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Rei de Espanha condecora o professor José Falcão a quem Alpiarça muito deve

Vi há dias, na televisão espanhola, o rei Juan Carlos a condecorar, com a cruz da Ordem Civil de Afonso X, o Sábio, uma pessoa a quem Alpiarça muito deve: o Prof. José António Falcão. Tendo conhecimento directo do notável trabalho que este investigador e conservador de museus fez na Casa dos Patudos, primeiro como conservador (1993-1996), depois, numa segunda fase, como director (2002-2008), quero regozijar-me pela elevada distinção que o país vizinho lhe concedeu. Li nos nossos jornais que a comenda lhe foi atribuída a pedido do Ministério da Educação e Ciência de Espanha. Se calhar, os espanhóis são menos ingratos do que os portugueses...Como é sabido, José António Falcão fez um trabalho importantíssimo na Casa dos Patudos, estudando e reorganizando as suas colecções, promovendo o seu restauro, apresentando o seu espólio em exposições e fazendo editar livros. Quem não se lembra do êxito da exposição feita na Feira Nacional do Touro, no CNEMA, em 2006, a pedido do Engº Joaquim Pedro Torres? Foi vista por mais de 10.000 pessoas em três dias!Enquanto conservador e director, José Falcão foi também um grande entusiasta da abertura a novos públicos e da colaboração de jovens estudantes. Deu igualmente a mão a muitos investigadores. E teve um papel decisivo na preparação do lançamento das obras de conservação da antiga mansão Relvas. Porém, o facto de ser uma personalidade independente, especialista em arte sacra, não foi bem visto por alguns sectores fora de Alpiarça. Apesar da sua fidelidade à figura patriarcal de José Relvas e da efectiva visibilidade que deu aos Patudos, quando se aproximou o Centenário da República acabou por sair.A saída, pressionada pela Câmara, ficou a dever-se à suposta substituição da figura institucional do director, usual em todos os museus, por um “conselho consultivo”, idealizado pelo ex-presidente Rosa do Céu (PS) e pela ex-vereadora Vanda Nunes (PS), conselho esse que nunca chegou a funcionar. Era um pretexto para chamar pessoas mais afectas a quadrantes bem conhecidos.O Prof. Falcão saiu então da Casa dos Patudos com muita dignidade, deixando um extenso relatório de tudo o que fora feito nos últimos anos... e apontando rumos para o que havia a fazer. O museu nunca mais levantou cabeça; os cem anos da República passaram sem pena nem glória. A Casa dos Patudos, embora sujeita a obras, está quase morta. Mesmo com a mudança política da Câmara, persistiu a apatia...Quanto a José António Falcão, regressou ao seu benquisto Alentejo, onde prossegue um trabalho notável, muito apreciado e premiado. Os meios de comunicação social acabam de noticiar o estrondoso sucesso de mais uma das suas iniciativas, o Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, que é já acontecimento internacional. Resta perguntar: o que não se poderia estar a fazer agora em Alpiarça se os edis, ao invés de obedecerem a ditames vindos de fora, tivessem sabido abrir os olhos e manter no activo o melhor director que a Casa dos Patudos alguma vez teve? Não há pior cego do que o que não quer ver. Fica-nos uma consolação: esteja onde estiver, o Prof. Falcão nunca deixa de elogiar Alpiarça e de falar entusiasticamente da Casa dos Patudos. Mesmo “desterrado”, é o seu melhor embaixador.Com os meus cumprimentosMaria Campilho

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