” do Alexandre Herculano. Só consegui compreender toda a história e decifrar o vocabulário intrincado quando li pela quarta vez o livro. Depois de ler colecções como “Uma Aventura” ou o “Triângulo Jota”, a leitura do Eurico atirou-me para leituras mais difíceis. Lembro-me de ler com 12 anos o Umberto Eco ou a versão integral de “O Senhor dos Anéis”. Toda esta bagagem me permitiu chegar ao 9º ano e ler sem qualquer dificuldade a edição integral de “Os Lusíadas”. Nunca deixei de ver desenhos animados. Em miúdo sempre adorei ver desenhos animados e até decorava as músicas todas. Hoje continuo a ver. Dou por mim, às vezes, a ver desenhos animados às 02h00 quando não consigo dormir. A maior parte das pessoas que vê não consegue confessar. Lembro-me da “Clementine”, das “Maravilhosas Cidades de Ouro”, do “Dartacão” e das “Navegantes da Lua”. Na faculdade gostava de assistir a aulas de Japonês e Hebraico. Eram aulas que não tinham a ver com a minha área mas sempre fui muito curioso. Não segui Direito como sempre planeei e acabei por tirar Estudos Portugueses na Universidade Nova de Lisboa. Tenho uma grande paixão pelo latim e pela nossa língua. Nunca quis transformar em profissão o que me dá prazer. Desenho e pinto com alguma regularidade. Nos meus momentos de emoções extremas, quando estou muito triste ou esfuziante, costumo desenhar e pintar. Utilizo diversas técnicas de pintura. O que mais me interessa é o retrato. Dou sempre os meus quadros que não sinto como obras de arte. Escrevo cartas à mão. Para aproveitar as insónias, escrevo cartas no papel. Envio depois pelo correio ou entrego em mão. Em resposta costumo receber um email de agradecimento ou uma SMS. As cartas permitem-me aproveitar um conceito, uma ideia ou uma reflexão sobre qualquer assunto. Também escrevo regularmente poesia, mas vai sempre para a gaveta, muito dificilmente a publicaria. Fui calceteiro em Lisboa. Estava na Universidade Nova de Lisboa a tirar Estudos Portugueses quando me surgiu a vontade de aprender a calcetar ruas. Temos uma série de traumas em relação à educação. Distinguimos o conhecimento dos doutores, dos técnicos e dos profissionais do trabalho braçal. Na Câmara Municipal de Lisboa aprendi muito sobre a arte da calçada e cheguei a ir calcetar para a rua. Ninguém planta pessegueiros para comer pêssegos mas para que os filhos os venham a comer. Essa lógica de servir é aquela em que me revejo, tentar deixar sempre pintada a eternidade para os outros. Todos os instantes devem ser aproveitados porque a vida é preciosa.Eduarda Sousa

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