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Freguesias à disputa para ver quem tem obra mais cara no orçamento participativo

Alverca diz que está a ser absorvida por Vila Franca e Vialonga não quer ficar com migalhas

Alverca diz que gera mais receitas que Vila Franca de Xira mas é prejudicada em relação à sede de concelho. Vialonga queixa-se de ficar com as migalhas do orçamento participativo. Na hora de experimentar um projecto inovador o bairrismo das freguesias do concelho vem ao de cima. Em Alverca há quem diga que o projecto devia chamar-se “não participativo” e compare o sistema de votação àquele que é usado na “Casa dos Segredos”.

As quatro freguesias do concelho de Vila Franca de Xira contempladas com as obras do orçamento participativo, que os munícipes poderão escolher mediante votação, estão à disputa para ver quem tem a obra mais cara. O bairrismo que se vive nas freguesias do concelho veio ao de cima na sessão que se realizou na Misericórdia de Alverca, na noite de terça-feira, 18 de Outubro, com meia centena de participantes.Alverca diz que está a ser roubada por Vila Franca de Xira e Vialonga declara que não quer ficar com as migalhas. “Temos visto Alverca a ser absorvida por Vila Franca de Xira desde o 25 de Abril. Fomos roubados por Vila Franca de Xira”, protestou o munícipe Ricardo Santos, que considera que Alverca contribui com mais receitas para o concelho e por isso merece mais consideração.O facto dos projectos a votação estarem já predefinidos, ficando a população excluída da escolha, levantou igualmente críticas. Mário Sá Pereira declarou ironicamente que o processo deveria chamar-se “orçamento não participativo” e comparou o método de voto àquele que é usado na Casa dos Segredos. “Por que lhe chamaram orçamento participativo? Deviam chamar-lhe concurso para duas obras”, contestou.O vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo (PS), que deixou muitas perguntas por responder, voltou a argumentar com os condicionalismos temporais que impossibilitaram uma participação mais activa da população nesta fase experimental do projecto. Fernando Paulo disse não saber qual o montante exacto que está definido para cada uma das obras mas o presidente da Junta de Freguesia de Alverca, Afonso Costa (PS), contrariando o vereador, acabou por dizer que cada um dos projectos previstos para Alverca ronda os 115 mil euros.“Porquê não apostar no que já existe, como os polidesportivos degradados, e tentar recuperá-los?” sugeriu outro munícipe na sequência do que já tinha defendido o vereador Nuno Libório, residente na cidade. A população mostrou ainda incerteza quanto à capacidade da freguesia conseguir assegurar no futuro a manutenção das obras propostas. VIALONGA NÃO QUER MIGALHAS Em Vialonga na sessão inaugural de discussão do orçamento participativo, os moradores membros do movimento associativo e políticos criticaram igualmente as propostas do orçamento participativo para a freguesia. Na sessão que se realizou na noite de 13 de Outubro na sede da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Vialonga, em que participaram meia centena de pessoas, considerou-se que os projectos são “inúteis” e que a iniciativa da autarquia é mais uma acção de propaganda. A queixa prende-se com o facto de não estarem no orçamento obras consideradas importantes para a localidade e de apenas estar contemplada uma verba de 40 mil euros num bolo de 500 mil a distribuir por quatro freguesias. A população tem que escolher uma delas. “Se isto fosse bem dividido daria 125 mil euros a cada freguesia, não percebo porque ficámos só com 40 mil e Alverca com mais”, lamentou Ana Lídia, vereadora da CDU e moradora em Vialonga. Os projectos vencedores que avançarão para a fase de obra em 2012 serão escolhidos pelos munícipes através de uma votação pela Internet.“Isto parece uma acção de propaganda, sinto-me enganado e recuso-me a participar”, lamentou Rui Brioso, presidente da direcção da União Desportiva Cultural e Social do Quintanilho. João Francisco, morador, lamentou que Vialonga só receba as “migalhas”. Outra residente, Isabel Manto, lembrou que existem projectos mais prioritários para a freguesia, como a recuperação do ringue junto aos Patudos, a finalização da Urbanização da Flamenga ou a construção de um novo quartel de bombeiros. O presidente da Junta de Vialonga, José António Gomes (CDU), sublinhou que há outras áreas onde é possível fazer melhor mas não com este valor. “Fiquei desapontado”, disse.O vereador Fernando Paulo, que também dirigiu a primeira sessão, explicou que o orçamento participativo avança num quadro de crise económica e esclareceu que é um projecto-piloto, que lança as bases para um futuro orçamento participativo mais aberto à população. Fernando Paulo explicou ainda que a realização deste orçamento não coloca em causa outras obras na freguesia.

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