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Governo não ajuda sector na investigação e combate à praga da cortiça

Governo não ajuda sector na investigação e combate à praga da cortiça

A cobrilha, o insecto parasita da cortiça, custa ao sector corticeiro cerca de dois milhões de euros anuais em prejuízos na qualidade do produto. O presidente da Associação de Produtores Florestais de Coruche, José Miguel Coutinho, lamenta que o Ministério da Agricultura não ponha técnicos e investigadores no combate a uma praga que não está estudada nem controlada, num sector exportador e criador de postos de trabalho, onde Portugal é único no mundo.

O sector corticeiro é dos que mais cresce no actual contexto de crise, com aumento das exportações e criação de empregos, mas não obtém do Ministério da Agricultura o devido retorno quando se fala no combate à praga que tem atacado a cortiça. Quem o admite é o presidente da Associação de Produtores Florestais de Coruche (APFC) em conversa com O MIRANTE, durante a inauguração da Ficor - Feira Internacional da Cortiça, que se realizou em Coruche de quinta-feira a domingo.José Miguel Coutinho defende que a tutela tem áreas a que se pode dedicar, como a investigação e o combate à praga que atinge os sobreiros, que custa ao sector dois milhões de euros por ano. “Uma praga que custa dois milhões de euros ao sector em cortiça desvalorizada e na fabricação industrial. O parasita da cortiça é um insecto que se chama cobrilha e a praga não está controlada nem estudada. Trata-se de um insecto que pica a cortiça e coloca os seus ovos no entrecasco, de onde nasce uma lagarta que marca a cortiça toda por dentro. O sector corticeiro é de tal maneira abrangente a nível nacional e não existe no ministério nenhum gabinete a estudar o combate à praga”, lamenta o presidente da APFC. José Miguel Coutinho sabe que existem técnicos e investigadores da cortiça e do montado do sobro no Ministério, mas “a fruta não extrai sumo”. Não sua opinião, não há resultados práticos nem interacção com o sector, a iniciativa parte sempre de produtores e industriais ou quando há parcerias com universidades. “Existe a ideia que se trata de um sector de ricos que não precisam de ajuda para nada”, acrescenta.“Investimento de loucos ou para as gerações futuras”Confrontado com a histeria que muitas vezes rodeia o abate de meia dúzia de sobreiros para projectos públicos ou privados, José Miguel Coutinho diz que tem pena que se deitem sobreiros abaixo. Lembra que desde que é plantado até dar a primeira cortiça o sobreiro precisa de viver 40 anos. “É um investimento inacreditável tendo em conta os tempos que correm”. O presidente da APFC admite, no entanto, que existe um contra-senso no alarido público causado pelo abate de alguns sobreiros quando um grande número de árvores pode morrer num incêndio florestal devido à falta de limpeza de caminhos, de acessos e em redor do próprio montado. Refere que esse é um descuido que não existe nas propriedades que integram zonas de intervenção florestal (ZIF).No caso da APFC, dispõe de uma equipa de sapadores florestais com viatura equipada com kit de combate a incêndios, que actua de forma rápida procurando a origem das chamas e que facilita muitas vezes a vida aos bombeiros, evitando incêndios de grandes proporções e com prejuízos para o sector florestal.A Ficor realizou-se entre 24 a 27 de Maio com mais 12 expositores que em 2011. Exemplo do peso do sector corticeiro é que em apenas quatro dias de feira foram transaccionadas, na chamada Bolsa da Cortiça, mais de 500 mil arrobas.Dionísio Mendes, o presidente da Câmara de Coruche, era um homem orgulhoso pelo êxito da iniciativa e pela possibilidade de organizar uma feira que faz toda a diferença na região.Aposta na formação de tiradores A APFC vai promover cursos de formação de extracção de cortiça. Pelo concelho de Coruche há, na altura das tiradas, centenas de tiradores que não têm formação específica e que podem picar o sobreiro condicionando a matéria-prima nas próximas tiradas de cortiça . “Não faz sentido que tenhamos propriedades certificadas e que as pessoas que fazem a tiragem da cortiça não tenham essa formação”, conclui José Miguel Coutinho.
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