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Falta de representações estrangeiras é um retrocesso que marca a Feira Nacional da Agricultura

José Andrade, José Miguel Noras e Ludgero Mendes dão as suas opiniões sobre este certame
A ausência de representações de outros países na Feira Nacional de Agricultura em Santarém constitui um retrocesso na importância do certame que se realiza em simultâneo com a Feira do Ribatejo e que este ano decorre de 4 a 12 de Junho no Centro Nacional de Exposições. José Manuel Andrade, que já dirigiu o certame, não tem dúvidas que a presença de representantes estrangeiros era “fundamental para divulgar a produção nacional e apoiar o desenvolvimento da agricultura portuguesa”. Pelo que considera ser um “aspecto negativo” a perda de contactos com os estrangeiros que há uns anos vinham a Santarém. Nesse sentido aponta também o ex-presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras, realçando que uma feira que já teve presentes países como França ou Alemanha “devia refundar-se olhando sem saudosismos esse passado em que a feira era na realidade um marco da maior referência no plano ibérico e europeu”. E acrescenta que se devia fazer um esforço para que os estrangeiros sentissem que valia a pena serem visitas assíduas de Santarém. Ludgero Mendes, presidente do Grupo Académico de Danças Ribatejanas e vereador socialista na Câmara de Santarém, acrescenta que neste aspecto “há um retrocesso”, apesar de ter vindo a ser feito um esforço de dar mais tipicidade ao certame. Sendo a maior manifestação do concelho, também há um aspecto que se tem vindo a perder, como a ligação à cidade. Um “divórcio”, nas palavras de Ludgero Mendes, que “tarda em ser remediado”. “A feira tem um peso grande no espírito das pessoas de Santarém que a visitam sobretudo à noite, mas isso não elimina o facto de haver um divórcio entre o CNEMA (entidade organizadora) e a câmara”, que até é a segunda maior accionista da entidade a seguir à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Por isso sugere que devia ser retomado o antigo concurso de montras que se fazia no comércio da cidade e lançar por exemplo um concurso de fado antes do início do certame mas que culminasse neste.Nos últimos anos tem-se optado por fazer grandes concertos musicais no recinto e aqui as opiniões dividem-se. José Miguel Noras considera que a feira devia apostar em “diferentes fóruns de reflexão com especialistas nacionais e estrangeiros em ordem a responder às questões que mais importa ultrapassar no futuro em Portugal”. Já Ludgero Mendes entende que os concertos são apelativos para os jovens e que contribuem para uma diversidade de actividades. E reforça esta posição dizendo que “a feira mantém-se no equilíbrio da vertente técnica com a vertente mais tradicional”. Falando das questões ligadas às tradições e à sua representatividade na feira, José Manuel Andrade e José Miguel Noras são da opinião que tem havido alguma descaracterização. “A Feira Nacional de Agricultura cada vez tem menos aspectos ligados à agricultura, passou a ser uma festa de música. O ruralismo era importante preservar”, diz José Manuel Andrade, porque, explicita, “transformar a feira numa mostra dos aspectos técnicos é insuficiente”. José Miguel Noras complementa: “Perdeu-se muito do que era a Feira do Ribatejo”, mais virada para as manifestações típicas da região. Situação da agricultura portuguesa também tem influênciaTodos estão de acordo que o momento que se vive na agricultura nacional tem influência no certame. “À medida que a nossa agricultura foi paga para ser desmantelada a feira foi acompanhando esse declínio”, sublinha José Miguel Noras. “Infelizmente a Feira Nacional de Agricultura sofreu com a quebra da importância da agricultura portuguesa”, reforça José Manuel Andrade que é também agricultor. Ludgero Mendes defende que se tem que encarar a feira como ela é hoje, realçando que agora até há mais grupos de folclore a actuar no recinto. Mas reconhece que as transformações que tem havido no sector agrícola têm trazido alguns constrangimentos, como o facto de cada vez haver menos campinos. Explica que “a feira é o esforço da representação da actividade agrícola, mas a agricultura é uma vertente que não tem sido potenciada”, porque, salienta José Manuel Andrade, tem havido “erros políticos” neste sector de actividade.

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