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Comandante que não aparecia no quartel há um mês demitiu-se por e-mail

Adjunto Paulo Nogueira assumiu o cargo em regime de substituição nos Bombeiros de Vialonga

José Sousa, o comandante que não aparecia no quartel dos Bombeiros de Vialonga há um mês e raramente atendia as chamadas, apresentou a demissão. Paulo Nogueira, até agora o adjunto de comando, passa a assegurar oficialmente o comando da corporação, o que já vinha fazendo pela ausência do seu superior.

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, que esteve mais de um mês sem aparecer no quartel e raramente atendia as chamadas dos bombeiros, José Sousa, apresentou a demissão no final de Novembro depois de O MIRANTE ter noticiado a situação. Nem para apresentar a demissão o comandante apareceu no quartel, optando por comunicar a sua intenção via e-mail. Paulo Nogueira, 38 anos, bombeiro desde os 14, funcionário e voluntário da instituição, que estava a assegurar o comando da corporação na qualidade de adjunto de comando, é agora o comandante interino.Recorde-se que a direcção ameaçava abandonar a associação no final do ano caso a situação se mantivesse. Numa última reunião entre o comando e a direcção ficou mesmo decidido que ou o comandante abandonava o cargo ou a direcção demitia-se.Na origem das divergências estão diferentes visões. O anterior comandante, José Sousa, defende que a razão de existência dos bombeiros é o socorro, enquanto a direcção quer apostar em serviços mais rentáveis, como o transporte de pessoas com deficiência, por exemplo, para conseguir angariar mais receitas e manter assim as contas da associação com saldo positivo. Situação que originou um conflito interno.O pedido de demissão foi comunicado pelo presidente da direcção ao Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) e comandante operacional municipal. José Sousa, que foi comandante durante mais de quatro anos, solicitou a passagem ao quadro de reserva com a sua categoria anterior de bombeiro de primeira. Segundo as novas regras teria que ter pelo menos 15 anos no cargo para permanecer como comandante no quadro de honra.O comandante, que em tempos chegou a ser funcionário da associação, decidiu montar um negócio por conta própria e ausentou-se do quartel durante várias semanas. A O MIRANTE disse que estava “contra o rumo que a associação tomou”. A actual direcção tinha dado ao operacional um prazo de saída que não foi cumprido e por isso os dirigentes vão manter a palavra e assegurar apenas a gestão corrente da associação até novas eleições. “Não queremos deixar o barco andar à deriva”, sublinha o presidente da direcção, Fernando Fonseca.A direcção vai ficar até deixar aprovado o orçamento para 2012 que já está delineado. Entre o final de Janeiro e princípio de Fevereiro serão convocadas novas eleições, tal como já estava previsto. Fernando Fonseca não põe de lado a hipótese de voltar a recandidatar-se ao cargo. A direcção entende que a corporação precisa de um novo comandante que volte a trazer ao quartel a disciplina “que está em défice” mas até às próximas eleições não irá nomear um comandante deixando essa responsabilidade para a próxima direcção.Bombeiros colaboram em telenovelas para arranjarem dinheiroPara fazer face às dificuldades que atravessam os soldados da paz os bombeiros de Vialonga garantem o transporte de crianças com deficiência e colaboram também na gravação de novelas e filmes. O genérico da telenovela da Sic “Rosa Fogo”, por exemplo, foi produzido com o apoio dos voluntários. Segundo o novo comandante interino dos Bombeiros Voluntários de Vialonga, Paulo Nogueira, que trabalha também no transporte das crianças com deficiência, as actividades suplementares pretendem garantir a sustentabilidade da associação e não põem em causa a operacionalidade.“A nossa finalidade é o socorro no mais curto espaço de tempo mas para funcionar bem uma associação tem que ser sustentável”, diz o operacional que confessa fazer com gosto o transporte das crianças especiais, como lhes chama. Paulo Nogueira considera que as associações devem também fazer pela sua subsistência não vivendo unicamente à espera dos subsídios. Congratula-se ainda pelo facto de a câmara municipal, não podendo aumentar o subsídio, o tenha mantido.A corporação tem também uma boa relação com as empresas da zona. “Tivemos uma casa que foi atingida por um raio e o empresário de uma firma de transportes disponibilizou uma lona para tapar a habitação”, ilustra, agradecendo também o envolvimento. Como a maior parte das corporações de bombeiros, a de Vialonga debate-se com a diminuição de receitas muito por causa do novo sistema de gestão de transporte de doentes que não chega para os gastos com as viaturas. “Os bombeiros pagam para fazer o transporte de doentes”, garante o presidente da direcção.A associação não dispensou nenhum dos colaboradores. A corporação tem actualmente 40 voluntários, dos quais 17 são funcionários da instituição. Cinco elementos são pagos pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O presidente da direcção, Fernando Fonseca, garante que felizmente a associação tem conseguido honrar os compromissos e não deve nada a ninguém. A construção de um novo quartel, para o qual têm terreno, é uma das aspirações dos bombeiros que têm um edifício exíguo que já não responde às necessidades da corporação.

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