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“Dizeres do Povo”

Todos os meses do ano têm a sua antologia, que era sagrada na cultura tradicional popular, muito usada pela ralé. De entre elas hoje recordo o mês de Maio precisamente porque se trata da data em que estamos relacionados a começar por aqui:Em Maio/ Tudo são favas/ Maio Maiuco/ É o mês que/ Canta o cucoOra como se sabe o cuco é de etnia dos voadores e o seu habitat o arvoredo, onde ao findar do dia lá está com a sua melodia em tom grave: cucu-cucu-cucu, som a encher de lés a lés, vales e montes, papa lagartas, penas negras agoirentas, muito individual, trepador, família dos corvídeas, frequente em Portugal na Primavera, rabi longo, também conhecido por pega-cuca. Deve ser o cuco, de entre todas as aves, a que menos amor tem aos filhos. Para todas as outras o ninho é a luz dos seus olhos e o seu coração; para ele vivem e por ele são capazes de morrer. O cuco não faz ninho, rouba-o aos outros. E de outra forma segue-se:Não há Maio sem trovões/Nem burros sem os seirõesE já agora, um pouquinho mais adiante ao encontro da Rosa e o Zé, vizinhos de pé da porta e companheiros da mesma aldeia, ambos entregues a si e ao derriço, como é próprio de quem nasce, cresce e vive para fazer o que geralmente se faz quando o sangue começa a ferver nas veias até chegar ao coração. Os dois senhores da faina campónia que numa bela manhã do mês de Maio saíram cada um do seu casebre, a Rosa com o saco do farnel numa mão e a outra a equilibrar o cântaro de barro, cheio de água na cabeça. O Zé que ia para a lavra levava ao ombro a grade de esterroar a terra e foi assim que se encontraram cara a cara. A primeira reacção dos dois foi de pasmo sem acharem o que dizer um ao outro e foi nessa jigajoga que o Zé com o encargo da obrigação resolveu despedir-se da Rosa à “trouxa-mouxa” que a deixou embasbacada a olhar para o céu e a dizer:Há dias de Maio/ dias de amargura/ inda bem não é sol fora/ já é logo noite escura...”E que tal não foi o desgosto da Rosa!...Mas vou um pedacito mais além. Dia 1 de Maio em Lisboa, o sol nasce às 6 horas e 40 minutos e o ocaso é às 20 horas e 28 minutos. No Porto o sol nasce às 6 horas e o ocaso é às 20 horas e 33 minutos. Dia 31. Em Lisboa, o sol nasce às 6 horas e 14 minutos. No Porto, o Sol nasce às 6 horas e 5 minutos e o caso é às 21 horas. Durante este mês o dia aumenta em Lisboa 53 minutos e no Porto 57 minutos. O signo de Maio é touro. Dia 20 de Junho, 5ªs rogações, dia da Espiga, São Bernardino de Siena, para a entrada do sol no signo de gémeos. Sigla da comunicação e da amizade, dia da autonomia e do poder local. Dia 23 de Junho Ascensão de Jesus Cristo.Vai-te embora mês de Maio/ Que bem ralado me deixas/ Que lá vem o mês de Junho/Que trás pêras e ameixasSebastião Mateus Arenque

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