Enquanto cozinheira, qual foi o pedido mais estranho que lhe fizeram?Uma vez pediram-me uma omeleta com bacalhau assado. As empregadas perguntaram se eu ia fazer. Eu disse: porque não? Era para um senhor estrangeiro. O cliente veio nos três dias seguintes e comeu sempre o mesmo. Seja o que for de menos normal, eu tento ir ao encontro do cliente. Esta história foi recente, mas há vários casos. Nunca digo que não se faz, vai-se tentando.Já alguma vez foi chamada à sala por algum cliente?Eu não preciso que me chamem. Desde que haja algum tipo de situação na sala, um cliente insatisfeito, eu mesma vou ao seu encontro. Dificilmente deixo que o caso chegue a um ponto em que os clientes queiram pedir o livro de reclamações. Gosto muito do que faço e gosto muito do público.É um bom garfo?Infelizmente sou um bom garfo e gosto de comida boa, bem apaladada, não propriamente cara. E sou boa observadora. Têm que se fazer as coisas com amor e carinho, porque esta é uma área complicada e delicada. É o que transmito sempre a quem trabalha comigo. Apostar na simpatia. Tenho muito respeito pelo cliente.Estamos mesmo em crise?Sim, nota-se a crise. O cliente vem com menos frequência. Nós vamo-nos adaptando, procurando ir ao encontro das suas possibilidades.Onde pensa ir passar as suas férias?Devido à situação de crise, nem férias vou fazer este ano. Mas costumo ir para a praia da Nazaré.Costuma ir a Fátima por alturas do 13 de Maio?Não, pelo 13 de Maio não. Mas é um local onde me sinto bem e vou muitas vezes, de preferência a pé.O que pensa das obras do IC9 no concelho de Ourém, nomeadamente o túnel que construíram aqui na freguesia de Gondemaria?Não vejo grandes benefícios. Veio-nos destruir os nossos cantinhos perfeitos, as nossas Uchas e a Achada. Destruiu-se a paisagem natural e o caminho de peregrinos que ali existia. Não sou muito a favor.Vai votar nas próximas eleições?Já não votei nas últimas eleições e não voto nestas. Desacreditei nos nossos políticos. Temos um país lindo mas muito mal governado.A nova geração está mesmo à rasca ou não quer trabalhar?Tenho essa geração em casa. 80 por cento não lutam. E é uma luta todos os dias. O país sem trabalho não vai para a frente. Mas a culpa não é bem dos jovens, é também da geração dos pais. Não os ensinámos a pescar…O que faria se, de repente, ficasse sem emprego?Com 60 anos… talvez dormir para debaixo da ponte!Onde se deve investir em tempos de crise?Ainda temos muito para investir em Portugal, mas o futuro está em Angola ou no Brasil. Para as novas gerações, o caminho está em África e na China. Mas no turismo e restauração há muita coisa por fazer em Portugal.