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Pagou do seu bolso para representar Portugal nos Campeonatos Internacionais de Escalada

Atleta de Ourém que integra selecção nacional diz que há falta de condições para a prática da modalidade no nosso país

Ricardo Neves foi introduzido neste mundo ainda adolescente, por um professor de Matemática que fazia escalada e reconheceu nele capacidades físicas para esse tipo de desporto.

Ricardo Neves, 27 anos, natural de Ourém, esteve entre os dias 13 e 26 de Julho em Itália, para os Campeonatos Internacionais de Escalada. Desde há muito amante deste desporto, lamenta a falta de condições para a prática da modalidade em Portugal. Integrou a selecção nacional portuguesa, mas teve que pagar a viagem do seu bolso, devido às fracas condições económicas da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada. O seu objectivo por agora passa por entrar no curso superior de Desporto e Bem-estar, para um dia poder realizar o sonho de abrir um espaço dedicado à escalada.“A escalada não é só um desporto, é um estilo de vida”, começa por sublinhar. Ricardo Neves foi introduzido neste mundo ainda adolescente, por um professor de Matemática que fazia escalada e viu nele os dotes físicos necessários para praticar a actividade. “Sempre me motivou bastante a competição”, explica, razão pela qual foi começando a ligar-se à modalidade a nível nacional.“Aqui na zona só há condições para iniciados. Tenho treinado em casa de amigos, em Leiria. Mas continuamos a anos-luz de outros países. Esta experiência em Itália permitiu-me também ter essa dimensão. O que temos por cá são simplesmente paredes de escalada”.Treina cerca de três horas, três vezes por semana, fazendo ainda cerca de duas horas diárias de treinos complementares, em corrida e ginásio. Aos fins-de-semana, pratica escalada pelo país. Como não existem grandes condições para a prática da modalidade, tanto faz escalada de interior, em paredes criadas para o efeito, como na natureza, em zonas rochosas. O seu grau de dificuldade vai já no 8B, um nível bastante elevado neste desporto.Tem ficado nos pódios nas competições nacionais, pelo que foi chamado para a selecção nacional. Com a viagem para Itália já preparada, a Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada disse-lhe que não o poderiam levar por falta de meios. Preferiu ir e pagar do seu bolso, naquilo que considera ter sido uma boa oportunidade de aprendizagem. O grupo saiu de Portugal numa auto-caravana e foi escalando pela Europa até chegar a Itália.“Fiz provas de Boulder (parede mais curta, em bloco), onde fiquei em 102 num âmbito de 134 competidores, e de Lead (vias de dificuldade), onde fiquei em 117 num âmbito de 130 atletas”. O nível da competição era muito elevado, diz. “Estamos muito aquém de outros países. Ninguém faz vida disto”.Para já, quer continuar a ir às competições e tentar estar sempre no pódio. “Tornar a ir à selecção para poder no futuro incentivar os jovens e elevar este desporto. Gostava de um dia poder abrir um espaço para a modalidade, por isso agora quero investir nesta área, vou tirar o curso de Desporto e Bem-Estar no Instituto Politécnico de Leiria”. Pois “enquanto não houver condições para as pessoas se iniciarem não há motivação. Em Itália, por exemplo, as competições estavam a ser transmitidas em directo na televisão”.O que é necessário para ser um bom escalador? “Tentar estar em forma, estar motivado e entre os melhores. Sou uma pessoa competitiva. É necessária técnica, coordenação motora, concentração. É preciso saber que o material é seguro para nunca ter medo”.

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