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Clima de insegurança não afasta ninguém das festas da cidade

A maior parte dos entrevistados por O MIRANTE considera que o dinheiro gasto nas festas da cidade é bem gasto, embora alguns aplaudam a redução dos custos. A preocupação com o clima de insegurança que se vive na cidade não é escondida. Alguns não compreendem porque é que ainda não foi neutralizado o grupo que é apontado como responsável por assaltos e agressões. Outros defendem o reforço do policiamento. Seja como for, ninguém vai deixar de ir às festas da cidade por causa disso.

Maria Otília Carlinhos, 50 anos, Rossio ao Sul do Tejo - Abrantes“As festas dão muita vida à cidade”Gestora, a par do marido, do restaurante “Vera Cruz” em Rossio ao Sul do Tejo Abrantes, Maria Otília Carlinhos diz que nunca teve motivos para se sentir insegura. Nunca foi ameaçada ou assaltada. “Gosto muito de dar uma voltinha à noite na cidade. Há quem diga que é muito escura, muito parada mas eu não partilho essa opinião”, refere. Considera que o Conselho Municipal de Segurança, que está a ser organizado pela autarquia, pode vir a tranquilizar a opinião pública. “Penso que pelo menos, ao saberem da sua existência, as pessoas mais idosas vão ter mais vontade de sair de casa”, opina. Por estes motivos não vai deixar de ir às festas do concelho. “Dão muita vida à cidade e trazem muitas pessoas até Abrantes pelo que dinheiro gasto é muito bem empregue. É bom para todos”, sustenta. Frederico Marcelino, 27 anos, Rossio ao Sul do Tejo - Abrantes“Sinto-me perfeitamente seguro em Abrantes”Sente-se “perfeitamente” seguro em Abrantes e considera que existe algum alarmismo em redor desta questão. “Aqui há pouco tempo fui a Setúbal e tinha uma colher de um gelado posta na fechadura do carro o que aqui nunca me aconteceu”, conta Frederico Marcelino. O técnico de reparações nunca foi agredido ou ameaçado. Mesmo assim considera que o Conselho Municipal de Segurança pode vir a ser uma solução para o centro da cidade que, já por si, está bastante patrulhado o que não acontece em Rossio ao Sul do Tejo. “Nunca iria deixar de ir às festas por causa da questão da segurança”, atesta, acrescentando que o valor investido nas festas acaba sempre por ter retorno para quem nelas participa. João Paulo Gomes, 37 anos, fotógrafo, Abrantes“Mais policiamento na rua era suficiente”Sente-se seguro em Abrantes embora já tenha ouvido falar de casos que reportam assaltos ou alguma violência. “Até à data a insegurança ainda não me bateu à porta”, refere a sorrir João Paulo Gomes, que tem uma loja na zona do centro histórico de Abrantes. Para o fotógrafo, o Conselho Municipal de Segurança, que está a ser instituído pela autarquia, poderá tranquilizar a opinião pública face às notícias que têm sido divulgadas pelos Média. “Alguma coisa tem que ser feita e o Conselho Municipal de Segurança pode ser o início de algo. Penso que a presença policial, em maior número de agentes e com mais frequência, era suficiente”, atesta. E não são as notícias que lê ou as histórias que ouve que o demovem de ir às festas. “É um dinheiro bem empregue. As festas fazem parte desta cidade. Mais pequenas ou maiores têm que existir porque revitalizam uma cidade que, muitas vezes está morta”, aponta.Sylvie Alvarez, 27 anos, Abrantes“Estamos numa fase complicada a nível de assaltos”Administrativa na ClenLab, Catarina Pires confessa que não se sente segura em Abrantes. “Estamos numa fase complicada a nível de assaltos e acho que a vigilância policial não é suficiente”, considera a jovem. Mais patrulhas na rua, durante o dia e a noite, seria uma possível solução a adoptarem com vista à diminuição de casos. Para a jovem, o Conselho Municipal de Segurança poderá ser uma solução acompanhada do reforço do número de agentes colocados na rua e que estes, para se protegerem, deviam andar com a cara tapada. Apesar de estar preocupada com a questão de segurança não vai deixar de ir às festas do concelho. “Vou porque vou acompanhada mas vou ter mais cuidado do que habitualmente, nomeadamente com a escolha do local para estacionar o carro”, refere. Mesmo com crise, defende que as festas devem realizar-se porque é um evento importante para a cidade, “que é muito bonita, do ponto de vista turístico”, acrescenta. Catarina Pires, 22 anos, Abrantes“Mais polícia de choque na rua”Catarina Pires tem uma opinião muito tácita sobre a questão da segurança. “Não me sinto segura em Abrantes especialmente por causa do que tem acontecido nos últimos tempos”, refere, contando que roubaram a moto do irmão mesmo em frente à sua casa. Para esta jovem, o Conselho Municipal de Segurança pode vir a ser parte da solução do problema desde que isso passe por colocar mais policiamento nas ruas e até polícia de choque. Deste modo, alguns grupos mais problemáticos poderiam ser dissuadidos das suas intenções. Mesmo assim, Catarina não deixa de ir às festas de Abrantes. “São festas com muita gente e, se por acaso houver confusão, temos que nos afastar e ir embora”, refere a jovem que lamenta que, por questões de insegurança, as duas únicas discotecas em Abrantes tenham encerrado. A jovem considera que o dinheiro gasto nas festas, apesar de estarmos em crise, é bem empregue porque dá um novo ambiente à cidade. José Silva, 62 anos, Abrantes“Há malfeitores em todos os cantos”Aposentado, José Silva diz que não se sente seguro em Abrantes e até já presenciou uma cena de pancadaria na Praça Barão da Batalha, onde o entrevistamos. “Há para aqui malfeitores em todos os cantos”, sustenta o abrantino. A solução para este problema passa por trazer mais polícias para patrulharem não só o centro histórico mas toda a cidade. Defende ainda que os polícias que deviam actuar em Abrantes não deviam ser daqui, por uma questão de se protegerem de represálias. “Podiam vir para aqui os polícias de Torres Novas e vice-versa”, sugere. Mesmo assim diz que participa nas festas apesar de sair do recinto antes destas terminarem porque o ambiente fica mais propício a confusões. O munícipe acha ainda que a crise não justifica a suspensão da festa anual. “Poupem é nas festas que não têm razão de existir. Mas a festa da Cidade, é bom que se faça sempre”, considera. Filipe Gomes, 49 anos, Abrantes“Assiste-se a um sistema de impunidade”Com uma porta aberta no centro histórico, de onde já lhe levaram “uns trocos”, Filipe Gomes diz que, mesmo assim, se sente seguro em Abrantes. Considera que o problema da insegurança reside apenas em alguns indivíduos, já referenciados pelas autoridades há alguns anos, mas que continuam a protagonizar as mesmas situações não só na cidade como nas freguesias. Para o munícipe, assiste-se actualmente a um “sistema de impunidade” no qual os infractores são libertos “ora porque são jovens, ou porque vão ser integrados ou porque as provas são inconclusivas”, exemplifica, considerando que a culpa é das leis que regem a justiça portuguesa. Regista com agrado o facto de, há uns tempos para cá, ver algumas brigadas de intervenção na rua que podem, de certo modo, diminuir o número de ocorrências, transmitindo um sentimento de maior segurança à população. Não vai faltar às festas e considera que o facto de existir mais gente na rua aumenta o nível de segurança. Quanto ao dinheiro gasto nas festas é um bom investimento. “Sei que fizeram alguma contenção nas despesas com as festas deste ano mas se não as fizerem a cidade de Abrantes não mexe”, diz.

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