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“Estava a ser insustentável exigir tanto dos profissionais do hospital”

“Estava a ser insustentável exigir tanto dos profissionais do hospital”

Mário Bernardino deixa cargo de administrador para dar lugar a consórcio privado

O consórcio privado Escala Vila Franca, liderado pelo grupo José de Mello Saúde, assumiu dia 1 de Junho, quarta-feira, a gestão do hospital Reynaldo dos Santos. Mário Bernardino deixou a administração do hospital ao fim de três mandatos com a sensação de dever cumprido, já estava a ser “insustentável” manter o serviço a funcionar, mas acredita que a transição será tranquila e sem prejuízo para os utentes.

Estava a ser “insustentável” exigir mais trabalho aos profissionais do Hospital de Vila Franca de Xira quando não havia nada “para dar em troca”. O desabafo é de Mário Bernardino, o administrador que deixou no dia 31 de Maio a gestão da unidade para dar lugar ao consórcio Escala Vila Franca de Xira, liderado pela José de Mello Saúde que assumiu no dia 1 de Junho a gestão da unidade até à abertura do novo hospital, previsto para Abril de 2013 (ver caixa). “Tenho um grande sentimento de dever cumprido. Sinto que passámos por muitas dificuldades mas que tivemos sempre a compreensão dos colaboradores da casa. Este hospital só não passou para Entidade Pública Empresarial (EPE) porque tinha a promessa da parceria Público-Privada. Por isso o Ministério da Saúde aguentou-nos com um estatuto jurídico de sector público administrativo que me parece cada vez mais incapaz de garantir as respostas adequadas a uma instituição desta natureza”, revela a O MIRANTE. Mário Bernardino confessa que não se arrepende das decisões que tomou, algumas polémicas -como a obrigatoriedade dos profissionais picarem o ponto - porque fez “o possível e o impossível para manter a situação até hoje”. “Foi uma fase muito desgastante. Tenho um sentimento de alívio porque estava a ser difícil gerir tudo. Dói-me não ter recursos humanos para prestar cuidados”, refere. No seu último dia no gabinete, que já estava vazio, o gestor hospitalar garantiu que a chegada de uma gestão privada vai trazer vantagens, não só com as novas especialidades (Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Neurologia e Pneumologia) mas também com uma nova máquina de Tomografia Axial Computorizada (TAC). “A nova gestão vai trazer novos recursos humanos que nós não conseguimos ter até agora e vai colocar neste hospital um equipamento há muito ansiado por nós, um TAC, que é algo que num serviço de urgência básico como o nosso, com uma afluência das maiores a nível nacional no campo dos hospitais distritais, é fundamental”, refere. O equipamento já foi instalado no hospital e estará pronto a entrar em funcionamento. “Encontrei nesta nova entidade pessoas muito íntegras, responsáveis e que garantem que não haverá sobressaltos nesta transmissão. Da minha parte fiz tudo para que se conseguisse essa transmissão sem sobressaltos e prejuízo para o utente”, garante Mário Bernardino. O gestor defende que “ninguém deve ter medo da falta de humanização” da nova gestão e ressalva que a população “vai ser mais exigente” por se tratar de uma gestão privada. Mário Bernardino garante que a maioria dos postos de trabalho do hospital não estão em risco. “Este hospital começou a ficar com tão poucos funcionários devido às aposentações que tivemos de recorrer a empresas de trabalho temporário e de prestação de serviços. Isso não é nada bom para um hospital porque gerir implica ter uma equipa para gerir. A nova entidade gestora já disse que todos os trabalhadores vão manter o mesmo vínculo. Nesta fase e no período de transição para o novo hospital toda a gente vai manter o vínculo ao grupo Escala”, conclui. Governo vai estar atento à gestão do grupo A passagem de testemunho entre as duas administrações foi feita no Hospital de Reynaldo dos Santos na tarde de terça-feira, 31 de Maio. A cerimónia começou com mais de uma hora de atraso devido à espera pelo secretário de Estado da saúde, Óscar Gaspar. O novo conselho de administração será composto por Vasco Luís de Mello, António Nunes e Pedro Bastos. Na ocasião o novo presidente do conselho de administração, Vasco Luís de Mello, assumiu o compromisso de contribuir para a melhoria efectiva dos cuidados de saúde na região. “O modelo de gestão que agora se inicia é uma parceria entre o Estado e a José de Mello, consubstanciada num contrato de gestão exigente. Agrada-nos que acompanhem o nosso desempenho, meçam a nossa performance e que comparem os nossos resultados”, afirmou. Na resposta o secretário de Estado da saúde garantiu que “o Estado vai cobrar essa palavra de compromisso”. Óscar Gaspar disse esperar que este casamento entre público e privado chegue a bom porto mas deixou um aviso. “Terá de atingir os objectivos a que todos nos propusemos, ou seja, termos um hospital mais eficiente e que preste melhores cuidados de saúde às populações abrangidas”. A presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, falou em representação dos cinco municípios que vão usar os serviços do hospital (Arruda dos Vinhos, Alenquer, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira). “Acreditamos que tudo vai correr bem, que em Abril de 2013 iremos inaugurar o novo hospital e que será uma unidade com melhores condições para servir os utentes”, disse. Vasco Luís de Mello não quis falar aos jornalistas no final da sessão.
“Estava a ser insustentável exigir tanto dos profissionais do hospital”

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