uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Filarmónica Maçaense a caminho dos 150 anos com pouca esperança no futuro

Sociedade sobrevive através dos subsídios camarários e lamenta a perda de interesse da população pela colectividade

Criada em 1862, a Sociedade Filarmónica União Maçaense comemora no próximo ano os seus 150 anos. Efeméride que a colectividade de Mação vai celebrar com um conjunto de actividades ao longo de 2012. O momento é marcante na vida da colectividade, mas é com pouco optimismo que na vila se olha para o futuro da banda.

Reza a história que a Sociedade Filarmónica União Maçaense foi fundada em 1862, mas não se sabe exactamente em que data, por um grupo de maçaenses que formou uma banda de música com instrumentos adquiridos por subscrição pública. O alvará do Governo Civil veio em 1906. A filarmónica participou sempre e de forma activa nos vários arraiais e festas populares do concelho, assim como encontros de bandas, mas o desinteresse da juventude em dar continuidade a um trabalho de muitas décadas não augura um futuro risonho.Há cerca de 40 anos, a banda era composta sobretudo por pessoas já de idade adulta. Com a escola de música, a filarmónica reestruturou-se e começaram a aparecer os mais novos, sendo hoje composta quase sobretudo por jovens. Que contudo não se aguentam por lá muito tempo. “Quando chegam ao 12º ano acabam por desistir da filarmónica. As bandas não são coisas que estejam muito na moda. Os miúdos estão aqui porque os pais gostam de música. Temos quatro ou cinco músicos que apesar de estudarem fora vêm à banda, mas a grande maioria desliga-se”, comenta José da Conceição.As opiniões dividem-se entre a direcção sobre o futuro da Filarmónica. “Quando toca a banda, toca-nos o coração”, comenta Henrique Cerdeira, vogal. “Noutros tempos havia pais que pediam à direcção para os filhos entrarem na banda e pagavam até por isso, mas esse tempo passou. O que dá vida à filarmónica é os subsídios da autarquia. Agora com os cortes não sei qual vai ser o nosso futuro”, explica José Costa. “Mas todos os dirigentes têm acarinhado a banda. É a face cultural mais antiga do concelho”, alerta José da Conceição. “Há 40 ou 50 anos havia pessoas que faziam 30 quilómetros a pé para poder actuar na banda. Era o espírito que imbuía as pessoas, mas também não havia outras distracções”.“A direcção dá a carolice, o município dá os subsídios”Em 1998 foi criada uma escola de música, actualmente com 18 alunos, entre os seis e os 15 anos. A formação musical é completada por outra instituição do concelho, a FirMação - Conservatório de Música de Mação. A filarmónica promove ainda algumas iniciativas no concelho, como o Ciclo de Encontros de Bandas Civis de Mação ou os Concertos de Natal.“A Filarmónica é a parte da cultura musical do concelho de Mação”, refere José Costa. “A direcção dá a carolice, o município dá os subsídios. E assim temos aguentado, com a banda a utilizar sempre instalações cedidas”, comenta mais céptico José da Conceição, tesoureiro.O grupo tem cerca de 25 elementos, sensivelmente o mesmo número que sempre teve ao longo de décadas. “Há 150 anos foi um conjunto de pessoas ligadas à indústria, endinheiradas, que fundou a banda”, refere José da Conceição. Neste momento, pede-se à população que encontre fotografias, roupas e objectos antigos da história da Filarmónica para se poder montar uma exposição comemorativa dos 150 anos. “Estávamos à espera de reunir mais coisas, mas temos juntado sobretudo fotografias”.Nesta colecta também se têm descoberto alguns factos da vida da filarmónica, como a participação em meados do século passado numa exposição em Santarém. “A banda foi tocar na abertura do stand de Mação”, refere José da Conceição. “Na revista «Terra Nostra» está lá a fotografia do comboio a vapor que a banda apanhou para ir a Santarém. E parece que a banda fez um brilharete por lá”.Sede não passou da primeira pedraChegou ainda a ser lançada a primeira pedra para a construção de uma sede da filarmónica, em 1975, mas com as eleições no ano seguinte o projecto morreu. “Há uma grande indefinição do futuro”, comenta o tesoureiro. “Fazia-nos falta equipamento informático novo, novos instrumentos, mais elementos”, refere José da Conceição, acrescentando que “alguma coisa se há-de arranjar”, nem que “seja por meio de rifas e cabazes”.Da banda saiu Paulo Neto, animador na Casa de Música do Porto. A Sociedade Filarmónica União Maçaense possui actualmente cerca de 200 sócios e funciona no antigo liceu D. Pedro V. Durante a celebração dos 150 anos está previsto ainda homenagear pessoas que estiveram ligadas à associação. “É complicado falar destes 150 anos da Filarmónica”, termina José Costa. “Havia pouca coisa escrita e como nunca houve sede fixa, a história foi-se perdendo”. Lacuna que deverá ficar colmatada com o livro comemorativo em 2013. Programa das festasO programa de festejos ainda é provisório. A 8 de Janeiro há sessão solene, seguida de arruada. Ao longo do ano está previsto um grande concerto em Abril e uma exposição em Maio, acompanhando a Filarmónica as várias festas do concelho. Em Agosto lembra-se ainda Francisco Serrano, compositor e historiador maçaense que se cruzou com a Filarmónica, com uma placa evocativa. As celebrações terminam em Fevereiro de 2013, com a apresentação de um livro comemorativo dos 150 anos da Sociedade Filarmónica União Maçaense.

Mais Notícias

    A carregar...