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José Cardoso

José Cardoso

69 anos, gerente da Auto São Domingos, Santarém

José Cardoso é um escalabitano de gema. Esteve para ser padre mas acabou por se render ao ramo automóvel. É um defensor da sua terra, Santarém, onde estabeleceu o seu negócio. Diz que os valores que mais preza são a solidariedade e a honestidade. Gosta de agricultura, de pesca, de gastronomia e de ler biografias.

Quando era pequeno era muito traquinas mas fui sempre obediente e dedicado à família. Estudei até ao quarto ano na escola industrial. Era aplicado a estudar apesar de ser muito brincalhão. Gostava de jogar à bola e de fazer malandrices como apanhar pássaros. Hoje é crime mas na altura não era. Acho que tive uma infância mais saudável do que os miúdos hoje em dia. Eles passam a vida agarrados ao computador, enquanto eu brincava ao ar livre, com fisgas.Estive para ingressar no seminário. A minha mãe na altura tratava da roupa dos seminaristas e como passávamos por dificuldades financeiras, colocou-se essa hipótese mas quando acabei a 4ª classe fui ter com um amigo que tinha uma loja de loiças e fui com ele vender para as feiras. Pensei que se fosse para padre nunca mais poderia fazer nada do que gostava. Nem sequer jogar à bola e por isso não quis. Trabalhei uns tempos como relojoeiro e assim me mantive até aos 15 anos. Nessa altura fui ajudar um tio meu que era mecânico e acabei por gostar da actividade. Gostava de ser engenheiro mecânico, mas quando deixar o negócio ainda penso voltar aos estudos e quem sabe...Gosto muito de ler. Principalmente biografias. Levanto-me por volta das 7h, 7h15, tomo um banho e bebo café. Estou na oficina até às 18h30 e depois vou lanchar com os meus amigos. Por volta das 20h e tal vou para casa e janto. Fora desta rotina gosto muito de trabalhar no meu casal onde me dedico aos produtos hortícolas. Ocupa-me muito tempo e exige-me muito esforço. Não sou pessoa de estar sentada no banco do jardim. Qualquer um dos meus filhos tem conhecimentos no ramo automóvel mas estão melhor com as carreiras que têm do que se trabalhassem aqui comigo. Quando já não conseguir trabalhar, a minha ideia é fechar isto ou passar a casa aos funcionários. Acho que não me vai custar porque eu gosto muito de me ocupar com outras coisas. Ajudo muito pouco nas tarefas domésticas. Fui mal habituado. Na minha época os meninos não eram habituados a isso mas se tiver que me desenrascar, desenrasco-me. Não percebo nada de refogados nem nada disso, mas para comer não sou muito esquisito. Gosto de tudo um pouco. Tenho um grupo de amigos com o qual me junto duas ou três vezes por semana e almoçamos em sítios diferentes ou em casa uns dos outros. Há sempre um ou outro habilidoso que faz e eu ajudo a comer.A língua que falo bem é o português. Por isso nunca me deu para ir para fora. Costumo ir de férias para o Algarve. Dantes ia sozinho com a minha mulher porque os meus filhos também já são casados. Mas agora levo sempre um netinho para nos fazer companhia. Fui tropa em Moçambique e trabalhei cinco anos na Madeira. Foi o mais longe que fui.A tropa faz falta a toda a gente. Pelo menos na parte disciplinar, acho que é importante. Como já diziam os velhinhos “na tropa os espertos fazem-se parvos e os parvos fazem-se espertos”, portanto é uma forma de nivelar as pessoas. Concordo que as gerações mais novas são o futuro mas falta-lhes serem mais correctos uns com os outros e mais solidários.Pratico muito pouco desporto, gosto mais de assistir. Gosto muito de hóquei patins, de ciclismo e de futebol. Sou benfiquista e do União de Santarém. Vou ao estádio da Luz duas vezes por época, normalmente, e evito os jogos de maior confusão. Também acompanho a selecção nacional quando tenho possibilidade. Praticar não pratico porque a saúde também me condiciona um pouco.Santarém nem sempre foi uma cidade bem gerida. Falta policiamento e à noite não se vê ninguém pelas ruas. Este ano fui quatro vezes à Feira da Agricultura e para mim foi a melhor dos últimos dez anos. Vivo para os meus filhos e os meus netos. É para isso que eu cá ando. Para vê-los crescer.Liliana Martins
José Cardoso

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