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Depois da morte de Gertrudes Lima autarca promete que tradição não voltará a ser o que era

Depois da morte de Gertrudes Lima autarca promete que tradição não voltará a ser o que era

Presidente da Câmara de Benavente garante mais segurança para o ano

A mulher de 82 anos que foi ferida por um toiro durante a Festa da Amizade/ Sardinha Assada de Benavente não resistiu aos ferimentos e faleceu. O acidente relança o tema da segurança. Os toiros estavam a ser conduzidos por campinos numa rua sem protecção até à zona das largadas. No mesmo dia outras quatro pessoas ficaram feridas. Presidente da câmara garante que depois da morte de Gertrudes Lima a tradição não voltará a ser o que era. A segurança tem que ser prioridade.

Gertrudes Lima tinha 82 anos e estava, como outras dezenas de pessoas, na rua à espera de ver passar os toiros conduzidos por campinos no sábado da Festa da Amizade/ Sardinha Assada de Benavente quando foi atingida por um animal que se tresmalhou. A octogenária não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer. O funeral decorreu ao final da tarde de sexta-feira, 1 de Julho, em Benavente. A família preferiu não prestar declarações. No funeral, em que participaram dezenas de pessoas, o ambiente era de revolta. Uns criticavam a falta de segurança. Outros a falta de civismo. Os toiros estavam a ser conduzidos pelos campinos até à zona das largadas, tal como é tradição, por ruas onde não existe qualquer protecção. O pior cenário confirmou-se. Um aficionado atirou uma peça de roupa a um toiro atraindo a atenção do animal que se tresmalhou e feriu cinco pessoas, entre as quais a idosa. “Não houve mais feridos e mortos nesse dia porque não calhou”, garante o comerciante José Duarte a O MIRANTE. Quem tinha pernas para fugir colocou-se a salvo. Não foi o caso de Gertrudes Lima.“Em Benavente todos gostamos de ver os toiros passar. A senhora estava atrás de um jipe numa zona mais elevada. O toiro tresmalhou-se e atingiu-a nas costas. Foi tudo muito rápido”, recorda Luís Caldeira, que estava próximo do local. O acidente vem relançar a questão da falta de segurança nos eventos que envolvem toiros. “A segurança deve estar primeiro e neste caso falhou muita coisa, sobretudo informação. Não há vedações ou avisos. Ninguém da câmara ou da comissão de festas se preocupa, por exemplo, em imprimir folhetos”, lamenta Sérgio Cruz. Muitos espectadores não estão cientes dos riscos que correm. Prova disso é que um grupo tenha montado um piquenique junto à fonte de Santo António, a poucos metros do local onde o toiro ia passar. “Era um convite ao acidente”, analisa o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão, que garante que a segurança tem que ser reforçada. “Não podemos defender as nossas tradições projectando esta imagem para o exterior. Se cá estiver no próximo ano não deixarei de ser exigente em matéria de segurança”, garantiu o autarca que defende que a tradição não pode colidir com a segurança e por isso os toiros devem ser largados embolados e não em pontas.A comissão de festas não assumiu uma posição pública sobre a morte de Gertrudes Lima. “Não se deve mudar a tradição. Deve aumentar-se a segurança”, defende José Duarte. “Nasci e fui criado na mesma rua que a senhora até aos 13 anos. Conhecia-a muito bem. Era alguém por quem tinha consideração, respeito e amizade”, recorda António José Ganhão.Alertar para a perigosidade da festa e criar áreas vedadas de segurança nos locais de passagem do toiro são algumas das formas de tornar mais segura a tradição. Soluções que, para pessoas como Gertrudes Lima, chegarão tarde demais.Recorde-se que um homem de 65 anos também faleceu em 2010 em Azambuja depois de ter sido colhido por um toiro durante as largadas da Feira de Maio. Ao contrário do que se passou em Benavente, em Azambuja o toiro estava dentro da zona das largadas que é delimitada por tranqueiras. José Feijão, antigo funcionário da Câmara Municipal de Azambuja, aproximou-se para brincar com o toiro e a aventura acabou por ser fatal.
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