uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Mobilização precisa-se para preservar gastronomia tradicional de Vila Franca

Mobilização precisa-se para preservar gastronomia tradicional de Vila Franca

Vários factores levam empresários da restauração a apostar em pratos menos trabalhosos

O concelho de Vila Franca de Xira tem um valioso património gastronómico que corre o risco de se perder se não for defendido. O tema esteve em debate no último encontro do observatório de inovação e desenvolvimento local, no auditório da Junta de Freguesia da cidade.

Se nada for feito nos próximos anos o concelho de Vila Franca de Xira corre o risco de perder grande parte do património gastronómico. O alerta sobressaiu na última sessão do observatório de inovação e desenvolvimento local, realizado na noite de 26 de Maio, quinta-feira, no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. O debate contou com a presença de três empresários que têm ideias inovadoras e também com o agrupamento de escolas Dr. Sousa Martins, que tem em curso um programa educativo que inclui a preservação da gastronomia local.Os empresários da restauração têm que mobilizar-se e apostar mais nos pratos tradicionais enquanto que os clientes de Vila Franca têm de “abandonar preconceitos e comprar e consumir localmente”. A opinião foi partilhada também por duas dezenas de pessoas que assistiram à sessão, quer no auditório, quer em casa através da transmissão on line (ver caixa).“A nossa riqueza gastronómica ainda não se perdeu completamente mas temos de a agarrar. Infelizmente não há muita partilha entre os comerciantes e empresários e algum egoísmo na vontade de ter sucesso”, defende João Amaral, proprietário de uma pastelaria da cidade que confecciona pastéis de nata de chocolate e que recuperou doces do tempo de Alves Redol, como os garraios e os sonhos. Convidado a falar foi também Daniel Pinto, proprietário de uma fábrica de panificação do concelho. Começou o negócio em Janeiro de 2009 com 13 clientes, “todos amigos”. Hoje tem seis mil. Vende o pão e entrega-o de manhã na casa das pessoas. “Como se viu o vilafranquense não quer centros comerciais, quer andar a palmilhar a rua. Temos de encontrar formas de preservar a nossa identidade e estimular o negócio local, com a realização de uma feira franca onde por um dia tudo esteja a ser vendido a metade do preço, como antigamente”, defendeu Daniel Pinto.O presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, José Fidalgo, lamentou que sempre que se tenta mobilizar um evento ligado à gastronomia da cidade a primeira pergunta dos empresários seja “quanto pode a junta dar de apoio” e ironizou: “Isto é como o velho adágio, ou optamos por chorar ou optamos por vender lenços”. Outra empresária da cidade do ramo da restauração, Maria José, deu o seu exemplo no que toca à vontade de criar algo diferente. “Começámos a vender fast-food mas depressa percebemos que poderíamos ter um nicho de mercado nos pratos mais tradicionais. Tenho gente a preferir um bitoque ao sável mas temos uma identidade gastronómica que queremos manter”, disse, salientando que os clientes do restaurante recebem diariamente por e-mail as ementas da casa. O presidente da assembleia de freguesia de Vila Franca de Xira, Orlando Ferreira, criticou o facto dos vilafranquenses serem “mesquinhos o suficiente para ir comprar a Lisboa em vez de comprar cá” e apelou a uma mudança de mentalidades.Na sessão esteve presente também Rafael Sobrinho e Helena Rodrigues, professores do agrupamento de escolas Dr. Sousa Martins, que têm em curso o projecto “Comenius, Sabores da Europa”, com os alunos da EB1 nº4 e jardim de infância do Bairro do Paraíso. Entre outros objectivos o projecto visa preservar a identidade gastronómica do concelho com os mais novos a juntar receitas do tempo dos avós. “Andamos um bocado adormecidos e é sempre preciso haver alguém que diga que é possível fazer melhor”, defendeu Helena Rodrigues. Cabrito à vilafranquense, coelho da horta, cozido de carnes bravas, dobrada à Vila Franca, galinha de cabidela, açorda de sável, pica-pau de touro bravo, caldeirada mista, enguias à pescador e ensopado de bacalhau são alguns dos pratos típicos do concelho que, actualmente, são “muito difíceis se não mesmo impossíveis de encontrar” nos restaurantes, na opinião dos presentes.Sessão transmitida online A última sessão do observatório de inovação e desenvolvimento local da cidade, realizada na noite de 26 de Maio no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, foi transmitida via Internet. Esta foi uma forma encontrada pela Junta de Freguesia de levar o debate mais longe e alcançar novos públicos. Quem assistiu ao debate através da web teve ainda a oportunidade de colocar questões aos presentes e divulgar as suas opiniões sobre o tema em discussão através da rede.
Mobilização precisa-se para preservar gastronomia tradicional de Vila Franca

Mais Notícias

    A carregar...