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Ir a pé para a escola pode ajudar as crianças a aprender melhor

Ir a pé para a escola pode ajudar as crianças a aprender melhor

Desenvolvimento das capacidades cognitivas dos mais novos é afectado pelo automóvel

A distância das escolas e a insegurança fazem com que os pais receiem na hora de deixar os filhos ir sozinhos para a escola. A Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira ainda não perdeu a esperança de implementar na cidade o “autocarro pedonal” que em 2010 não avançou por falta de adesão.

As crianças que vão a pé para a escola, ao contrário daquelas que o fazem de automóvel, desenvolvem mais rapidamente as capacidades cognitivas necessárias para estimular a aprendizagem, os processos de sociabilização e a capacidade de obter melhores notas. Isto sem contar também com as vantagens ao nível da saúde, evitando casos precoces de obesidade.As conclusões foram divulgadas no último encontro do observatório de inovação e desenvolvimento local de Vila Franca de Xira, realizado a 1 de Setembro, no auditório da Junta de Freguesia da cidade. A junta realizou um questionário aos mais novos numa das últimas assembleias municipais jovens e percebeu que a maioria das crianças quer ir a pé para a escola mas os pais não deixam.“Os pais temem muitos factores, como a insegurança, o assédio de outras pessoas e a delinquência. A distância a que se encontram os estabelecimentos de ensino também pesa na decisão”, explicou Francisco Lima Costa, investigador da Universidade Nova e responsável por um programa que desafia os jovens de Loures e Barreiro a ir a pé para a escola. “Os resultados são fantásticos. Estamos a falar de processos de mobilidade sustentável que são bons não só para o ambiente e para a economia das famílias mas sobretudo para o desenvolvimento psicomotor das crianças. Elas querem ir a pé ou de bicicleta para a escola, os pais é que estão sempre a inventar desculpas para os levarem de carro”, disse o investigador perante uma plateia composta por professores, técnicos de acção social e polícias. Só faltaram os pais.O debate serviu para limar arestas para um programa chamado “A pé para a escola” que a Junta de Freguesia quer implementar na cidade. Um programa que consiste na criação de um “autocarro pedonal” que possibilita que os pais levem as crianças a pé até aos estabelecimentos de ensino. “Os pais oferecem-se para essa tarefa consoante a sua disponibilidade e são criados horários que depois são cumpridos. O problema é que não podemos implementar esta ideia se as pessoas não quiserem aderir e colaborar”, lamenta o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, José Fidalgo. Em Setembro de 2010 houve uma tentativa de implementar o projecto embora sem sucesso. Na hora de arrancar apenas duas crianças apareceram e a iniciativa foi cancelada. Segundo os investigadores da Universidade Nova hoje em dia os jovens que vão de carro para a escola perdem a noção do sítio onde vivem e apenas conhecem a estrada que os leva ao estabelecimento de ensino. “As famílias estão descapitalizadas e a localização dos estabelecimentos de ensino também é determinante para o sucesso de programas como este. Eu tenho professores a chegar à cidade que têm de ir para a secundária Alves Redol, para a Vasco Moniz ou para Povos e não têm transporte entre a estação de comboios e as escolas. Ou vão de táxi ou vão a pé. Isso também desmotiva os pais a deixar as crianças ir pelo seu pé para a escola”, lamenta o presidente do agrupamento de escolas Alves Redol, Teodoro Roque. Para David Carvalho, técnico ligado ao projecto implementado no Barreiro, a relação do rendimento disponível com o meio de transporte também é importante para análise. “Quem mais ganha tende a levar os filhos de carro enquanto quem ganha até 500 euros por mês tenta que os filhos andem a pé para gastar menos”, lamenta.O desafio a superar pela junta de freguesia da cidade será o de como envolver os pais directamente no projecto. Teodoro Roque comprometeu-se em avançar com um livro infantil em que as crianças expliquem, por desenhos, como vão para a escola e como gostariam de o fazer. A sessão terminou com a vontade de ver constituído um grupo de trabalho para implementar o programa na cidade.
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