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Acusações de traição agitam cúpulas da distrital do PSD

Acusações de traição agitam cúpulas da distrital do PSD

António Campos demite-se por divergências políticas com o presidente Vasco Cunha

Em causa está o processo de escolha dos candidatos a deputados nas últimas legislativas. Vasco Cunha diz que não admite traições. António Campos diz que quem atraiçoou o partido foi Vasco Cunha e desafia-o a demitir-se.

O tesoureiro da comissão política distrital de Santarém do PSD, António Campos, encontra-se demissionário e deverá formalizar em breve a sua renúncia ao cargo. Em causa estão divergências políticas com o presidente dessa estrutura partidária, Vasco Cunha, que se tornaram insanáveis ao ponto de terem minado a confiança política e o relacionamento pessoal entre ambos.A gota que fez transbordar o copo foi o processo de elaboração da lista de candidatos a deputados do PSD por Santarém às últimas eleições legislativas. Um grupo de 17 militantes, liderado por António Campos, requereu a votação pela distrital dos nomes lugar a lugar (como era habitual fazer-se em anteriores eleições) ao arrepio do que havia ficado definido em assembleia distrital realizada a 8 de Abril, onde se aprovou que os nomes a propor à direcção nacional do partido fossem apresentados por ordem alfabética sem indicação do lugar. Após a rejeição dessa proposta pelo presidente da distrital, o mesmo grupo de António Campos apresentou listas por ordem alfabética, e depois por lugares, para serem votadas, tendo ambas as propostas sido rejeitadas por Vasco Cunha, que decidiu enviar para Lisboa uma lista com os 23 nomes propostos por várias estruturas do partido. Durante uma entrevista a O MIRANTE realizada na passada semana e publicada nesta edição, Vasco Cunha referiu a dado passo que perdeu a confiança política em António Campos, adiantando que não admite “traições” entre o seu núcleo duro. “É evidente que nem toda a gente é obrigada a gostar de mim enquanto actor político, e eu também não tenho que o fazer em relação aos outros. Há pessoas que conheci na política e que estimo do ponto de vista pessoal. Agora é mais complicado quando no desempenho da actividade política constituímos núcleos duros que alimentamos durante anos e anos com pessoas que acabam por ser também uma parte significativa do nosso círculo de amizade. Ora eu aí não admito que possa haver traições. Porque parto do princípio que as pessoas com quem me relaciono e estimo, e às quais me entrego com amizade, me possam retribuir do mesmo modo”.E acrescenta: “A partir do momento em que há pessoas que deixam de cumprir este requisito mínimo que eu exijo a mim próprio, não posso aceitar que continuem a estar próximo do meu círculo restrito de amigos”. Vasco Cunha reconhece que as divergências “tiveram maior expressão na composição da lista de deputados, mas é um processo que já vinha de trás, que se iniciou com a ideia do congresso distrital”.Campos desafia Vasco Cunha a demitir-seAntónio Campos responde na mesma moeda, dizendo que foi Vasco Cunha quem atraiçoou o partido ao alterar a metodologia de escolha dos candidatos a deputados que vigorava há 30 anos. E refere que decidiu sair por não se rever no projecto nem na liderança da actual distrital.O militante de Santarém diz mesmo que “a bem do partido” Vasco Cunha devia demitir-se e promover eleições, até para acertar o calendário eleitoral da distrital com o novo ciclo político saído das legislativas de Junho. Refira-se que o mandato se estende até ao início do próximo ano e Vasco Cunha não se pode candidatar a novo mandato por força dos estatutos do PSD que permitem apenas dois mandatos seguidos de dois anos. Quanto à possibilidade de ser candidato à liderança distrital do partido, António Campos diz que não está muito inclinado e que “à partida” não vai avançar. “As coisas correram mal de mais para ser candidato”, declarou a O MIRANTE, referindo-se a alguns dos episódios que levaram à actual situação de conflito interno.
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