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O comerciante que gostava de ter sido jogador de futebol

O comerciante que gostava de ter sido jogador de futebol

Fernando Orge é um alverquense de gema que não vira as costas ao trabalho

É comerciante de uma loja de artigos desportivos em Alverca, concelho de Vila Franca de Xira e confessa que o seu sonho era ser jogador de futebol e professor de línguas.

O dia de trabalho de Fernando Sérgio Orge, 48 anos, parece igual todos os dias mas não é. Há sempre algo diferente para fazer, seja a gravação dos nomes dos vencedores de uma prova desportiva numa taça, de logótipos numa peça de roupa ou na venda de artigos de pesca. Para este comerciante natural de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, trabalhar não é um estigma e só lamenta ter abandonado os estudos precocemente. Gostava de ter sido jogador de futebol e professor de línguas.Fernando já era um rosto conhecido da cidade mas foi ao assumir a presidência do Futebol Clube de Alverca, no final de 2010, que a vida deu um pulo. “Passei a ter menos tempo para mim”, lamenta, enquanto garante que é “muito gratificante” estar à frente do clube da terra. Nasceu em 1963 na zona do jardim do bairro de Alverca. “Era uma terra pequena naquele tempo, em que toda a gente se conhecia e onde as pessoas iam convivendo. Não havia o problema do trânsito e as pessoas jogavam à bola na rua e brincavam sem colidir com os carros”, recorda. É filho único e teve uma boa infância. Os professores da escola foram sempre boa gente e só lamenta ter abandonado os estudos precocemente, ao sétimo ano, para perseguir um sonho que é, na maior parte das vezes, difícil de agarrar.“Não estudei mais porque entretanto comecei a jogar futebol de uma forma mais oficial. Primeiro no Alhandra Sporting Clube e depois durante três épocas no Sport Lisboa e Benfica. Foi aí que cresci enquanto homem”, garante. Fernando Orge bateu na redondinha entre os 12 e os 30 anos. Passou também por Salvaterra, Samora Correia e Almeirim. “Eu queria ser jogador de futebol mesmo antes de isso ser uma profissão milionária”, confessa. Na altura, o pai de Fernando era proprietário de uma das lojas de desporto mais antigas da cidade. “Estávamos em 1974 quando ele começou a vender umas camisolas semelhantes às Adidas, que não existiam cá. Foi uma grande revolução”, confessa. Porém o pai de Fernando Orge não gostou que o filho vivesse na ilusão de ser jogador de futebol para sempre e colocou-o a trabalhar na loja, logo aos 13 anos. “Mesmo assim continuei sempre ligado ao futebol. Depois de ser jogador fui tirar o curso de treinador, os três níveis”, informa. Na qualidade de treinador passou por Samora Correia, Vialonga, Sacavenense, Tires, Loures e Madalena do Pico, nos Açores.Está retirado há um ano. “A vida vai dando algumas voltas e em termos profissionais e familiares tive de fazer opções e abandonar a carreira de treinador, que era algo que me dava muito prazer”, confessa.A profissão de comerciante está-lhe no sangue, nunca fez outra coisa ao longo da vida, sempre ligado aos artigos de desporto. “Temos feito um percurso comercial normal com tempos melhores, tempos piores e actualmente com o comércio local a sofrer um pouco a crise e os problemas do país. Já abri a minha loja há 25 anos. Já passámos por muitas crises. Umas melhores, outras piores. Agora estamos a passar por outra crise mas acreditamos que vamos conseguir manter-nos e continuar por cá para servir a população de Alverca”, defende.Fernando Orge defende que o comércio é “importante para a cidade” porque pode oferecer o que as grandes superfícies não conseguem. “O contacto com o cliente, sobretudo”, refere. Levanta-se todos os dias pelas 08h00 e vai para a loja, onde tem sempre que fazer. “Atendo o público, preparo algumas gravações em taças e desenho os traços no computador, que exige alguma paciência”, confessa. O que mais vende são iscos, bóias e canas de pesca. O facto do Tejo estar a começar a ficar mais despoluído tem facilitado a vinda de peixe. “Não me consigo imaginar a ter um patrão, gosto de fazer as coisas bem e à minha maneira. Mas se a vida me obrigar a isso estou aqui para trabalhar”, garante.
O comerciante que gostava de ter sido jogador de futebol

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